Vou contar-lhe uma história. Talvez já a conheça; ela pertence à mitologia grega e ilustra bem o desequilibro produzido com o excesso de identificação com as coisas materiais. É acerca de um homem que descobriu, de uma forma dolorosa, os seus equívocos acerca da verdadeira prosperidade. Todos podemos retirar um ensinamento positivo da História do Rei Midas.

O Toque de Midas: benção ou maldição?

Há muito, muito tempo, existiu na terra um rei que possuía mais ouro que qualquer outro monarca do seu tempo. Apesar de ser o mais rico do mundo, o rei Midas nunca estava satisfeito. A sua maior satisfação era passar os dias contando o seu tesouro que não parava de crescer. Ele tinha uma filha chamada Áurea, a quem muito amava. A sua forma de elogiar Áurea era sempre a mesma: “a minha filha é a princesa mais rica do mundo!".

A pequena Áurea não se importava nada com o ouro do pai. Passava longas horas do dia brincando sozinha no seu jardim, ao ar livre, rodeada de flores. O pai, ocupado em aumentar a sua riqueza, quase nunca tinha tempo para passear com ela, contar-lhe histórias ou cavalgar nos seus magníficos corcéis.

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Um dia, já ao por do sol, estava o rei Midas nas suas impressionantes salas do tesouro brincando com as moedas, rindo e deleitando-se como uma criança com os seus brinquedos. De repente, uma sombra projectou-se sobre as o ouro: o rei ergueu o rosto, surpreendido porque se havia trancado por dentro na sala, e encontrou a face sorridente de um estranho de longas e brilhantes vestes brancas. Por breves instantes, o Rei Midas temeu pela segurança do tesouro mas o estranho, sempre a sorrir, interpelou-o com uma gentileza incomum:

- “Vossa Excelência tem muito ouro!”
- “É verdade, respondeu o rei Midas, mas ainda não é suficiente comparado com toda a riqueza do mundo.”
- Então todos estes imensos tesouros ainda não satisfazem Vossa Excelência? - perguntou o estranho.
- É claro que não! Quanto mais ouro tenho, mais fascinado fico com ele. Ambiciono encontrar uma forma de transformar em ouro tudo que tocar!”.
- É mesmo isso que Vossa Excelência realmente deseja?
-Com certeza! Nada me faria mais feliz.
- Vossa Excelência, o seu desejo será realizado amanhã de manhã: aos primeiros raios de sol, o toque de ouro será seu.

E dito isto, o estranho desapareceu. O rei Midas inquieto esfregou os olhos julgando que tinha sonhado, mas secretamente estava muito entusiasmado com a ideia!

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Na manhã seguinte, o rei Midas acordou particularmente cedo. Imediatamente estendeu as mãos e tocou a acetinada colcha da cama. Nada aconteceu. “Eu sabia que não podia ser verdade” - pensou desiludido. Então, nesse exacto momento, entraram pelas janelas coloridas de vitrais, os primeiros raios de sol. A colcha onde estava poisada a sua mão transformou-se instantaneamente em ouro puro. - É verdade! É verdade! - gritou ele, fora de si.

Saltou da cama e correu pelo quarto real tocando em tudo que havia. O manto real, o toucador, os móveis, tudo se transformou instantaneamente em ouro. Foi à janela e olhou para o jardim da sua amada Áurea. “Vou fazer-lhe uma grande surpresa”, disse ele. Desceu ao jardim e tocou todas as flores de Áurea, transformando-as em ouro. “Ela vai ficar muito satisfeita”, pensou.

Voltou aos seus aposentos para aguardar a chegada do pequeno almoço; deitou-se numa sumptuosa cadeira de veludo carmesim e dispôs-se a retomar a estimulante leitura da noite anterior, mas assim que as suas mãos tocaram o livro, ele transformou-se em ouro maciço. “Não posso ler, assim” - disse o rei - mas é bem melhor ter um livro de ouro.

Foi então que entrou no quarto um camareiro com a bandeja do seu delicioso pequeno almoço. “Que maravilha!” exclamou o rei. “Vou começar pelo pêssego, que está vermelhinho de tão maduro”.

Pegou nele mas, antes de conseguir trincá-lo, já o pêssego se havia transformado numa bola de ouro. O rei Midas colocou-o novamente no prato. “É muito bonito, mas não posso comê-lo!” disse ele. Já com fome, pegou numa suculenta broa de milho, mas também ela se transformou em ouro. Colocou a mão no copo com sumo de frutas, mas tudo se transformava em ouro. De repente, o rei ficou preocupado, pois não tinha pensado naquilo antes. “O que é que eu vou fazer? Tenho fome e sede. Não posso comer nem beber ouro!

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Foi nesta altura que a pequena Áurea entrou no seu quarto. Vinha a chorar, muito triste e trazia nas mãos uma das suas rosas.

- O que é que aconteceu, querida?
- Oh, papá! Veja o que é que aconteceu às minhas rosas! Estão todas duras e feias!
- Oh filhinha, são rosas de ouro! Não acha que estão mais bonitas agora?
- “Não”, disse ela a soluçar. – Já não têm o perfume agradável que tinham e não podem crescer mais. Gosto de rosas vivas.
- “Não se preocupe”, disse o rei. “Venha tomar o seu leite”.
Entretanto, Áurea percebeu que o pai não comia e que estava triste. “O que é que aconteceu, querido pai?” - perguntou ela, aproximando-se. Deu-lhe um abraço, e ele beijou-a ternamente. Mas, de repente, o rei soltou um grito de pavor. Ao tocá-la, o lindo rostinho transformou-se imediatamente em ouro brilhante, os olhos já não podiam ver, os lábios já não conseguiam beijá-lo, os bracinhos já não o podiam enlaçar. Deixou de ser uma adorável e carinhosa menina; transformara-se numa estatua de ouro.

O rei Midas baixou a cabeça soluçando convulsivamente.

- Vossa Excelência está feliz? – perguntou então alguém. O rei levantou a cabeça e viu o estranho de vestes brancas a seu lado.
- Feliz! Como te atreves a perguntar uma coisa dessas? Sou o homem mais triste na face da terra! - gritou o rei desesperado.
- Vossa Excelência tem o toque de ouro. Não era o que mais queria?
O rei Midas não respondeu nem tornou a olhar para ele.
- O que Vossa Excelência prefere realmente: comida e um copo de água fresca ou essas pedras de ouro? – perguntou o misterioso personagem.
O rei Midas não conseguiu responder.

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- O que prefere realmente ter, ó Majestade? Esta estatueta de ouro ou uma menina que pode correr, rir e amá-lo?
- Ah, devolva-me a minha adorada filha Áurea e eu abdicarei de todo o ouro que tenho! - disse o rei. - Perdi a única coisa que realmente tinha valor para mim.
- Vossa Excelência demonstra agora mais sabedoria do que antes - disse o estranho. - Vá mergulhar no rio que passa nas traseiras do jardim, e depois traga um pouco da sua água para lançar sobre tudo aquilo que deseja que volte ao normal. Dito isto, desapareceu.
O rei Midas levantou-se de um salto e correu até ao rio. Mergulhou, encheu um balde de água e regressou ao palácio. Atirou a água sobre Áurea e as cores voltaram a iluminar o seu rosto. Ela tornou a abrir os olhinhos azuis.

– Oh papá! - disse ela - O que é que aconteceu?
A chorar de alegria, pegou nela ao colo.

A partir daí, o rei Midas nunca mais se preocupou com ouro algum a não ser o doirado do brilho do sol e dos cabelos da pequena Áurea.

Todas as nossas decisões nos conduzem para um determinado caminho, que é sempre consequência dos nossos actos. Aprendamos a sair vencedores das nossas escolhas, não vítimas
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"Aquele que está satisfeito com o que tem é rico ".
Lao Tsé

Vera Faria Leal

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">">Convidada: Vera Faria Leal

Vera Faria Leal é Licenciada em Relações Internacionais. Trabalhou em Comunicação Institucional, Relações Públicas, Marketing, Qualidade e Formação na Banca durante vários anos.

Diplomada por Louise Hay e convidada por Patrícia Crane - continuadora do trabalho de L.H. no mundo - com quem co-facilitou curso em Inglaterra, para ser a Formadora de Facilitadores do Método Louise Hay em Portugal, desde 2004.

Foi Consultora de Auto-Estima para o programa «Elas em Marte», na SIC Mulher, contando com diversas participações televisivas. Tem artigos publicados na imprensa sobre transformação pessoal e Astrologia.

Estuda Astrologia desde 1995. Faz Aconselhamento Astrológico e é professora de Astrologia Vivencial no Centro Quiron, realizando cursos e palestras no país.

Iniciou com Rui Peixoto em 2008 a Escola de Astrologia do Centro Alquimia do Ser.

Autora de vários livros e Cds de Desenvolvimento Pessoal e do DVD "O SEGREDO PARA ALÉM DE O SEGREDO". Fundadora em Portugal do movimento espiritual internacional: "Humanity`s Team - Juntos pela Humanidade", criado nos EUA por Neale Donald Walsch (autor de Conversas com Deus).
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