A atriz criticou "o tribunal mediático que dura há meses e está a matar um homem", afirmando que "Gérard é capaz de ser rude, de ter um humor por vezes limite", sendo porém "incapaz de magoar uma mulher".

Carole Bouquet lembrou que viveu com o ator durante dez anos, e apelou ao termo da especulação sobre as acusações, numa entrevista à TMC na noite de quinta-feira.

A defesa de Depardieu pela ex-companheira junta-se às declarações do Presidente Emanuel Macron, que levaram ao crescimento da polémica nos últimos dias.

Na quarta-feira à noite, Macron disse à televisão pública France 5 ser um "grande admirador" de Depardieu e afastou a possibilidade de retirar a Legião de Honra ao ator sem haver uma condenação na justiça, como sugeriu na semana passada a ministra francesa da Cultura, Rima Abdul Malak.

Essa condecoração "não é moral", disse o Presidente francês, acrescentando que Depardieu "deixa a França orgulhosa".

As afirmações de Macron foram criticadas pelo seu antecessor, François Hollande, numa entrevista à France Inter na quinta-feira. Hollande lamentou que Macron não tenha falado sobre "as mulheres agredidas e humilhadas".

O partido Les Verts, através da porta-voz, Sophie Bussière, a presidente da Fondation des Femmes, Anne-Cécile Mailfert, a Fundação Femme et Libre, assim como a antiga secretária de Estado para Assistência às Vítimas Juliette Méadel, que fez parte do gabinete de Hollande, criticaram igualmente as declarações de Macron.

O ator enfrenta três queixas de violação, duas de atrizes francesas e uma última apresentada esta semana por uma jornalista espanhola.

Em 29 de novembro, o canal público France 2 exibiu o documentário "Depardieu: A Queda de um Ogre", que mostrava imagens do ator, numa viagem à Coreia do Norte em 2018, a fazer comentários de caráter sexual a mulheres, sobre mulheres, sobre uma criança e a uma tradutora da equipa.

O documentário levou várias personalidades do teatro e do cinema em França a afirmar que não voltariam a trabalhar com o ator e esteve na base das declarações da ministra da Cultura sobre a possibilidade de ser retirada a Legião de Honra.

Após a exibição do documentário, o Museu Grevin, galeria de figuras de cera de Paris, retirou a imagem de Depardieu, a província canadiana do Quebec anulou a distinção que lhe tinha dado, e a cidade belga de Nochin, onde o ator viveu, também anulou o título de cidadão honorário que lhe concedera.

Depardieu, através dos seus advogados, colocou a condecoração à disposição do Governo e declarou-se vítima de "um linchamento mediático".

As autoridades francesas iniciaram entretanto a investigação das circunstâncias em que ocorreu a morte da atriz Emmanuelle Debever, no passado dia 06.

A atriz denunciara Depardieu de "comportamento impróprio", em 2019, durante as filmagens do "Caso Danton".

Debever atirou-se ao rio Sena depois da exibição do documentário pela France 2, vindo a morrer uma semana mais tarde.

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