Hoje é o dia! Se gosta do escritor japonês Haruki Murakami, então pode correr finalmente para as livrarias, ou encomendar online, para ficar preso a mais uma história surrealista, o mínimo que se pode esperar no interior de ‘A Morte do Comendador’.

O próprio escritor descreve-o como “uma das narrativas mais ambiciosas”, sendo uma homenagem ao romance 'O Grande Gatsby', de F. Scott Fitzgerald. O Washington Post refere que este livro foi escrito de “coração aberto, sendo um retrato emocionante de como alguém se sente para fazer arte”, já o San Francisco Chronicle intitula-o de "excêntrico e intrigante, um produto de uma imaginação singular. [Murakami] convida-nos a abraçar o incomum e a aceitar o imprevisível".

“Em A Morte do Comendador, um retratista sem nome, de 36 anos, subitamente abandonado em Tóquio pela mulher, acaba por ir viver para a misteriosa casa de montanha de um famoso artista. A descoberta de um quadro inédito no sotão dessa casa desencadeia uma série de misteriosos acontecimentos e constitui o pretexto para explicar metaforicamente os acontecimentos da vida do protagonista sem nome. A pintura que dá o mote ao romance, essa tem título - A Morte do Comendador - e remete para a ópera Don Giovanni, de Mozart”, descreve a editora Casa das Letras, que chancela a obra, novamente numa tradução de Maria João Lourenço.

Caso de sucesso entre os mais jovens no Japão, Murakami ‘sofre’ por ser reconhecido como um escritor pop, factor que torna mais difícil a conquista do prémio Nobel , mas nada que abale o escritor japonês, que continua a ter uma linguagem muito própria. Porém, este novo livro aproxima-se mais de uma linguagem clássica, até porque se trata de uma ”homenagem épica” a um dos livros mais influentes do século XX. A admiração por F. Scott Fitzgerald é tão grande que chegou a traduzir O Grande Gatsby, em 2006, para o japonês.

Aliás, em Norwegian Wood, o primeiro livro de Murakami, o autor descreveu-o da seguinte forma: “Não há uma única página chata em todo o livro. Se tivesse de escolher uma única obra, ela seria o Gatsby, porque é responsável pelo género de literatura que escrevo”.

Passaram quatro anos desde que foi lançado em Portugal o último romance, ‘A peregrinação do rapaz sem cor’ (2013), pelo meio, a editora publicou um livro de contos ‘Os Assaltos à Padaria’, (2015) e recuperou ‘Ouve a Canção do Vento/Flíper’ (2016).

O japonês Murakami, um dos mais lidos em Portugal, tornou-se num autor global com a publicação de “Norwegian Wood”, em 1987 (2004 em Portugal), e escreveu vários ‘bestsellers’ incluindo “1Q84″ (2011) e “Kafka à beira-mar” (2006).

O que esperar de Murakami?

Se nunca leu um livro do autor e ficou curioso, saiba que entrar no mundo de Murakami, com mais de 20 livros publicados em Portugal, é ficar agarrado e não saber bem o porquê. As suas obras são repetitivas, viciantes e absorventes. Murakami é para ser lido à noite e em silêncio, conseguindo transportar o leitor para um lugar estranho.

Conversas com gatos, entradas em sub-mundos através de tampas de esgoto ou homens pequeninos a sair da boca de uma menina são ingredientes comuns nas suas histórias. E solidão, muita solidão. Quem não quer deixar seduzir-se pela fantasia, bem pode pôr de lado as obras do autor

"As pessoas estão sempre a querer encontrar o significado do que escrevo. O que isto ou aquilo quer dizer? É-me impossível explicar o que escrevo sobre mim ou sobre o mundo. Um livro é uma metáfora”, disse Murakami, numa das poucas entrevistas que deu sobre este novo livro, ao The Times, aqui citado pelo Diário de Notícias.

O primeiro volume de a ’A Morte do Comendador’ já está disponível, estando previsto o lançamento da segunda parte para 2019.