Shetani é uma palavra swahili que significa espírito ou diabo. Deriva do
árabe Shaitan. Os shetanis são criaturas mitológicas, geralmente malévolas, à volta das
quais se gerou uma importante tradição oral nalgumas regiões da África
oriental.

Podem aparecer sob diferentes formas, cada um com diferentes
funções e poderes e são considerados pelas populações locais como seres diabólicos.

Os shetanis são tradicionalmente representados pelo povo maconde do Sul
da Tanzânia e Norte de Moçambique, sob a forma de figuras antropomórficas,
distorcidas, assimétricas e com características físicas extremamente
exageradas. Agora, pode vê-las em Lisboa, na Influx Contemporary Art, até 15 de Janeiro de 2011, em «Cosmogony», a primeira exposição individual do pintor George Lilanga (1934-2005) em Portugal.

Nascido na aldeia de Kikwetu,
no Sul da Tânzania, é considerado um dos ícones principais da
chamada Arte Africana Contemporânea. Nos quadros que poderá ver nesta exposição, procurou retratar a cosmogonia maconde, existem vários tipos de shetanis, nomeadamente o perigoso
ukunduka (que se alimenta através das relações sexuais), o shetanicamaleão (um carnívoro voraz com características de réptil) ou o inofensivo
shuluwele (que colhe ervas medicinais na floresta).


Apesar da força das suas imagens, os shetanis de George Lilanga não são, no entanto, assustadores ou
malvados. A cosmogonia deste pintor inclui os impecavelmente-bemvestidos-
shetanis-yuppies, os shetanis-com-telemóvel ou os shetanisfutebolistas,
numa crítica divertida e mordaz às contradições da sociedade
tanzaniana actual.