Domingos Montagner morreu há um ano, após um mergulho no Rio São Francisco ao lado da atriz Camila Pitanga.

Nas redes sociais, a atriz recordou esse momento junto dos seus seguidores, lamentado a perda do colega e amigo.

"O céu azul, o canto dos pássaros misturada aos sons da cidade que amanhece. E se fez um ano de sua passagem amigo, um ano de luta para seguir com dignidade. O amor que recebo das minhas filhas, do meu namorado, pai, mãe, sobrinhas,irmão, irmã, minhas amigas e amigos, todos me fortalecem a alma. Nada se apaga, cada gesto de solidariedade está gravado em mim e agradeço com muito, mas muito amor a todos que se manifestaram. Em especial a Lu que me mostrou a força e generosidade que a vida pode ter. Que vc esteja em paz", escreveu Camila.

Também o ator Marcelo Serrado recordou o colega e amigo. No dia 13 de setembro de 2016, Marcelo Serrado esteve à conversa com Domingos Montagner, e ambos falaram sobre a vida. Estavam hospedados na casa de Dona Canô, mãe de Caetano Veloso, na Bahia, onde estavam a gravar as cenas da novela 'Velho Chico'.

Serrado não imaginava que, cerca de 72 horas depois, no dia 15, Montagner ia partir, afogado nas águas do rio São Francisco, na cidade de Canindé do São Francisco. "É uma coisa muito louca. A vida é um sopro", diz Serrado, em declarações.

O ator, que ajudou nas buscas ao colega enquanto estava desaparecido, recordou os momentos que antecederam à notícia da morte. Ele estava a gravar cenas com Marcos Palmeira, numa lancha, a cerca de duzentos metros de onde estavam Montagner e Camila Pitanga, que presenciou a tragédia.

Serrado não tem por hábito levar o telemóvel para as filmagens, mas nesse dia decidiu levar. Recebeu várias mensagens que davam conta de que "algo estranho tinha acontecido com Domingos, e que ele tinha desaparecido".

"No início não foi um desespero. Não achamos que a coisa era grave. O Domingos era grande, imaginei que ele tivesse segurado em alguma pedra. Quando terminou a gravação, eu e o Marcos [Palmeira] fomos procurá-lo de lancha, ele a olhar para o lado esquerdo e eu para o direito. O desespero foi quando a gente chegou à praia e viu aquelas duzentas pessoas".

O ator diz que não tinha uma relação de amizade com Montagner antes de contracenar com ele em 'Velho Chico', mas relata que se aproximaram muito durante as gravações.

"Ele é um artista que sempre admirei muito. Ele era uma pessoa extremamente correta, brincalhão palhaço. E ao mesmo tempo muito ligado à família dele", afirma. Serrado conta que, na altura que o ator morreu, as pessoas na rua vinham dar-lhe os pêsames como se Montagner fosse seu parente. "[A morte de Domingos] mexeu muito comigo. Foi uma coisa muito dilacerante para quem estava lá com ele. Continuar aquele trabalho foi uma coisa muito dura para todos nós".

Santo, personagem de Montagner em 'Velho Chico', marcou a 12ª participação de Montagner na televisão, que apresentou o ator na série 'Mothern', em 2008. Em 2011, recebeu o primeiro papel numa novela, já com destaque, como Herculano em 'Cordel Encantado'. Depois, transformou-se num rosto recorrente da Globo, interpretando vários papéis como em 'Salve Jorge' (2012) e 'Sete Vidas' (2015).

Estreou-se nos cinemas em 2012, fazendo uma participação no longa-metragem 'Gonzaga - de Pai Pra Filho'. No entanto, fazia questão de se afirmar palhaço. Começou a carreira a estudar com a atriz Myriam Muniz e, de seguida, no Circo Escola Picadeiro. Foi lá que conheceu Fernando Sampaio, com quem criou o grupo La Mínima, em 1997.

"Domingos estourou já com os seus 45 anos. Ele foi um cometa. Estourou e depois só fez protagonista. Não tinha ninguém da idade dele assim: forte, bonito, meio grisalho, tipo um George Clooney, extremamente bom ator, que veio do circo, que tinha uma companhia", diz Serrado, que é fã assumido de Montagner. "O Domingos era um ser de luz."