Em Espanha, há um aeroporto que, tal como o de Beja, não recebe passageiros mas, ao contrário da infraestrutura aeroportuária alentejana, fatura milhões. Na falta de voos, o aeropuerto de Teruel converteu-se na maior plataforma de estacionamento, manutenção e reciclagem de aeronaves de toda a Europa. A Plata, Plataforma Aeroportuaria de Teruel, como a batizaram, tem clientes de 40 países. Portugal é um deles.
"O de Teruel não é um aeroporto convencional", noticia a edição online do jornal El País. "Por aqui, só deambulam aviões, grandes e maiores de idade na sua maioria, desde a sua entrada em operações há sete anos. Este é um aeródromo único em Espanha, daí o seu êxito", escreve ainda a publicação. 60% do empreendimento foi financiado pela Diputación General de Aragón. Os restantes 40% foram suportados pelo Ayuntamiento de Teruel.
Além de aviões portugueses e de 10 companhias aéreas, há aeronaves provenientes de países como a França, o Reino Unido, a Alemanha, a Rússia e até o Brasil no espaço que ocupa uma área de 340 hectares, emprega nove trabalhadores e fatura anualmente cerca de três milhões de euros. "Somos o único aeroporto de Espanha que se dedicou à atividade aeronáutica de uma forma inovadora e que está a aposta numa reconversão industrial e ambiental", assegura Alejandro Ibrahim Perera, subdiretor-geral da infraestrutura aeroportuária espanhola desde 2012, um ano depois da abertura do aeroporto internacional de Beja, inaugurado em 2011.
"O ano passado, por exemplo, desmontámos 15 [aviões] Boeing 747 Jumbo, entre outros. Cerca de 95% do material extraído é reutilizado pela indústria. Esta é uma atividade de economia circular que é cada vez más importante, porque nos próximos anos será necessário desmantelar 15.000 aviões", sublinha. Estas declarações foram tornadas públicas no dia em que o aeroporto internacional de Beja volta a ser notícia.
Santana Lopes, presidente do partido político Aliança, afirmou ontem que "só um país muito rico é que se daria ao luxo, e mesmo aí seria estupidez, de desperdiçar uma infraestrutura como esta". O empreendimento, que custou 33 milhões de euros, entrou em funcionamento a 13 de abril de 2011. Mas, desde o voo inaugural, apesar de aberto, tem estado praticamente vazio, s sem voos nem passageiros na maioria dos dias.
O ex-primeiro ministro, que visitou ontem o equipamento, defende, por isso, a utilização do aeroporto alentejano "como um grande centro de movimento de carga", dando-lhe uma utilização alternativa, como os espanhóis fizeram em Teruel. "Em Portugal, há uma excelência de capacidade instalada muito conhecida que pode ser libertada do aeroporto de Lisboa e ter mais base aqui. É uma questão de vontade política", criticou.
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