Esta é uma das atividades mais antigas do homem. Entusiasma os aficionados da jardinagem e da horticultura e, com o fenómeno das hortas urbanas, tem vindo a recuperar terreno nos últimos anos. Considerando que adquirimos as sementes em bom estado fitossanitário e de conservação. Assim, é importante e indispensável verificar a data de validade dos pacotes de sementes que encontra à venda num número também ele crescente de superfícies comerciais.
O poder germinativo, muitas vezes indicado nos pacotes de sementes, representa a percentagem de sementes de um determinado lote que germinam e dão origem a boas plântulas, num período de tempo determinado. Por exemplo, 70% significa que em média em cada 100 sementes germinarão 70. Veja, de seguida, algumas recomendações a ter em conta antes de avançar para um projeto de sementeiras caseiras.
O que fazer para ter uma boa germinação?
Existem alguns truques, para aumentar o sucesso da germinação que não são mais do que entender o que se passa na natureza e como funciona uma semente. As sementes, de um modo geral, beneficiam se passarem por processos semelhantes aos que ocorreriam na natureza, como seja o frio do inverno.
Também beneficiam se passarem por um processo semelhante ao de serem ingeridas por animais e passarem pelo seu trato gastrointestinal. Para que a taxa de germinação seja tão alta quanto possível é comum proceder-se a alguns tratamentos pré-germinativos, sendo estes uma tentativa de reproduzir circunstâncias semelhantes às que ocorrem na natureza.
3 tipos de tratamentos de pré-germinação caseiros
1. Escarificação
Consiste em raspar a casca da semente para que chegue ao interior mais rapidamente a humidade, luz e temperatura. A imersão em água/em ácido/em álcool/em fitoreguladores é um processo ao qual chamamos de colocar as sementes de molho.
2. Choque térmico
Provocar uma mudança de temperatura quer por frio, quer por calor.
3. Conjugação de tratamentos
O que melhor replica o que acontece na natureza. No caso de um pacote de sementes que, embora na validade, as sementes possam estar lá há muito tempo e estarem dormentes, uma vez que não passam pelo processo natural da alternância das estações do ano, devemos colocar o pacote no frigorífico por um período mínimo de uma semana para provocar o choque térmico pelo frio. Retiramos as sementes e colocamo-las em imersão 24/48 horas para incharem.
Assim, fazemos uma conjugação de tratamentos que irá facilitar o processo germinativo e imitamos o que aconteceria no ciclo natural da semente. Um outro exemplo muito conhecido é o de colocar de molho por 24 horas em água com vinagre ou água com vinho as sementes das cucurbitáceas (abóboras, pepinos e melancias, por exemplo).
De acordo com um ditado, antes de semear os melões têm de se embebedar. Estamos a imitar o processo de fermentação que ocorre no interior destes frutos quando não são abertos e se deixam de um ano para o outro. Para cada planta há que pensar como seria o seu meio natural de dispersão e época do ano e tentar através das técnicas anteriores ver quais as que melhor se adaptam.
Veja na página seguinte: As melhores alturas para semear
Quando semear?
Devemos recorrer às indicações dadas no pacote de sementes e ao calendário agrícola lunar.
Que substrato usar para semear?
O substrato deve ter uma granulometria suficientemente pequena para que a semente esteja bem aconchegada e características que propiciem a germinação em condições ótimas, tais como:
- Boa porosidade (garante trocas gasosas e boa drenagem)
- Boa capacidade de retenção de água
- Nível de fertilidade adequado
- Isento de infestantes
- Isento de pragas e doenças
- Não conter elementos tóxicos
Há muitos substratos disponíveis, sendo os mais comuns a terra vegetal, areia, turfa e outros como a perlite e vermiculite, e muitas vezes uma mistura de vários.
Como semear?
Diretamente no solo ou em contentor. É cada vez mais comum fazerem-se as sementeiras em contentor, que pode ser um tabuleiro de alvéolos ou um vaso, que nos permite controlar o processo de germinação e evitar a perda de sementes. Ao ar livre muitas sementes são perdidas porque são consumidas por animais diversos entre eles os pássaros.
Como fazer a distribuição da semente
A lanço, a técnica tradicional de lançar as sementes à terra e esperar que fiquem uniformemente distribuídas, utilizando-se uma densidade de sementeira de acordo com o indicado para a cultura. Na técnica de linha, as sementes são distribuídas em linha, com os espaçamentos na linha e entre linhas indicados para a espécie no pacote de sementes.
Ao covacho, as sementes são colocadas numa covinha aos grupos de 2 ou 3 sementes para que não haja falhas de sementeira. Esta solução implica que, depois da germinação, quando as plantinhas já estão formadas, se desbastem as mais fracas e fique apenas a mais forte.
Veja na página seguinte: A que profundidade devemos semear?
A que profundidade devemos semear?
A cobertura da semente serve para promover as condições de temperatura e humidade convenientes à germinação, proteger contra o arrastamento pela água ou vento e contra predadores. A profundidade da sementeira depende do tamanho da semente, do tipo de substrato, do local de sementeira e da estação do ano.
O mais importante a ter em conta é que a profundidade de sementeira não deverá exceder duas a três vezes o tamanho do maior diâmetro da semente. Quando a semente fica demasiado enterrada, apesar de germinar não consegue levantar o substrato que está por cima e por vezes achamos que as sementes não estavam em boas condições.
Como regar?
A rega deve ser efetuada com água na forma de chuvisco fino para que as sementes não sejam arrastadas, fiquem descobertas, ou saiam fora dos recipientes onde as semeámos. Usar um pulverizador ou borrifador pode ser uma boa solução.
Texto: José Pedro Fernandes (engenheiro florestal)
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