Pequena em tamanho, enorme na diversidade, a tal ponto que grande parte do seu território foi declarado Reserva da Biosfera, a Gran Canaria tem dunas de areia dourada, barrancos intermináveis, oásis, vulcões e praias magníficas. E está mesmo aqui ao lado! Dizem que é um continente em miniatura e é fácil perceber o porquê dessa alcunha quando viajamos pela ilha. Na Gran Canaria, onde é verão todo o ano.

Tão depressa estamos no meio da montanha, com uma paisagem árida e quase desértica, salpicada por alguns oásis e barragens que armazenam a pouca chuva que por aqui cai, como numa praia de grandes dunas de areia dourada ou noutra de areia escura. A poucos quilómetros de distância, encontramos uma cratera de um vulcão com um campo de golfe e uma cidade com ar colonial que tem também uma atmosfera cosmopolita e uma praia de quatro quilómetros.

Há vestígios aborígenes e pinturas rupestres, mas também árvores de frutos, como mangas, papaias e bananas. E bastam apenas 02h15, em média, para lá chegar… Assim que entramos no Casco Antiguo de Las Palmas, temos a sensação de que saímos da Europa e não por estarmos ao largo do continente africano, mas porque a bem preservada arquitetura colonial nos transporta para as cidades da América Latina, colonizadas pelos espanhóis.

A beleza intemporal do casario senhorial

Ponto de passagem das caravelas hispânicas até ao novo mundo de então, a Gran Canaria tem o mesmo casario colorido e senhorial, as mesmas varandas em madeira e a mesma pedra escura que encontramos do outro lado do Atlântico. Caminhar pelo bairro da Vegueta é um sem número de descobertas. Um exemplo disso é a Catedral, de estilo neoclássico por fora e gótica por dentro e que do alto das suas torres é uma excelente montra para a cidade.

Ali perto, está situada a Casa de Colombo, que por aqui passou antes de chegar à América. Este edifício tem quinze salas expositivas, que contam, entre outros factos, a história do novo continente antes da chegada dos europeus, as viagens de Cristóvão Colombo e o papel das Canárias na epopeia dos descobrimentos dos séculos XV e XVI. Recomendamos ainda uma visita ao Centro Atlântico de Arte Moderna e ao Museu Canário.

Mas é obrigatório ir parando nas esplanadas que alegram as ruas e praças, como a tranquila Plaza del Espíritu Santo. No entanto, Las Palmas não é apenas história, no bairro de Triana há muito comércio e na zona norte, todos os caminhos vão dar à praia de Las Canteras, com quatro quilómetros de comprimento e inúmeros bares, onde se encontram os habitantes da cidade com aquela informalidade que a praia transmite, seja depois de um dia de trabalho, seja ao fim de semana.

Uma ilha com alma de continente

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Paisagens de vulcão e de deserto

Já fora da cidade, descobrimos, envolta em neblina, a Caldera de Bandama, um monumento natural que tem um panorama deslumbrante para a ilha, com destaque para a vista sobre Las Palmas, e uma ampla cratera vulcânica, ao lado da qual existe o campo de golfe mais antigo da Gran Canaria. A névoa acentua o misticismo deste local. Isso e um grupo de pessoas que entoam cânticos religiosos, com algumas lágrimas à mistura.

Talvez se sintam mais perto do céu do que da terra por aqui. Continuando a descer rumo ao sul, a temperatura vai aumentando e a paisagem perde o tom esverdeado. A vegetação dá lugar à pedra e o mar termina em praias que os turistas tanto apreciam. A maior é a de Maspalomas e para se chegar ao oceano, tem de se ultrapassar as grandes dunas douradas.

Parece que estamos no deserto e tão depressa o mar está perto como longe, num vaivém constante de subidas e descidas. Um conselho, faça este passeio ao fim da tarde para ver o magnífico pôr do sol. A Reserva Natural Especial das Dunas de Maspalomas estende-se por 250 hectares, começando na praia do Inglés e terminando no Farol de Maspalomas, ao lado da Charca, uma lagoa de água salobra, ponto de encontro de aves que fogem do inverno europeu.

Os passeios de jipe e as viagens de barco que deve fazer

Continuando para oeste, chegamos a Puerto Rico para apanhar o barco para um pequeno passeio até Puerto de Mogán, uma localidade pitoresca de edifícios térreos brancos e amarelos, pincelados pelos tons quentes das bungavílias, e canais que a apelidam, exageradamente, de pequena Veneza. O passeio de barco mostra-nos uma costa rochosa, salpicada por hotéis e praias, algumas delas artificiais feitas com areias vindas do deserto do Sahara ou de outras paragens longínquas, ganhando espaço numa costa rochosa.

Um passeio de jipe até ao Barranco de Ayagaures, passando pela Reserva Natural de Fataga, mostra-nos o interior da ilha. A paisagem é árida e é fácil deixar a imaginação ver as figuras mais estranhas nas pedras e escarpas. Um dos pontos de paragem obrigatório é o mirador Degollada de las Yeguas, onde parecemos demasiado pequenos perante uma paisagem avassaladora.

Outro é o Oásis das Mil Palmeiras ou Camel Safari La Baranda, onde é possível andar de dromedário, visitar o palmeiral e o jardim tropical, bem como almoçar ou tomar um sumo com os frutos que por aqui nascem, nomeadamente papaia, manga e goiaba. Por toda a serra, desde as estradas íngremes, são visíveis os canais que levam um dos bens mais preciosos por aqui, a água das chuvas, guardada em pequenas barragens.

Uma ilha com alma de continente

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As noites de arromba que se vivem na ilha

Na Gran Canaria, se os dias são completos, entre as idas à praia e os passeios para descobrir a ilha, as noites não lhe ficam atrás e há diversão para todo os gostos, afinal estamos numa ilha em que a diferença é celebrada. Dizem que é um continente devido à geografia, mas nós vamos mais longe, é um continente também dado ao encontro de culturas e contra-culturas cedidas por pessoas vindas de todo o mundo. Em Las Palmas, no bairro de Vegueta, todos os caminhos vão dar às ruas Mendizábal, La Pelota e Obisco Codina.

Mas, na zona da praia, as noites também são animadas no Mercado del Puerto e no Kopa. Mas para quem quer experimentar algo diferente, a praia do Inglès é a meta. À noite, os centros comerciais transformam-se em locais de diversão para todos os gostos, do ambiente latino passa-se em poucos metros para estabelecimentos de música pop internacional e para bares gay, a maioria abertos a todos e onde e não faltam shows de travestis.

Tudo isto mostra a tolerância que por aqui se vive, o que conta é a diversão e tudo é permitido. E, curiosamente, no meio dos centros comerciais, existe um templo ecuménico com serviços religiosos em várias línguas. Não compete com os bares, até porque à noite está encerrado, mas não deixa de ser um pormenor que atesta a ecumenicidade da ilha e a torna tão especial todos os dias do ano.

As escolhas de quem vive na ilha

Maurice Damen e Olga Castrillón deixam várias sugestões. Senador foi o restaurante recomendado pelo diretor comercial do Riu Hotels & Resorts «para comer peixe, mas também carne, mesmo em frente à praia do Faro, tem uma excelente esplanada». Para beber um copo e dançar Acqua Ocean Club é o lugar escolhido. «É um dos locais mais trendy de Meloneras. À quinta-feira à noite, há stand up comedy», disse à revista Saber Viver.

Para compras, o executivo recomenda «ao sábado, o mercado de San Fernando junta alimentos e roupa, enquanto ao domingo é a vez das antiguidades». Já Olga Castrillón prefere a Ruta de los Pinchos. «Acontece todas as quintas-feiras à noite, no bairro de Vegueta, em Las Palmas. Esta rota permite comer um pincho (tapa) e uma cerveja ou um copo de vinho por 1,50 €. Recomendo os pinchos de Te Lo Dije Pérez e La Barberia», sugere.

A responsável de imprensa da Binter recomenda, ainda, uma ida a Las Canteras. «Ao sábado, a música toma conta do passeio da praia Las Canteras, na capital. Os concertos começam no La Guarida del Blues, às 17h00, mas espalham-se por toda a zona em direção ao auditório Alfredo Klaus, onde terminam», referiu, na altura, em entrevista à publicação portuguesa.

Para compras, uma deslocação a Triana. «É um bairro junto à parte antiga da cidade, ideal para ir às compras. Há várias lojas, onde se pode comprar roupa dos criadores da ilha, nomeadamente Juan Roga, Arcadio Domínguez e Aurelia Gil. Também é uma zona conhecida pelas livrarias, entre as quais se destaca a Libreria del Cabildo insular de Gran Canarias, com livros de escritores canários», refere.

Uma ilha com alma de continente

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Do que é feita a gastronomia local

O prato mais conhecido da Gran Canaria é o sancocho, cherne salgado com batata, batata doce e pella de gofio, um preparado à base de cereais. Mas há algo que se repete em todas as refeições. As batatas arrugadas com molho de picón (feito com pimentos) ou molho verde (elaborado com abacate). Característicos também são a sopa de peixe, o puchero (cozido de carnes e legumes) e o rancho (cozido de grão de bico com carne de porco).

Informações úteis

Na Gran Canaria, a temperatura do ar ronda, em média, os 26º C e a do mar anda à volta dos 24º C. Raramente chove e é possível fazer praia durante todo o ano. A Binter, companhia aérea das Canárias, voa semanalmente para a Gran. Do aeroporto de Gran Canaria, existem vários autocarros para Las Palmas, Maspalomas, Telde e Praia do Cura.

O Club Hotel Riu Gran Canaria é um hotel de quatro estrelas no regime de tudo incluído com um design moderno e muito espaço. Tem quatro restaurantes, incluindo um asiático, quatro piscinas, entre as quais uma panorâmica em frente ao mar.

Em termos de produtos locais, há um que tem mesmo de trazer. O Café de Agaete é produzido no norte da Gran Canaria e é o único café produzido num país europeu. A variedade cultivada é a Typica, uma das mais antigas variedade do café arábica e que caiu em desuso nos países produtores de café.

Texto: Rita Caetano com Luis Batista Gonçalves (edição digital)

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