Saiba o que foi feito numa quinta privada na Abuxarda, no concelho de Cascais, e inspire-se para valorizar o seu próprio jardim.

O espaço exterior desta quinta situada está dividido em dois patamares separados por um muro de suporte em pedra da região.

O patamar superior, onde se localizam a casa e os anexos, compreende uma área de aproximadamente 5.700 m2. O patamar inferior onde existe uma maior densidade de exemplares arbóreos, por sua vez, tem uma área  aproximada de 9.300 m2.

A propriedade tem uma exposição solar favorável (a Sudeste) e a topografia apresenta um declive suave. Os ventos predominantes são de Norte, sendo desviados pelo núcleo arbóreo da zona Este do patamar superior e pela própria moradia. O patamar inferior tem uma situação mais favorecida devido à sua cota mais baixa.

Relativamente à vegetação natural existente inicialmente, nomeadamente a nível arbóreo, verificava-se a existência de um aglomerado jovem de pinheiros a Sudoeste e a presença de alguns eucaliptos e oliveiras.

Veja a GALERIA DE IMAGENS DESTE JARDIM

 

Veja na página seguinte: Como foi elaborado o projecto de requalificação deste espaço

O que foi feito

O projecto de paisagismo efectuado pela Marim Garden Design desenvolveu-se em dois grande níveis e com duas grandes preocupações, requalificar o jardim já existente (patamar superior) e criar um novo jardim no patamar inferior.

Numa primeira abordagem, o conceito de intervenção procurava ir ao encontro das necessidades funcionais do cliente, aproveitando a linguagem existente e realçando as qualidades do local.

O projecto de requalificação do patamar superior do jardim, além da intervenção a nível vegetativo, implicou igualmente a requalificação de todas as suas componentes técnicas, como o sistema de rega e a infra-estrutura elétrica.

Da análise efectuada foi possível concluir a falta de cor e textura que os canteiros apresentavam, assim como a pouca variedade das espécies utilizada. O jardim apresentava ainda falta de integração entre as suas diversas áreas. A solução apresentada passou, em primeiro lugar, pelo alargamento significativo dos canteiros existentes nas partes periféricas do jardim, assim como a introdução de mais espécies.

Foram assim criadas novas manchas herbáceo-arbustivas de formas orgânicas, com material vegetal de pequeno e médio porte, que permitissem manter a visibilidade para o patamar inferior. No interior dos canteiros foi criado um percurso fluido, em sulipas de madeira, que remata num cenário dinâmico de muros, suscitando, a quem está na plataforma, uma enorme curiosidade e sentido de descoberta.

Foi ainda introduzido um novo canteiro junto à piscina e proposta a introdução de um castanheiro-da-índia, um choupo e um metrosidero para uma divisão visual entre relvado e os canteiros.

A intervenção no patamar inferior foi um verdadeiro desafio. Transformar uma área de 9.300 m2 totalmente abandonada e que apresentava elevados níveis de degradação do seu solo num espaço integrado, contemporâneo e agradável, que ao mesmo tempo respeitasse as exigências de cor, naturalidade e pouco gasto de água.

Este espaço foi pensado em todos os seus detalhes e adaptado à vivência e necessidades do cliente. A solução desenvolvida passou pela integração de duas zonas. Uma de receção e estadia e uma grande área central, onde foi plantado um prado de sequeiro com dois caminhos em toda a periferia, permitindo assim que os seus utilizadores possam desfrutar confortavelmente da tranquilidade do prado.

A chegada ao patamar inferior faz-se através da já mencionada zona de estadia, onde foram criados bancos de alvenaria sob as copas das árvores, estrategicamente plantadas. O pavimento desta plataforma é do mesmo material dos caminhos pedonais que fazem a circulação do prado, ou seja, gravilha com lancil em tijolo. Desta zona pode apreciar-se todo este nível da propriedade convidando à descoberta dos seus longos percursos.

Veja na página seguinte: Como foi aumentada a estrutura vertical do prado

Para aumentar a estrutura vertical do prado plantou-se as seguintes espécies de árvores, nomeadamente Aesculus (castanheiro), Quercus rubra (carvalhos), Tilia cordata, Populus (choupo), Acer platinoides, Shinus molles (pimenteira), Melias, Robinias e Metrosideros.

Com estas plantações, o prado passou a ter uma estrutura arbórea trazendo assim uma maior contemplação e ambiente ao espaço.

Os trabalhos de execução deste projecto prolongaram-se por alguns meses. Em primeiro lugar procedeu-se à limpeza do terreno, adição de terra adubada, criação de todos os acessos pedonais (privado e segurança), sistema de rega, área de compostagem, iluminação e plantação em grande escala de árvores.

Depois, procedeu-se à sementeira do prado central, com a mistura das seguintes três espécies, nomeadamente mistura de espécies de floração anual (todo o ano), mistura de espécies de flores anuais resistentes à seca (Verão) e mistura de flores silvestres anuais. Podemos assim desfrutar de plantas como Dahlias, Cosmos, sálvia, Delphiniuns, papoilas e Convovuluseta.

Algumas das plantas introduzidas:

Coproma copper shine
Escallonia rubra
Cuphea hyssopifolia
Íris germânica
Íris pseudacorus
Ophiopogon jaburan
Lantana câmara
Euryops
Hemerocalis hybrid
Bergenia cordifolia
Achillea millefolium
Sedum tetractinum
Canna indica
Arctotis hybrida
Gazania rigens
Tulbaghia violácea
Lantana montevidensis
Crocosmia masoniorum
Cotoneaster damneri
Cotoneaster franchetii
Berberis thunbergii
Agapanthus
Hebe
Nerium oleander
Hibiscus

Veja na página seguinte: As características técnicas deste jardim

FICHA TÉCNICA

Localização: Abuxarda, Cascais (15.000 m2)
Características: Jardim com dois patamares, um patamar superior junto à casa com uma área de 5.700 m2 e um patamar inferior, onde foi criado um prado de sequeiro e uma zona de receção e estadia
Manutenção: Corte do relvado e limpeza dos canteiros semanalmente. Adubação em Março e em Setembro. Corte geral do prado em Dezembro.
Projeto e construção: 2009 - Arquitectura paisagista: Marim
Garden Design (arquitecto João Marim)

Texto: João Marim (arquitecto)