Muitas vezes subestimamos o facto de que na sua origem ou reprodução das plantas está a semente que, humildemente, evolui escondida e anónima sob a terra.

Qual delas apareceu primeiro. A semente ou a planta?

Pelos seus contornos e beleza ou aroma e paladar e até virtudes medicinais, quem não adquire a flor ou a planta a que chama a sua preferida e que com ela fala, ao longo da sua vida? Entre aquelas, as de corte realçam, deleitam, decoram ou são testemunho de algumas páginas da vida de muitos de nós, quer nos momentos mais marcantes de amizade, quer nos momentos inolvidáveis de alegria e também de tristeza.

Perdoem-me o desabafo, porventura estranho. Pessoalmente, as flores de corte são braços decorados pela natureza, condenados a serem decepados pelo Homem, afastados de um ser vivo no momento da sua maior afirmação e beleza. Tais atributos serão deveras efémeros. Passadas horas ou alguns dias, essas tão apreciadas qualidades são irremediável e compulsivamente atiradas ao lixo.

Tantas vezes subestimamos o facto de que na sua origem ou reprodução está a semente que, humildemente, evolui escondida e anónima sob a terra.
Tantos humanos desconhecem a beleza, as formas esculturais e até o aroma da semente, cuja flor ou planta dizem bem conhecer. Contudo, muitas encerram inegáveis atributos em culinária, doçaria e fitoterapia.

Outras, mais parecem peças de arte esculpidas com denodo. São únicas em decoração. Mais o parecem quando lhes é emprestado a admiração, inspiração ou lado artístico de outro ser vivo, o humano.

Outras ainda, além do seu natural brilho e esbeltez são acreditadas e utilizadas como unidade de peso de pedras raras e metais preciosos.
Imperdível é o registo dos adereços de que algumas delas se vestem e dos movimentos que desenham aquando da propagação natural. Ela traduz-se em inusitadas, harmoniosas e bem ensaiadas evoluções, em helicoidal, em suave e rodopiante movimento horizontal e, caprichosamente, em impulsos ascendentes, desafiando a própria gravidade.

Muitas vezes, este bailado não deixa de ser acompanhado de naturais sons de diversos timbres e cadências vindos das suas vagens ou cápsulas projectoras.
Isto, só visto no grande e bem decorado salão da Natureza!

Texto: Valdemiro Gonçalves Pereira