Tornar o meio urbano mais habitável passa bastante pela utilização adequada do material vegetal. É comum para todos nós, a plantação de árvores ladeando ruas e alamedas, em parques e jardins, com arbustos, herbáceas e relvados. Mas já não o é, todavia, a utilização de plantas em situações inesperadas, como nas coberturas e, neste caso concreto, nas fachadas ou até nas paredes interiores dos edifícios, substituindo a alvenaria de tijolo.
Patrick Blanc, um botânico francês especialista em plantas tropicais, introduziu há cerca de 30 anos na Europa o conceito de muro vegetal, que tem vindo a ganhar adeptos em todo o mundo. De imediato tornou-se como que o ovo de Colombo para as situações difíceis, com que os arquitetos paisagistas se deparavam frequentemente. Hoje em dia, esta ideia genial tem vindo a ganhar adeptos no mundo inteiro, para as mais variadas situações.
É este conceito e a sua boa utilização que vamos tentar expor, duma forma muito acessível, neste artigo. Se pretendermos resumir, diremos que a genialidade da solução foi conseguir plantar as superfícies verticais. Dito doutro modo, as fachadas foram conquistadas para os espaços plantados. Novos espaços verdes poderão surgir em cada esquina, aumentando exponencialmente as áreas verdes duma cidade, com os benefícios inerentes.
Além de um surpreendente efeito estético, estas soluções representam uma eficaz proteção acústica e térmica e uma proteção contra os efeitos destruidores das intempéries e absorção de poeiras e poluentes. Temos de referir também a libertação de oxigénio e a salutar fixação de dióxido de carbono pelas plantas. Este conceito de plantação na vertical adapta-se, ainda para mais, tanto a fachadas de edifícios como a muros em geral.
As técnicas de construção envolvidas
A técnica desenvolvida por Patrick Blanc consiste na criação de uma plantação na vertical e não em volume. A inspiração foi-lhe dada pela floresta tropical, na qual as plantas bromeliáceas e outras, enleiam-se nas árvores, nas rochas e nas superfícies verticais em geral, vivendo sem o habitual substrato de solo. Neste caso, a construção pode ter como suporte uma estrutura metálica que garanta a estabilidade do meio vegetal.
Uma superfície que viverá entre duas superfícies de feltro, sobrepostas, que favorecem o crescimento e a fixação das raízes das plantas escolhidas para construir estes jardins verticais que tornam qualquer edifício que a adote substancialmente mais verde. Assim, temos duas camadas de feltros, ou lã de rocha, fixadas a placas de PVC, que, por sua vez, são suportadas pela ossatura metálica, que pode atingir vários metros de altura.
Este feltro, com grande capacidade de retenção de água com nutrientes, macronutrientes como o nitrato de cálcio, o nitrato de potássio e o sulfato de magnésio e micronutrientes como o ácido bórico, o cloreto de manganês, o sulfato de zinco e o sulfato de cobre, é um dos meios mais favoráveis para o desenvolvimento das plantas e a chave para o sucesso do jardim vertical, como têm sublinhado inúmeros especialistas em jardins verticais.
Um sistema de rega gota a gota, que administra os nutrientes necessários na dose certa, é posto no topo da parede e o excedente é recolhido num reservatório colocado na base que, por sua vez, é novamente lançado nos feltros, através de uma bomba de recirculação. Este processo de cultura hidropónica advém do facto do desenvolvimento das plantas ser em meio inerte ou em água, sem utilização de solo para suporte das raízes.
As plantas a utilizar mais recomendadas pelos especialistas
A plantação pode ser variada. Podemos ter entre 20 pés até 70 unidades por metro quadrado. Muitas outras técnicas poderão ser adotadas para os jardins verticais, além da cultura hidropónica, consentâneas com o nosso clima e com uma manutenção estável no tempo. Para tal, é fundamental um bom projeto, adaptado a cada situação e ao programa do cliente. A improvisação é inimiga da realização criativa e sustentável no tempo.
Texto: Elsa Severino
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