Os terrenos não são todos iguais e os tipos de relvado a usar no jardim também diferem.

Se o seu jardim se localiza a sul do país, mais
propriamente Alentejo Sul, sobretudo junto à costa ou no
Algarve, aconselho vivamente que opte por um relvado de
relvas de verão, como a bermuda (Cynodon dactylon x C.
transvaleensis
) ou a Zoysia tenuifolia, esta última sobretudo
se o seu relvado for de pequenas dimensões.

É mais aconselhada para efeitos estéticos em áreas reduzidas do que para relvados maiores de utilização em família. A utilização deste tipo de relvas pode ser estendida
para Norte, embora a partir da região de Lisboa a uniformidade de coloração e desenvolvimento não esteja ao
melhor nível do potencial das relvas de verão, sobretudo a
Bermuda, mesmo no verão e onde terá grandes hipóteses
de passar o inverno dormente, com o característico
aspeto de palha seca que não agrada a todos.

À medida
que descemos de Norte para Sul, estas relvas passam a
maior parte dos invernos verdes e no verão atingem todo
o seu potencial.
As relvas de verão têm a grande vantagem de, mesmo no Algarve, onde permanecem verdes e com crescimento no inverno,
necessitarem de menos 25% a 50% de água e sensivelmente o mesmo
em fertilização.

Misturas recomendadas

Em relação às misturas de relvas de inverno a serem utilizadas nas diferentes
condições do seu jardim, o que tem que estabelecer primeiro
são as condições de sombra/sol do seu relvado.
As misturas à base de Festuca arundinacea, a espécie mais resistente e versátil das relvas de inverno, podem ter as outras componentes
adaptadas às diferentes condições.

Se pretender um relvado para condições de sombra, então sugiro
uma mistura de Festuca arundinacea a 80% com 20% de Festuca rubra
trycophilla
. Se, além da sombra, pretende uma relva que não tenha
a coloração típica da Festuca arundinacea durante os invernos frios e
secos, como o que tivemos neste último inverno, então sugiro uma
mistura com 60% de Festuca arundinacea, 20% de Lolium perenne e
20% e Festuca rubra trycophilla.


Veja na página seguinte: Substituições que resultam

Se pretender um relvado para condições de sol,
aconselho que substitua a Festuca rubra trycophilla por
Poa pratensis.

Se no seu jardim tiver condições de sol e de
sombra, pode optar por semear nestas zonas distintas
duas misturas distintas, a com Poa pratensis, nas
condições de sol e a com Festuca rubra trycophilla, nas
condições de sombra.


O aspeto estético destas misturas será idêntico
e o seu relvado terá o melhor desempenho nas duas
situações. Em condições de relvados instalados em zonas
costeiras muito expostas à salsugem pode optar por
uma mistura.

Pode misturar, por exemplo, 90% de Festuca arundinacea e 10% de
Puccinellia distans. Em zonas costeiras não tão expostas
ao ar carregado de sal, pode utilizar as misturas anteriormente
recomendadas com atenção para escolher
variedades com tolerância à salinidade.

Se pretender um relvado de aspeto mais fino, típico
de relvados desportivos, em que o nível de manutenção
mais elevado não for um obstáculo e em que a
coloração invernal verde intenso, for o que pretende,
então opte por um relvado à base de 50% de Poa pratensis
e 50% de Lolium perenne, em situações de sol e
substituindo a Poa pratensis por Festuca rubra trycophilla
em situações de sombra.

Dentro do vasto leque de gramíneas disponíveis
para relvado existem misturas possíveis para os mais
diversos gostos e condições, pelo que a gama de opções é grande e variada. É uma questão de avaliar
as condições que tem no seu jardim e o que pretende
da sua relva.

Cuidados a ter

Estas são algumas das recomendações que deve ter sempre em conta:

- Se tem cães, a bermuda é uma opção mais
resistente do que as relvas de inverno.

- Em caso de sombra muito elevada no seu
jardim, a bermuda não é a melhor solução já
que a resistência à sombra não é uma das suas
melhores caraterísticas.

- Lembre-se de que se a sombra for demasiado
elevada a relva pode não ser a melhor das opções,
já que neste caso existem outras herbáceas mais
adequadas ao revestimento de solo.

- A opção por variedades de Festuca arundinacea
menos suscitáveis à dormência invernal deve ser
uma preocupação para as zonas do país do centro
e norte.

Texto: Ana Caldeira Cabral