É um lugar mágico, onde certamente desejaria viver. Concebido entre 1919 e 1939 por Lawrence Johnston, criador do famoso jardim Hidcote Manor, a Serre de La Madone, em França, é um mundo à parte.

Das suas viagens por todos os continentes, Johnston trouxe com ele uma riquíssima colecção botânica, transformando um simples
talude num jardim extraordinário, onde conseguiu realizar audaciosas aclimatações graças à doçura do clima.

Discretas escadarias unem terraços e conduzem-nos à surpresa
de novos cenários. A exuberante verdura do parque reflecte-se delicadamente no espelhado de águas tranquilas de pequenos lagos, apenas perturbados pelo arrepio de uma brisa outonal.

Os nenúfares e os lótus decoram estes quadros espelhados e compõem
um cenário perfeito. Nesta efervescência vegetal, as cores, as sombras, os perfumes, os sons da natureza viva remetem-nos para uma ilha longínqua ou imaginária.

Tudo se conjuga para que o passeio seja uma descoberta permanente para uso próprio. Não há caminhos óbvios, nem lugares previsíveis.
Do ponto de vista botânico, a Serre de la Madone é um lugar fascinante. Um inventário botânico permitiu recensear essências raras testemunhando o impressionante desenvolvimento de algumas
dezenas de espécies que não tinham qualquer equivalente conhecido. Para além do seu interesse botânico, este jardim, em permanente restauro, constitui um notável exemplo de arquitectura
paisagista.

Texto e fotos: Francisco Sá Bandeira