O loureiro é usado na gastronomia portuguesa, para condimentar carnes e moluscos, em guisados, estufados e até mesmo em sopas. O ramo de cheiros é tradicionalmente composto por folhas de louro, alho, salsa e tomilho. É também utilizado na medicina. Tem propriedades antisséticas, digestivas e sedativas. Combate as infeções respiratórias e é usado na medicina veterinária. Também é comum no fabrico de sabões, de velas e na indústria perfumante.
Loureiro, louro e louro-de-alexandria são os nomes comuns do Laurus nobilis. Nobre em latim. Originária da Europa Mediterrânica e da Ásia Menor, esta árvore da família das Lauráceae é conhecida há milhares de anos. Das folhas do loureiro eram feitas as coroas que eram colocadas nas cabeças dos atletas vencedores dos jogos olímpicos da Grécia Antiga. Os heróis e vencedores das batalhas também eram coroados com este símbolo de triunfo.
O termo laureados vem da palavra Laurus, parte da designação científica desta variedade botânica. Esta é uma árvore de folha perene que pode chegar aos 15 metros de altura de copa densa. As folhas são verdes escuras de forma lanceolada e as flores são branco-amareladas. Aparecem, habitualmente, nos meses de abril a junho. Esta planta é muito utilizada para a criação de sebes de jardins e também muito comum em campos agrícolas.
Esta árvore de cultura perene vive entre 80 a 100 anos. Dentro do género Laurus, só existe mais uma espécie, a Laurus azorica (Seub.) J. Franco, também conhecido como loureiro-das-canárias. Em termos de condições ambientais, gosta de um clima temperado e subtropical e de um solo areno-argiloso, profundo e fértil, bem drenado, com um pH de 5,5 a 7,2. Prefere temperaturas entre os 10º C e os 18º C. Apesar de tolerar pontualmente noites frias com valores negativos e dias abrasadores a rondar os 40º C, regista uma paragem do desenvolvimento entre 1º C a 5º C.
No que se refere à exposição solar, gosta da incidência da luz solar direta, apesar também sobreviver num espaço parcialmente à sombra. Tolera uma altitude até aos 1200 metros. Em termos de fertilização, a adubação pode ser feita com estrume de pato, porco e/ou galinha. Também é aconselhado regá-la com chorume de porco e/ou de galinha poedeira. Como adubo verde, pode usar fava, favarola e azevém anual As exigências nutritivas são 2:2:1.
Azoto, fósforo e potássio são, por esta ordem, os nutrientes mais recomendados. Em termos de técnicas de cultivo, na preparação do solo, é aconselhada uma subsolagem a uma profundidade de 50 centímetros, seguida de uma passagem com escarificador. A multiplicação pode ocorrer por semente ou estaca, que deve ter cerca de 25 centímetros e que demora entre seis a nove meses a enraizar. A retirada para o solo deve ocorrer no principio do outono.
Entomologia e patologia vegetal
A sementeira e a plantação dos loureiros costuma ser feitas na primavera, num compasso 7 x 7 ou 4 x 3, no caso de o pretender cultivar na sua forma arbustiva, como muitas vezes sucede. Em termos de amanhos, esta árvore exige uma monda de ervas e uma poda de formação na primavera. As regas só devem ocorrer em períodos de seca prolongada. Cochonilhas, ácaros, psila (Psylla piri) e pulgões são algumas das pragas que mais a ameaçam.
A fumagina é outra das doenças que a afetam. Esta árvore não suporta geadas nem ventos marítimos fortes. O granizo prejudica muito o desenvolvimento dos frutos do loureiro. As folhas, muito usadas na culinária nacional, devem ser colhidas no verão e no outono, para secarem, à sombra, num secador que tenha muita circulação de ar. Os frutos, de onde de extrai o óleo essencial, muito utilizado na indústria cosmética, colhem-se a seguir ao verão.
Texto: Pedro Rau (engenheiro hortofrutícola)
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