A cidade do mundo em que mais se pratica a necessidade de amenizar a paisagem da selva urbana do betão e do cimento através de arranjos paisagísticos é Tóquio, no Japão, uma das maiores metrópoles do mundo. A necessidade de fazer jardins surge apenas quando o homem começa a intervir na natureza criando monótonos campos de cultivo e grandes aglomerados habitacionais ou, em contrapartida, a destruir vegetação para obter materiais de construção e fontes de calor.

Os primeiros jardins ornamentais surgiram, no entanto, no Egito. Tinham como atração principal uma bacia de água, devido à necessidade de amenizar um clima demasiado quente e seco. À volta destas primeiras piscinas, plantaram-se árvores para dar sombra e frutos, videiras trepando por treliças para ter privacidade e canteiros de horta para fornecer as cozinhas.

Por esta altura, também os assírios e os persas tinham os chamados parques de caça naturais, devidamente emparedados, a que chamavam paraísos. No século VII antes da atual era cristã, após a conquista do Egito, os persas importam aqueles jardins de água, mais sofisticados. E transformam-nos no elemento mais distintivo da cultura persa, cultivando flores, construindo cascatas em vários níveis e dividindo os jardins em quatro partes, separadas por canais de água.

É este estilo de jardim que é trazido pelos árabes para a bacia mediterrânica no século VII, após a conquista da Pérsia. O Alhambra, em Granada, Espanha, é, até aos dias de hoje, o protótipo deste traçado ornamental. Entretanto, a Europa também cria os seus próprios jardins, dando início aos jardins de claustro, interiores, de plantação pouco exuberante, em torno de pequenas fontes ou estátuas.

A expressão mais forte deste estilo formal tem o seu apogeu em Versalhes, onde impera o jardim de chão nivelado e organizado em socalcos, com bacias de água geométricas, cascatas e fontes artificiais.

A influência de outras épocas

Na altura da criação dos famosos, deslumbrantes, pitorescos e sedutores jardins de Versailles, a pedra era manipulada, cortada ou esculpida e os pavimentos de saibro ou de laje seguiam sempre linhas direitas. Esta rigidez estética perdura até ao século XVIII, altura em que os ingleses, cansados da geometria, revertem para um estilo naturalístico, de imitação da natureza, e surgem os jardins informais, com uma aparente desordem na plantação em que o critério é apenas estético.

Para oriente, o jardim persa estende a sua influência até à Índia nos séculos IV e III antes da atual era cristã e, com Chandragupta, aparecem os primeiros parques com lagos e belas árvores, muitas delas trazidas de paragens longínquas, populados de faisões e pavões. Com a chegada dos Mughal, já no século XVI , surge uma nova erupção da influência persa e os jardins tornam-se ainda mais elaborados.

O budismo, nascido na Índia, expande-se para oriente até à China e as descrições de um maravilhoso paraíso atraem a imaginação dos chineses, que, embora sem qualquer contacto direto com a Índia, começam a idealizar para os seus jardins uma interpretação do paraíso budista, concretizada em grandiosos palácios rodeados de lagos, aplicando o seu gosto naturalista para recriar a sua própria versão de uma terra pura.

A  visão de verde e de água que surpreende e fascina quem visita Tóquio

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10 atrações que não pode perder em Tóquio

Tóquio consegue ter um ar arejado, despoluído e agradável à vista, precisamente pela preocupação obsessiva de intercalar a construção com elementos naturais. Do bar do viségimo-sexto andar do Hotel Conrad, em frente ao Parque de Hama Rikyiu, olho para esta vista deslumbrante. Admiro, então, como é possível dar uma dimensão humanizada a este monstro urbano que é Tóquio, aplicando um princípio simples, inventado pelos egípcios há milénios.

A visão de verde e de água é uma visão naturalista que confere uma aura de sedução acrescida a esta cidade fascinante, repleta de pontos de interesse que vale a pena visitar. Estes são 10 dos que lhe propomos:

1. Tokyo Sky Tree

Uma imponente torre de 624 metros no bairro de Sumida-ku. Inaugurada em 2012, é uma das mais altas do mundo.

2. Templo Senso-ji

Também conhecido como Templo Asakusa Kannon, é o mais antigo templo budista e também um dos mais importantes. Foi construído em 628.

3. Palácio Imperial

Antigo castelo convertido em residência do imperador, só pode ser visitado duas vezes por ano, ao contrário dos fabulosos jardins que o rodeiam, que estão abertos ao público em permanência, ocupando uma área visitável de 110.000 metros quadrados.

4. Torre de Tóquio

Mais alta do que a Torre Eiffel, com a qual apresenta semelhanças, chega aos 333 metros de altura.

5. Parque urbano de Yoyogi

Localizado no bairro Shibuya, está aberto durante todo o ano. É um local de encontros de pessoas de todas as idades e está rodeado de motivos de interesse.

6. Jardim de Ueno

Construído no bairro de Taitô-ku, é outro dos parques urbanos que enche de verde a cidade. Além de templos e museus, também integra um zoo.

7. Bairro eletrónico de Akihabara

É o paraíso dos amantes de gadgets e equipamentos eletrónicos. A oferta é grande e os preços (muito) competitivos.

8. Bairro cosmopolita de Shinjuku

Zona de lojas chiques, hotéis requintados, restaurantes, bares e cinemas, é famosa pela diversão e pelo tamanho dos arranha-céus.

9. Roppongi

Alguns dos maiores e mais surpreendentes complexos comerciais do Japão estão localizados neste bairro, também famoso pelo seu ambiente noturno.

10. Tokyo Disneyland

Os mais pequenos adoram e os maiores também não lhe conseguem resistir. Localizada em Urayasu, na Baía de Tóquio. É um dos parques de diversões mais visitados do mundo.

A  visão de verde e de água que surpreende e fascina quem visita Tóquio

Texto: Vera Nobre da Costa e Luis Batista Gonçalves

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