Um dos aspectos que mais me fascinou nos primeiros contactos com o estudo da Astrologia – e ao mesmo tempo me causou um certo temor – terá sido o facto de me identificar psicologicamente com a “linguagem” que o meu mapa natal me revelava.

Uma abordagem que deixou de lado muitos mal-entendidos – infelizmente bastante cultivados – tais como a associação da Astrologia a padrões de predestinação, missão, adivinhação ou karma.

Na verdade, não esperava, e continuo sem esperar, respostas a perguntas tipo: “Porque é que isto me acontece a mim?”, “Vou melhorar de vida?” ou talvez a sempre célebre “Ele é o meu príncipe encantado?”.

Não esperava, e em abono da verdade continuo sem esperar, respostas a esse tipo de formulações, mesmo que sejam muito válidas para outras pessoas. Preocupava-me sim em querer saber se efectivamente aquele mapa me representava, com todo o narcisismo que isso pode ter.

A minha personalidade, as minhas emoções estavam representadas por aqueles signos, planetas, casas ou aspectos? A resposta só podia surgir pela minha identificação ou não com a simbologia do mapa.

A resposta, que vai tendo cargas adicionais todos os dias, foi que aquele mapa “estranhamente” me representava. E isso foi um fascínio, dar conta que uma linguagem “dos céus”, tão abrangente, era capaz de me reconhecer. Como se fosse de uma importância única a minha existência. E, certamente, não só a minha, mas a de todas as pessoas, que o conheçam ou não, têm dentro de si os códigos de algo que os transcende, mas que é único e universal ao mesmo tempo.

Compreender que só aquela podia ser a minha Lua (carências, maternidade, inconsciente) e não uma outra... porque eu sou assim, ou que apenas aquele podia ser o meu Marte (acção, desejo, etc, etc) e aquela a minha Vénus (valores, auto-valor, etc) e mais nenhuma outra.

É a sensação de olhar um espelho e vermos a nossa imagem reflectida. E neste fenómeno existe, pelo menos existiu, também um temor inicial – se eu me revejo, os outros também me podem descodificar – mas que de alguma forma é superado pela vontade de ser capaz de me “redescobrir”. Um mapa é assim, e na minha perspectiva como estudante, com muito mais certamente por compreender... um roteiro na nossa caminhada pela vida, onde podemos encontrar as nossas melhores qualidades e os nossos piores defeitos.

Uma visão que pode ter muito de subjectivo, mas que os nossos códigos interiores são capazes de decifrar. Se calhar não no tempo e espaço que gostaríamos, mas talvez quando, e apenas só, a nossa consciência o for capaz de absorver.

por Rita Moura

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