Acredito que a maioria dos meus leitores já parou para refletir sobre o seu propósito. Correto? Acredito genuinamente, porque atualmente fazemos todos parte de um sistema que procura, com muita urgência, por todas as frechas possíveis, um lugar que lhe permita respirar, um projeto/uma causa onde se sinta motivado, onde sinta que pertence e faz a diferença, através do seu coração gentil e generoso.
Somos todos, sem exceção alguma, indivíduos únicos: cada um de nós tem características específicas, dons que devem ser descobertos e colocados ao serviço no mundo.
Como é que podemos cumprir e viver o nosso propósito? Bem, em primeiro lugar, sugiro-lhe que não viva os seus dias obcecado em descobrir qual é. Eventualmente, um dia, vai sentir algo dentro de si, uma alegria, uma realização, uma paz silenciosa, através de algo que naturalmente, sem esforço, concretizou.
Neste momento, faça uma pausa mais consciente, e anote no seu diário:
- Qual era a sua atividade preferida, quando era criança;
- Três competências que os seus amigos sempre elogiaram em si;
- O que é que se revê a fazer sem ganhar dinheiro, numa primeira fase em regime de hobbie/voluntariado.
Apercebo-me, algumas vezes, que existem pessoas frustradas por não saberem identificar o seu propósito; pessoas que se sentem inferiores, juntos dos seus pares, por não considerarem que estão a viver mudanças radicais nas suas vidas, que não estão a realizar viagens/retiros espirituais, ou formações na área do desenvolvimento pessoal. Existem muitas pessoas que sentem o apelo à mudança, mas que não sabem por onde começar. Verdade? Pois bem, muitas vezes começar passa por ficar quieto, observar-se internamente. Demasiadas vezes ocupamos os nossos dias, com uma agenda cheia de tarefas, pois estamos em regime de fuga. Temos um pânico imenso de viver connosco próprios.
Experimente, esta semana, refletir na dinâmica das suas relações pessoais, profissionais e mesmo sociais.
Anote também, no seu diário:
- Quantas vezes por dia se apercebe que se desvalorizou a si próprio?
- Quantas vezes por dia se apercebe que desvalorizou algo que os seus filhos lhe disseram, por não corresponder às suas expectativas?
- Quantas vezes por dia se apercebe que desvalorizou a oportunidade de fazer a diferença, através de uma palavra gentil, junto da sua equipa de trabalho?
- Por quantos anos mais irá continuar a protelar avançar, com o seu projeto, porque decidiu acreditar que ainda não sabe o suficiente (após ter concretizado um conjunto de cursos)?
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o stress e a depressão são as pragas dos tempos modernos, sendo maior o número de vítimas destas causas, do que do VIH/Sida, ou, de acidentes de viação.
Não é à toa que falo da depressão e do stress. É precisamente por ser drástico — o valor elevado de pessoas que sofrem destas doenças — que existem outras tantas pessoas com uma oportunidade incrível de realizar trabalhos cujo objetivo é acolher quem precisa de orientação, de alguém que pratique a escuta ativa e desperte a tomada de consciência.
Citando Carl Gustav Yung, “ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”, este desafio é para todos nós, porque vivemos em espelho. Não acredito que a tecnologia consiga fazer a diferença neste sentido, pois existe em nós um coração pulsante e uma alma que sabe reconhecer outra, quando não permite que o próprio ego se assombre, ou que a sua sombra o faça refém.
Não viva em stress, se não sabe identificar o seu propósito, e não se permita entrar numa depressão se olha para o lado e sente que a sua vida está porventura estagnada.
Peça ajuda, se considerar que sozinho não consegue! O mais importante é garantir que escolhe viver os seus dias salvaguardando que existe um momento dedicado exclusivamente a si, à sua higienização mental e centramento do seu coração.
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