Sara Matos de 21 anos é uma das caras mais recentes na representação em Portugal, tendo-se estreado na série ‘Morangos com Açúcar’. Recentemente assinou um contrato de exclusividade com a TVI e tem vindo a dar cartas no papel de Eva, na novela ‘Anjo meu’.

Sempre quiseste ser atriz?
Sim, desde os meus 9 anos, estava eu no 6.º ano e já estava a fazer um curso de expressão dramática na casa do artista e já tinha a certeza que queria fazer isto para o resto da vida.

E como foi a descoberta desta tua faceta?
Foi naturalmente, sempre gostei muito de ver filmes e de televisão. A minha mãe também sempre gostou de teatro e levava-me sempre a ver peças e acho que isso acabou por interferir no meu percurso, porque não me lembro de pensar no assunto. Lembro-me simplesmente de acontecer. Quando chegou a altura de escolher o que fazer nas atividades extra curriculares foi-me proposto natação, equitação, ginástica, … Mas eu escolhi fazer teatro e foi assim que entrei para a casa do artista.

O papel de Margarida nos Morangos com Açúcar foi o teu lançamento na representação televisiva. Como recebeste a notícia de que serias a protagonista?
Fiquei surpreendida no início porque aconteceu tudo muito depressa. Foram três semanas entre casting, entrevista, workshop e depois disso fui escolhida como protagonista. Eu já tinha feito 4 peças profissionais mas os morangos foram uma rampa de lançamento na minha carreira.

Tiveste logo noção do retorno que te iria trazer este papel?
Não, acho que nunca temos essa noção. Tinha a noção de que era bastante responsável, que sempre quis ser atriz, que adoro o meu trabalho e que é ótimo que o reconheçam, por isso eu sabia que tinha de dar o meu melhor.

E como lidaste com o crescer da fama?
Não lhe posso chamar fama, eu acho que a palavra correta é reconhecimento do meu trabalho. Mas lidei bem porque senti muito o afeto das crianças que vinham ter comigo, me pediam beijinhos e diziam-me que um dia gostavam de ser como a Margarida, a minha personagem nos Morangos. E diziam-me isso no sentido de um dia conseguirem lutar por aquilo que querem e isso é muito reconfortante.

Para ti foi essa a melhor parte do teu papel? A mensagem de força que conseguiste passar?
Sem dúvida, eles viam-me como um modelo no sentido de luta pelos sonhos, por aquilo que queremos ser um dia e isso é o melhor retorno para um ator.

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E como foi a preparação para o teu papel de Margarida? Pois além da parte da representação tinhas também a parte de canto e dança.
Tive muita formação, muitos workshop’s onde aprendi imenso. Para além das 12h de gravação por dia tínhamos ainda ensaios e gravações de voz pois também lançámos dois cd’s. Mas tínhamos um grupo excecional, éramos todos muito jovens e unidos. Era uma novidade para todos por isso foi uma experiência única para todos.

E como reagiu a tua família?
Reagiram bem, com naturalidade. Acharam que era o curso normal das coisas, já tinha feito teatro e agora tinha chegado a vez da televisão. Mas sempre me deram conselhos para manter bem os pés no chão e para não me deslumbrar porque no dia que isso acontecesse nunca ia poder aprender mais.

Qual foi a maior mudança na tua vida?
Muita coisa mudou mas não em termos de responsabilidade! A principal mudança foi a definição de prioridades. Nós trabalhamos 12h por dia mas temos os fins de semana e aí dá para tudo, é apenas uma questão de gestão do tempo. Antes fazia natação e equitação e tive de deixar, agora faço apenas ginásio porque consigo regular os meus horários e ir quando tenho um tempinho. Mas não me preocupo muito com isso, porque desde que esteja a fazer o que gosto dá sempre para arranjar tempo para tudo.

E a nível pessoal os Morangos deixaram uma grande marca também pois foi a partir de aí que se desenvolveu a tua relação com o Lourenço Ortigão. Acreditas que foi a tua entrega total ao papel que levou à vossa aproximação?
Não, de todo! O que aconteceu foi algo muito natural. Nós sempre nos apoiámos muito um no outro, desenvolvemos uma grande amizade e depois evoluiu para algo especial.

Dizem que os atores separam na perfeição a vida da personagem da realidade. Não acreditas que as coisas se possam confundir em certos pontos?
Claro que não. São coisas distintas e há de facto uma grande linha que divide as duas coisas. Há que ter uma postura profissional e nesse âmbito eu encontro em mim duas Saras diferentes: há uma Sara fora das horas de trabalho e outra diferente quando está a trabalhar. Eu entro nos estúdios e deixo de ser a Sara Matos e começo já a vestir a pele da minha personagem.

A profissão de atriz é muito inconstante. Sentes-te preparada para isso?
Sinto! Também tenho tido um bom percurso, fruto do meu trabalho. E acredito que desde que continuemos a batalhar e apostar na formação as coisas acabam por surgir espontaneamente.

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Tens contrato de exclusividade com a TVI. Com uma carreira ainda tão recente sentes-te abençoada por teres recebido esta oportunidade?
Sem dúvida! Sinto-me muito grata e irei continuar a trabalhar para continuar a corresponder às expectativas. É uma responsabilidade muito grande e isso só me dá mais força para continuar a fazer mais e melhor.

Nesta nova novela estás a contracenar com grandes nomes da representação em Portugal. Sentes o peso de seres menos experiente e por isso correres o risco de ficares para trás?
Sim, sinto esse peso mas a simpatia de todos faz-me esquecer um pouco isso. São pessoas que são realmente atores porque sabem dar muito daquilo que receberam durante anos de experiência e eu tenho aproveitado para sugar tudo o que posso. Ao recebermos vamos estar mais aptas a poder dar algo no futuro e é isso que eu espero conseguir. Ainda por cima tenho a sorte de estar em vários ‘decors’ e por isso posso contracenar com vários atores.

Se tivesses de escolher optavas pela televisão ou pelo teatro?
Todos: televisão, teatro e cinema, apesar de nessa área ainda não ter experiência.

Costumas ver os trabalhos que fazes para te avaliar?
Por acaso costumo ver. A minha mãe grava tudo e eu quando posso vejo para ter uma noção do que estou a fazer e poder melhorar ainda mais o meu trabalho.

Quem é o maior crítico do teu trabalho?
O meu pai.

Estás sempre a dizer que o essencial é apostar na formação. Gostavas de ir para o estrangeiro estudar?
Adorava e até já tinha pensado que se depois desta novela tiver um mês antes de um novo trabalho que gostava de ir ou para Madrid, ou para Nova Iorque ou para o Brasil. Vamos ver se se proporciona.

Se pudesses escolher alguém para contracenar quem seria?
Tantos… Mas há um especial: Anthony Hopkins.

Novos projetos?
Em termos de trabalho estou apenas concentrada na novela que estou a gravar. Se tiver o tal mês de paragem quero aproveitar para ir estudar lá para fora.

Qual é o teu maior sonho de carreira?
Não penso muito nisso. Sou sincera: penso apenas no aqui e agora e acho que desta forma as coisas resultam muito melhor. E ter sempre possibilidade de apostar na formação porque um ator tem de o fazer. Nós nunca sabemos tudo e quando achamos que sabemos tudo e não podemos aprender mais, não podemos dar mais do que aquilo que temos e deixamos de ser atores.

Qual o teu lema de vida?
Deixar as coisas seguirem naturalmente. E lutar por ser uma atriz versátil.

Por Patrícia de Sá Oliveira

*Esta entrevista foi escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico