"É trágico que a reforma do grande Bruce seja pelas razões que é. E provavelmente havia uma razão para os seus filmes mais recentes serem tão irrelevantes e indignos do seu carisma e talento, que acabaram, este ano, numa categoria própria nos Razzies: ele já não era capaz de fazer mais". Foi com estas palavras que Nuno Markl começou por falar do fim da carreira do ator norte-americano.

Como foi anunciado esta semana, o artista 'saiu de cena' após ter sido diagnosticado com afasia, um "distúrbio da comunicação adquirido que interfere na capacidade de processamento da linguagem, comprometendo também a leitura e a escrita".

"Mas olhem para a carreira que ele já tinha. A maneira como triunfou como improvável 'action star' quando John McTiernan, contra ventos e marés, viu no galã cómico de Moonlightning um ícone heróico - mas humano - capaz de derrotar todo um gang de facínoras em Die Hard. O arrojo dele em contrariar a ideia de que só conseguia fazer variações do detetive David Addison ou do polícia John McClane, ao entregar-se a pérolas delicadas como Nobody’s Fool, de Robert Benton, ou Moonrise Kingdom, de Wes Anderson", destacou depois Nuno Markl, falando da carreira de Bruce.

"A confiança com que expandiu o seu 'star power' nas visões tão particulares e idiossincráticas de Quentin Tarantino, em Pulp Fiction, e de Terry Gilliam, em 12 Monkeys. E o fogo lento mas devastador dos seus heróis sobrenaturais em The Sixth Sense e Unbreakable, de M. Night Shyamalan. E estes são só os meus favoritos, mas ele fez mais, muito mais", acrescentou.

"É triste que a nomeação de vários filmes nos Razzies marque o fim de carreira - mas quem quer saber dos Razzies? Willis é uma estrela como já há poucas, um monstro de carisma apanhado na transição entre a velha e a nova Hollywood, com clássicos tão essenciais na sua carreira que todos os passos em falso se extinguem sem deixar rasto. Teremos saudades, mas felizmente ficam filmes que sobrevivem a infinitos visionamentos", rematou.

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