Gestos como acenar com a mão para mandar parar ou telefonar para pedir um táxi são cada vez mais obsoletos. A própria rede nacional de táxis já deu conta desta mudança de rotinas por parte dos portugueses e por isso decidiu aderir ao MyTaxi no final de 2015.

O serviço tradicional tinha de fazer frente ao crescimento da Uber em Portugal e, além da modernização através do lançamento da aplicação para smartphones - atualizada recentemente - foram muitas as manifestações contra as plataformas digitais, uma luta que persiste desde 2015 e só terá fim à vista no próximo mês de novembro.

Em setembro passado, 'aterrou' a quarta plataforma exclusivamente digital em Portugal, a francesa Chauffeur Privé, e por isso decidimos abrir as apps disponíveis num smartphone e fazer contas à vida dos portugueses. E não falamos de todos os portugueses, uma vez que há plataformas a operar apenas na capital. Vejamos quais são e as que mais lhe convém.

Uber

Foi a primeira plataforma digital a operar em Portugal, tendo chegado em julho de 2014. Para pedir uma viagem, é necessário descarregar a aplicação para o smartphone e registar-se com um cartão de crédito válido, pois não há dinheiro ou multibanco envolvido no pagamento do serviço.

Atualmente opera nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, na região do Algarve e nas cidades minhotas de Braga e Guimarães, contando com cerca de seis mil motoristas no total, a maior frota das plataformas electrónicas, mais conhecidas pela sigla TVDE (transporte em veículos descaracterizados).

A Uber disponibiliza opções de viagem com veículos como o uberX (económica), UberBLACK (topo de gama) e o UberGREEN (veículos elétricos).

A plataforma dispõe ainda do serviço Uber Eats, de entrega de refeições, que foi lançado em 2017 em Lisboa e, em maio deste ano, no Porto.

Exemplo de viagem e estimativa de valores: Praça Marquês do Pombal - Aeroporto de Lisboa

UberX - 6 a 9€

UberBLACK - 14 a 19€

UberGREEN - 6 a 9€

*os preços variam também consoante a procura dos utilizadores.

Cabify

Em maio de 2016 surgiu a Cabify. A plataforma espanhola ‘aterrou’ primeiro em Lisboa e, mais tarde, no Porto, Algarve e Funchal. Ao contrário da Uber, paga ao quilómetro e não pelo tempo que passa dentro do carro. Se estiverem ‘presos’ no trânsito entre o local de recolha e o destino, não paga mais do que o que a aplicação mostra na previsão. O valor médio por quilómetro é de 1,10€, enquanto na Uber é de 0,70€.

De todas as plataformas é a mais indicada para quem viaja com bebés (serviço baby), uma vez que disponibilizam cadeiras próprias para o transporte em segurança dos mesmos. Na categoria Lite (a mais económica), todos os veículos contam com um assento para crianças com mais de 15kg, sem custo adicional.

Durante uma greve de táxis em Madrid, a Uber e a Cabify ofereceram serviços gratuitos
Durante uma greve de táxis em Madrid, a Uber e a Cabify ofereceram serviços gratuitos créditos: EPA/TAMARA ROZAS

A Cabify conta ainda com as tarifas Group (van para grupos até sete passageiros) e Executive (veículo de um segmento superior).

Exemplo de viagem e valores obtidos na simulação: Praça Marquês do Pombal - Aeroporto de Lisboa

Lite - 8,09€
Group - 20,88€
Baby - 10,10€

*os preços variam consoante a procura dos utilizadores.

Taxify

A plataforma que foi fundada na Estónia chegou ao território português em janeiro deste ano, com uma frota composta, numa fase inicial, por 600 motoristas. Na altura, a Taxify teve como estratégia conquistar o mercado "com preços mais baixos para os clientes”, estando atualmente presente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e também na cidade de Braga.

Quanto aos preços, é semelhante ao sistema praticado pela Uber, com cada quilómetro a custar 0,60€ ao passageiro, mais 0,10€ por cada minuto dentro do carro. Tal como a plataforma norte-americana, o custo mínimo de uma viagem é de 2,50€, ao contrário da Cabify, que é de 3€.

Conta apenas com duas tarifas: a económica (taxify) e a indicada para grupos até oito pessoas, a XL.

Exemplo de viagem e valores obtidos na simulação: Praça Marquês do Pombal - Aeroporto de Lisboa

Taxify - 7,60€
XL - 11,80€

*A Taxify não tem tarifa dinâmica, ou seja, os preços não variam consoante a procura dos utilizadores

Chauffeur Privé

É o membro mais recente da família das plataformas digitais de transporte privado, tendo começado a operar a 17 de setembro deste ano na capital portuguesa, região onde opera exclusivamente, pelo menos para já. Em Lisboa vai começar a operar com 500 motoristas, prevendo duplicar este número até ao final do ano.

Fundada em 2012, em Paris, conta com mais de dois milhões de clientes fidelizados e cerca de 18 mil motoristas em França. É aqui que a empresa gaulesa distingue-se das outras: oferece um programa de fidelização, em que por cada 1€ gasto em viagens, ganha um ponto na conta que pode ser convertido em descontos nas deslocações seguintes.

Sérgio Pereira, diretor da Chauffeur Privé para Portugal
Sérgio Pereira, diretor da Chauffeur Privé para Portugal créditos: Chauffeur Privé

De acordo com o comunicado oficial, a Chauffeur Privé apresenta “a indicação do valor total a pagar pela viagem, que começa nos 2,50€ e não é suscetível de alteração, independentemente dos fatores externos que possam ter impacto na extensão e duração do percurso, como o caso do trânsito. Os carros, esses, são de qualidade superior, para um maior conforto durante a viagem e os motoristas criteriosamente selecionados.”

Exemplo de viagem e estimativa de valores: Praça Marquês do Pombal - Aeroporto de Lisboa

Standard - 6,75€

*o valor mínimo de uma viagem é de 2,50€

MyTaxi

É uma extensão do serviço nacional dos táxis tradicionais em Portugal, por isso não pode ser considerado uma TVDE. Contudo, é uma aplicação - criada em 2009 na Alemanha para ser expandida pela União Europeia- muito semelhante às outras referidas, onde poderá chamar um veículo através de uma app e realizar o pagamento através de cartão de crédito ou PayPal.

Outra vantagem é que não existe restrição de zonas, podendo ser utilizado de norte a sul do território continental, desde que haja táxis a operar na zona pretendida e que tenham aderido à plataforma digital. Funciona da mesma forma que as restantes aplicações, bastando escolher o ponto de recolha e o destino. De fora da zona abrangida ficam a ilha da Madeira e o arquipélago dos Açores.

Na app surge uma previsão do total a pagar no final da viagem, mas fica dependente do tempo que demorar a percorrer o trajeto. Tal como os táxis tradicionais, e ao contrário das TVDE, se estiver com bagagem terá de pagar (1,60€) pela mesma.

Para assinalar a chegada da versão actualizada da app MyTaxi aos smartphones, a empresa está a oferecer um voucher no valor de cinco euros para os clientes experimentem as novas funcionalidades.

Exemplo de viagem e estimativa de valores: Praça Marquês do Pombal - Aeroporto de Lisboa

Táxi (até quatro pessoas), XL (até oito lugares), Eco (veículos ecológicos) e Adaptados (para passageiros com mobilidade reduzida) - entre 6 a 7€

*Neste serviço, os preços não variam consoante a procura dos utilizadores

Um aspeto que distingue as plataformas digitais dos táxis, é que estes podem estacionar em praças próprias e recolher pessoas que lhes acenem e também podem utilizar a faixa bus. Já os Uber, Cabify, Chauffeur Privé e Taxify só podem ser chamados por reserva através da aplicação e não podem usar a faixa bus.

A lei que regulamenta as plataformas eletrónicas de transporte vai entrar em vigor em 01 de novembro, depois de longos meses de discussão pública e parlamentar. A 'lei Uber' pretende, pela primeira vez, estabelecer um regime jurídico aplicável à atividade de transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataformas digitais.

No passado 12 de julho, o parlamento aprovou a lei com os votos a favor do PS, do PSD e do PAN, e com os votos contra do BE, PCP e Verdes, sendo o CDS-PP a única bancada parlamentar a abster-se na votação. A 31 de julho. Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, promulgou o diploma.

Depois de ter dado entrada, em janeiro de 2017, no parlamento, a proposta de lei do Governo foi publicada em Diário da República a 10 de agosto, entrando em vigor no próximo 1 de novembro.