Catarina Gouveia abriu verdadeiramente o livro da sua vida numa entrevista impactante ao programa 'Alta Definição', de Daniel Oliveira.

O aborto que "abanou" a sua vida

"Há um dia da minha vida que me marcou mas que hoje eu vejo um propósito para ter acontecido e, por isso, não posso considerá-lo o pior dia da minha vida", começa por contar Catarina Gouveia, revelando pela primeira vez que enfrentou uma gravidez que não foi para a frente.

"A forma como aconteceu foi muito dura", recorda Catarina, que diz ter sofrido um grande impacto ao receber a notícia de uma forma fria por parte da médica que a analisou. "'Tenho uma má noticia para si, não tem batimentos. Ou fica aqui ou vai embora para casa'", cita, lembrando as palavras que lhe congelaram o coração.

Catarina estava grávida de 10 semanas, hoje lamenta não ter tido na altura o acompanhamento psicológico necessário.

"Foi um período muito complicado porque te sentes incapaz, sentes que a pessoa ao teu lado não percebe nunca o que verdadeiramente estás a sentir. É o teu corpo... e depois colocas em causa se algum dia conseguiras ser mãe, começas numa retrospetiva para ver onde falhaste para isto correr mal", diz, revelando que nunca falou sobre o assunto com ninguém.

"Acabei por ir para o hospital para ser internada para entretanto haver a expulsão e foi uma fase da minha vida que me custou muito", acrescenta, lembrando o apoio incondicional do agora noivo - Pedro Melo Guerra, com que está há mais de 13 anos.

Aos 16 anos, Catarina viu os pais ficarem sem casa

Foi na verdade aos 16 anos que Catarina Gouveia viveu o primeiro grande abanão da sua vida. A sua família sentiu na pele os efeitos da crise financeira de 2008 e seguiram-se tempos difíceis, talvez dos mais duros da sua vida.

"Todo o trabalho construído pelos meus pais foi por água abaixo. Foi o perder tudo, desde casa, carros, a empresa", recorda Catarina.

"Primeiro vês a empresa falir, depois vês o banco a ficar com a casa e depois vês o banco a ficar com o recheio da casa", revela, recuando ao dia em que entraram em sua casa com um bloco de notas para apontar tudo o que ainda havia para penhorar.

O pior dia de todo o processo, recorda a atriz, foi quando acordou na casa que sempre foi sua e percebeu que existia apenas o colchão onde ainda dormia.

Apesar das dificuldades, Catarina afirma: "Nunca passei fome e sempre tive todo o apoio da família". Mas até o apoio da família, que nunca faltou, acabou por trazer uma enorme mistura de sentimentos. Se por um lado existia uma enorme gratidão, por outro a vergonha era inevitável para uma jovem adolescente.

"Foram tempos difíceis em que tocavam à campainha e iam deixar sacos de comida", conta. "Claro que tens vergonha, vês os teus tios a irem a casa deixar sacos de comida e vês os teus pais a sofrer", confessa.

Unidos, Catarina e a família conseguiram "começar do zero" e esta é uma experiência que moldou a sua personalidade e a transformou numa pessoa poupada, convicta e muito lutadora.

"É duro quando passas por essa experiência na altura, mas depois da-te uma força e pensas: vamos lá arregaçar as mangas e trabalhar", garante.

O pai biológico que nunca a quis conhecer

A mãe de Catarina foi mãe solteira e não existiu uma figura paterna nos primeiros anos da sua vida. Contudo, a mãe da atriz cumpriu na perfeição "o papel de pai e de mãe" e fez com que esta sempre a visse como "um ser verdadeiramente admirável e inspirador".

Anos mais tarde, a mãe de Catarina casou-se e o seu padrasto assumiu na sua vida o papel de pai. "Educou-me exatamente como se eu fosse filha dele e deu-me o melhor presente eu tive na vida: o meu irmão", diz a atriz ao falar da sua relação com o padrasto.

Com o pai biológico, Catarina não tem qualquer relação. Apesar de sempre ter sabido que ele era, "nunca existiu uma relação ou vontade de assumir o seu lado paternal" por parte do progenitor. "Nunca foi a escolha dele".

Já Catarina estudava psicologia na faculdade, em Coimbra, quando uma tia, irmã do pai, com quem sempre teve relação, lhe disse que o pai queria finalmente ter uma conversa consigo. A atriz e criadora de conteúdos aceitou conhecer o pai, mas acabou por nesta conversa sofrer outra das maiores desilusões da sua vida.

"Foi muito estranho. É tu olhares para uma pessoa e pensares que aquela pessoa sim é o teu pai de sangue. O meu pai é a pessoa que casou com a minha mãe e que me deu tudo e toda a educação que eu trago de mais valor", refere, ao lembrar um encontro que esteve longe de correr como tinha imaginado.

Seguiu-se uma conversa fria, marcada por promessas que nunca chegaram a ser cumpridas. Apesar de ter prometido o contrário, o pai biológico voltou a 'desaparecer' depois deste encontro e a atriz voltou a sofrer um duro golpe. "Foi duro outra vez", lamenta.

Mas os duros golpes desta relação, ou falta dela, com o pai biológico não ficaram por aqui: "Perdeu-se o contacto até eu voltar a fazer novelas e ele voltar como meu pai e a querer quase uma posição de reconhecimento como meu pai. Pai da pessoa que faz as telenovelas e não da Catarina que teve 20 e tal anos sem nenhum tipo de tentativa de afeto, de relação, de nada", e utilizando palavras da própria: "volta a ser duro novamente".

Nesta tentativa de aproximação do pai, apenas motivada pela sua fama, Catarina sofreu ainda com o facto de a imprensa cor-de-rosa ter dado voz a mentiras que nunca corresponderam à verdade. "A própria comunicação social deu voz a isso e saiu como: Catarina vira costas ao pai", termina Catarina, que com muito amor diz ter conseguido superar todas as fases menos boas da sua vida.

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