Um em cada quatro europeus vive em edifícios onde a qualidade do ar interior é inferior às normas nacionais e mais de 30 milhões são afetados por viverem em espaços demasiado escuros, com um impacto negativo na sua saúde mental e física. Os dados, apresentados no final de maio em Madrid pela Velux Iberia, demonstram que andamos a olhar pouco para dentro das nossas habitações e que são necessárias ações significativas rumo a edifícios saudáveis.
Em Portugal, segundo dados revelados pelo estudo, mais de um quarto da população (26,4%) vive com humidade em casa, enquanto um terço enfrenta, no verão, o seu sobreaquecimento.
"Passamos cerca de 80% do nosso tempo no interior dos edifícios, por isso, encontrar o equilíbrio entre uma boa estanquidade e isolamento e uma taxa de ventilação favorável é fundamental para termos divisões saudáveis", referiu, durante o evento de apresentação à imprensa, Alfredo Sanz, Presidente do Conselho Geral da Arquitetura Técnica de Espanha.
De acordo com estudo, a qualidade de ar contribui para uma melhor saúde respiratória, maior produtividade, capacidade de aprendizagem e poupança de energia.
"Acreditamos que este relatório pode servir tanto de inspiração como de ferramenta concreta para os decisores políticos, apresentando recomendações e exemplos concretos”, explica, em comunicado afirma Fleming Voetmann, Vice-Presidente de Relações Externas e Sustentabilidade do Grupo Velux, após defender que “os edifícios saudáveis e acessíveis deviam ser o único tipo em que as pessoas vivem, aprendem, trabalham, se divertem ou recuperam”.
O estudo, desenvolvido pelo Instituto Europeu de Desempenho de Edifícios (BPIE), é promovido pela empresa de janelas de telhado desde 2015 e, para além de avaliar o estado das casas europeias, sugere um caminho, que inclui uma definição e enquadramento para edifícios saudáveis, sustentáveis e resilientes.
Lugares demasiados escuros não são saudáveis
"Integrar a luz natural nas nossas casas ou espaços de trabalho oferece benefícios que vão para além do funcional, gerando bem-estar, reduzindo o stress e aumentando a produtividade", salientou María José Navarro, designer de interiores e arquiteta, na apresentação que decorreu na capital espanhola no passado dia 28 de maio.
Os edifícios saudáveis também beneficiam a economia e o clima, pois os estudos apresentados mostram um retorno do investimento de 11,5% na renovação de um edifício público, e uma redução de 30% do impacto climático.
Além disso, os locais de trabalho mais saudáveis poderiam gerar um valor acrescentado bruto adicional de 40 mil milhões de euros por ano para a economia europeia por cada 1% de melhoria no desempenho dos trabalhadores.
Como avaliar o estado de um edifício?
O Barómetro define um novo enquadramento inovador baseado em investigação científica e ilustrado através do estudo de 12 casos práticos na Europa. O enquadramento baseia-se em cinco dimensões interrelacionadas com as seguintes características e objetivos:
- Melhorar a saúde mental e física
- Concebido para as necessidades humanas
- Construído e gerido de forma sustentável
- Resiliente e adaptável
- Empoderar as pessoas
Cada dimensão compreende um conjunto de indicadores, com um total de 24 indicadores, que orientam as partes interessadas no seu processo de tomada de decisões para conseguir edifícios verdadeiramente saudáveis, sustentáveis e resilientes.
Os edifícios que cumprem as cinco dimensões delineadas no novo enquadramento têm um impacto mensurável na saúde mental e física, com menos dias de doença e um melhor desempenho no trabalho e nas salas de aula, incluindo um aumento de 10 a 18% resultante apenas de uma maior exposição à luz natural.
“Começar um projeto de arquitetura ou fazer uma remodelação é uma enorme oportunidade para criar um espaço que não seja apenas sustentável para o planeta, mas que também favoreça os seus ocupantes”, destacou, Almudena López de Rego, VELUX Spain Specification Manager. “É da responsabilidade do arquiteto zelar pelo bem-estar dos utilizadores em cada momento do dia e dos legisladores estabelecer critérios de saúde e de energia”.
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