Era uma vez uma ilha onde viviam homens e mulheres que sabiam trabalhar a pedra para a transformar em casas talaóticas e monumentos megalíticos. Um povo, hábil e trabalhador, como ainda hoje é descrito, que conhece e respeita os ciclos anuais do sol e da lua, do frio e do calor. Durante anos, humaniza a paisagem, cria vacas nos seus prados férteis para obter leite que converte em queijos saborosos.
Um povo que sabe capturar os melhores peixes e crustáceos nas águas limpas e transparentes do seu litoral. Há quem equipare as de Menorca, a ilha mais oriental de Espanha, às das Caraíbas. Apesar de mais pequena que as vizinhas Maiorca e Ibiza, consegue ter mais praias e enseadas, as famosas calas, muitas delas acessíveis apenas por mar ou por trilhos por entre árvores, rochas e mato.
Com uma extensão de 702 quilómetros quadrados e 216 quilómetros de costa, Menorca, uma das Ilhas Baleares, é o primeiro local de Espanha a acolher os primeiros raios de sol. Reserva da Biosfera da UNESCO desde 1993, surpreende, a par das paisagens marítimas, pela paisagem rural, onde (con)vivem animais e plantas autóctones que não se veem em mais lado nenhum.
10 coisas para fazer em Menorca
1. Mergulhar nas águas quentes e transparentes do sul da ilha
As famosas praias e calas da ilha são irresistíveis. Uma das melhores formas de descobrir as mais isoladas e sedutoras é através de um passeio de barco. Os que a empresa Menorca Blava faz a partir da Ciutadella, a antiga capital de Menorca e uma das suas localidades mais pitorescas e animadas, passam pelo Faro de Arturtx, um imponente e importante farol.
Depois, a embarcação ruma em direção a Son Saura, Es Talaier, Macarella, Macarelleta e Cala'n Turqueta, as praias desertas e ainda virgens que surgem nos postais vendidos das lojas de recordações. Verdadeiros paraísos na terra, os areais do sul, irresistíveis extensões de areia branca, contrastam com os do norte, mais barrentos e cor de ocre.
Durante o passeio, além de um licor local despejado diretamente de um original jarro local para a boca dos passageiros, num momento que gera sempre muita diversão, boa disposição e poses para as fotografias, é servida uma deliciosa paelha, confecionada a bordo. Depois de uma pausa para banhos e mergulhos, vem mesmo a calhar!
2. Partir à descoberta do norte de Menorca
Em tons avermelhados, menos frequentadas pelos turistas mas de uma beleza rara, as praias do norte da ilha são imperdíveis. Para as visitar, o melhor é alugar um carro. A Cala Morell, a Cala en Calderer, a Cala Barril e a Cala Tirant encantam e seduzem os mais intrépidos. O ventoso cabo do Cap de Cavalleria é outro dos pontos de passagens incontornáveis.
3. Assistir ao pôr do sol em clima de festa
Ir a Menorca sem assistir ao pôr do sol na Cova d’en Xoroi é um erro que não pode cometer. Nos últimos anos, esta gruta com uma localização privilegiada e vários terraços escalonados charmosos e sedutores, tornou-se num ponto de passagem obrigatório. Situada na Cala En Porter, enche-se ao final do dia, com um ambiente de festa, onde não faltam atuações ao vivo, performances artísticas e até dança do ventre.
Veja na página seguinte: O que não pode perder na capital da ilha
4. Deambular pela capital da ilha
Com as suas igrejas e praças, ruelas pitorescas, lojas sedutoras, galerias de arte e edificações antigas, Mahón é, hoje, a moderna e cosmopolita capital de Menorca. Localizada num ponto estratégico, foi desde sempre um território desejado por conquistadores. O pirata turco Hayreddin Barbarossa saqueou-a em 1534. Os franceses chegaram a apoderar-se da ilha, tal como fizeram os ingleses.
As influências britânicas perduram até hoje e muitas podem ser descobertas durante um passeio de barco pelo porto de Maó, como também lhe chamam, nos catamarãs amarelos com fundo de vidro transparente da Yellow Catamarans. A base naval construída pelos ingleses durante a ocupação no século XVII é a primeira atração turista que integra o trajeto. A embarcação passa depois pelas mejilloneras, os viveiros de mexilhões típicos da região.
As luxuosas vivendas e mansões de S’Altra Banda, a Ilha Plana, o Canal de Sant Jordi, a Cala Teulera, as Torres de Defensa, a Ilha do Rei, a Illa de Llatzeret e o que resta do antigo Fort de Sant Felip completam o programa da excursão. Antes do regresso ao porto, o catamarã para por breves minutos numa zona onde, a partir das janelas envidraçadas do casco do barco, se consegue observar o fundo do mar e avistar inúmeros peixes. Uma oportunidade única e inesquecível!
5. Passear pela Ciutadella ao entardecer
Antiga capital da ilha, a Ciutadella é um dos aglomerados urbanos mais sedutores de Menorca. A enseada natural da localidade foi convertida numa marina encantadora, muitas vezes ocupada por luxuosas embarcações. Ao entardecer, suba as escadas que conduzem à praça central, onde se encontra o ayuntamiento, o edifício da câmara municipal local. Um local encantador com uma vista sublime.
Aproveite para saborear uma bebida numa das esplanadas ou percorra as ruas estreitas que circundam a catedral, repletas de lojas, restaurantes e bares. Fundada pelos cartagineses, chegou a ser ocupada pelos turcos em 1558. Em 1708, com as invasões britânicas, perdeu protagonismo mas não perdeu nada do charme antigo. Na Plaça d’es Born, uma das mais pitorescas, encontra o famoso obelisco que muitos guias mencionam.
Veja na página seguinte: Os (muitos) monumentos talaóticos que ficaram do passado
6. Percorrer o itinerário histórico-artístico de Fornells
Com as suas ruas estreitas e o seu casario branco que parece mergulhar no mar, Fornells é uma localidade piscatória com um charme muito próprio. Depois de degustar um prato à base de lagosta, o ingrediente-estrela da região, num dos vários restaurantes, aproveite para fazer um itinerário histórico-artístico. Pode iniciar o percurso na fortificação da ilha de Les Sargantanes, um conjunto fortificado datado de 1802, ainda do tempo da presença britânica na ilha.
Depois, siga para o porto dos pescadores, que também acolhe a Casa do Contramestre, hoje sede da Autoritat Portuària de Ses Illes Balears. O Castillo de Sant Antoni e a sua sedutora capela, a Torre de Fornels e a ermida de Lourdes, que na realidade ocupa uma gruta artificial, também merecem uma visita, assim como Sa Taula, um edifício de arquitetura contemporânea do artista sueco Arnulf. Também existem praias encantadoras, como a S’Arenalet e a Cabra Salada, acessíveis apenas de barco.
7. Descobrir os (muitos) monumentos talaóticos
Menorca já era habitada 900 anos antes da atual era cristã. Datam, aliás, dessa altura muitos dos monumentos talaóticos que ainda hoje podem ser visitados. Muitos deles estiveram a uso até 1400. Um dos mais famosos é a Naveta des Tudons, localizada ao quilómetro 40 da via rápida que liga Maó e a Ciutadella. Um movimento funerário exclusivo da região em forma de nave invertida.
Torre d’En Galmés, um dos maiores povoados talaóticos da ilha, localizado nos arredores de Alaior, inclui um centro de interpretação que explica com pormenor como era a vida nos tempos pré-históricos. Um pouco por toda a ilha, não faltam, contudo, outros exemplos de necrópoles, antas, cromeleques e aglomerações de pedras que são hoje o (pouco) que resta dos ecos do passado.
8. Andar de cavalo num dos muitos trilhos dos Camí de Cavalls
Da mesma forma que existem praias apenas acessíveis de barco ou por trilhos em terra batida no meio da natureza, também existem recantos da ilha que só podem ser descobertos a pé ou a cavalo. São muitos os caminhos que integram a rede de Camí de Cavalls, troços pelo meio da vegetação que conduzem a campos isolados e praias privativas. Há uma delas que só é descoberta pelos amantes de equitação que contratam as excursões da empresa Menorca a Cavall.
Existem rotas mais fáceis e acessíveis para curiosos com pouca experiência e outras mais elaboradas para cavaleiros mais experientes. Muitas delas terminam num areal exclusivo, com um trote dentro de água, uma experiência daquelas que perduram na memória. Os estábulos, ponto de partida da aventura, estão localizados em Es Calafat, entre as localidades de Ferreries e Cala Galdana.
Veja na página seguinte: As principais tentações gastronómicas da ilha
9. Admirar as belezas naturais do Parque Natural de s'Albufera d'Es Grau
Com mais de 5.000 hectares, integra a rede de reservas da biosfera da UNESCO. Visitar o Parque Natural de s'Albufera d'Es Grau, o maior e o mais importante de Menorca, está longe de ser a prioridade dos turistas que chegam à ilha mas a verdade é que aquele que muitos consideram o segredo mais bem guardado da região vale muito a pena.
Além da albufeira de Es Grau, abrange a área ocupada pela ilha de Colom e pelo cabo de Favàritx, um território de dunas, colinas e vales rodeados de verde, de zonas húmidas e de pequenas explorações agrícolas. Existem vários itinerários que pode percorrer a pé ou de bicicleta, enquanto avista espécimenes de fauna e flora que não existem noutras partes do mundo.
10. Provar o queijo menorquino e a famosa caldereta de langosta
Numa ilha repleta de pastagens, é produzido o famoso queijo Mahón-Menorca. Em Son Mercer de Baix, perto de Ferreries, em pleno centro da ilha, existe uma quinta aberta a visitas que integra uma loja onde se podem saborear e adquirir as duas versões deste laticínio, curado ou semicurado, produzido a partir de leite de vaca. Um queijo de textura suave e cremosa com um sabor único e inconfundível.
Se gosta de lagosta, não deixe de provar a famosa caldereta de langosta. As mais deliciosas, diz quem sabe, são confecionadas em Fornells, no norte da ilha. A do restaurante Es Cranc, um dos mais emblemáticos de Menorca, é uma das mais afamadas. Apesar da grande procura turística, o estabelecimento continua a manter o caráter familiar que há muito o caracteriza.
Texto: Luis Batista Gonçalves
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