Não se conheciam de lado nenhum. Vinham de Nova Iorque e ficaram, por mero acaso, sentados lado a lado. A meio da viagem, que apanhou parte da noite, envolveram-se sexualmente. Foi o suficiente para passarem a pertencer ao mile-high club, o clube virtual das pessoas que gostam de fazer sexo real em aviões. Jacqueline Fernandez e Sidharth Malhotra, duas celebridades indianas, já assumiram publicamente que são adeptos da prática.
Chris Pratt, o ator norte-americano que brilha ao lado de Jennifer Lawrence, no filme "Passageiros", também. Segundo os especialistas, a baixa pressão atmosférica das cabines torna o orgasmo mais intenso. A diferença é que eles, ao contrário da maior parte dos cidadãos comuns, têm a possibilidade de o fazer nas luxuosas casas de banho dos aviões privados, substancialmente mais espaçosas que as dos aviões comerciais.
Mas não são só os passageiros que gostam de emoções intensas nas alturas. "Muitos pilotos e comissários de bordo integram o mile-high club", assegura Shreya Suresh Kumar, uma jornalista que já investigou o fenómeno. "Tudo começou quando inventaram o piloto automático", afiança. Lawrence Sperry, o homem por detrás dessa inovação, foi vítima dela em 1916, quando o avião em que seguia se despenhou nos EUA.
Quando um grupo de caçadores de patos, que chegaram antes da equipas de socorro, o encontraram, em Great South Bay, na costa de Long Island, viram que estava nu. No momento do acidente, estaria a ter relações sexuais com a socialite que o acompanhava, também ela como veio ao mundo. Anos mais tarde, a descoberta de uma hospedeira que se servia das viagens comerciais que fazia para se prostituir foi um escândalo.
Os relatos dos (muitos) que já experimentaram
No ar, a menor concentração de oxigénio dá origem a um princípio de hipóxia, uma doença caracterizada pelo baixo teor de ar nos tecidos orgânicos que, de acordo com muitos sexólogos, aumenta a intensidade do prazer no momento do clímax. Quando a marca de preservativos Durex realizou um estudo sobre o fenómeno, no início da década de 2000, apenas duas em 300.000 pessoas assumiram já ter tido prazer nas alturas.
Em 2010, numa pesquisa da empresa Sensis Condoms, 3% dos inquiridos assumiram já ter experimentado. Desde que o façam discretamente, muitos dos comissários de bordo acabam por fazer vista grossa. Não foi o caso do que, num voo que fazia a ligação entre Paris e Estocolmo, surpreendeu os passageiros ao fazer uma comunicação insólita. "Gostávamos de desejar felicidades reprodutivas ao casal que, há pouco, se aventurou na casa de banho", disse.
Apesar da excitação que fazer sexo no ar causa, a prática é ilegal. "As autoridades podem incluir os passageiros que são apanhados na lista de pessoas proibidas de viajar de avião", afirma a jornalista Lindsay Tigar, que também já escreveu sobre o assunto. Ainda assim, são muitos os que desafiam a legalidade, a fazer fé nos relatos que o site Mile High Club apresenta desde 1996. "Tapámo-nos com mantas", confidencia um canadiano.
Conheceu uma conterrânea que vivia na Alemanha junto à porta de embarque. Começaram a falar e, chegados ao avião, ele pediu para trocar de lugar com a idosa que ia ao lado dela na última fila para poderem continuar a conversa. "Começámos a flirtar de imediato e a falar de fantasias sexuais. Pouco depois, ela estava a abrir-me o fecho dos calções", prossegue. O resto da história está disponível online.
Aventuras sexuais a 1.600 metros de altura
Para os criadores do Mile High Clube, para poder integrar este clube restrito, os mais aventureiros têm de ter tido relações sexuais a um mínimo de 5.280 pés, 1.609 metros de altura. Um estudo da empresa de aviação Jetcost.co.uk, divulgado em 2016, garante que 89% dos comissários de bordo e das hospedeiras já quebrou as regras durante os voos, com 21% a assumir práticas sexuais com colegas de trabalho em pleno ar.
Desses, 14%, afirma que se envolveram sexualmente com passageiros. Um inquérito realizado pelo site Jetsetter apurou que 15% dos 1.600 viajantes que consultaram também assumia ter tido prazer acima das nuvens. Para facilitar a vida aos adeptos da prática, uma empresa desenvolveu a AirDate, uma aplicação móvel, que funciona com tecnologia Bluetooth, que aproxima as pessoas que estão a fim de uma viagem mais excitante.
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