Dei graças por nunca enjoar, qualquer que seja o percurso ou meio de transporte e, sem pensar, saiu-me:

- Sabem… Se eu fosse um carro, acho que era um todo o terreno! – Percebi de imediato que as gargalhadas tanto resultaram do meu inocente tom infantil como do próprio conteúdo.

Mas, se pensarmos um pouco, muito se pode “retirar” desta “carrosofia” ! Há pessoas que são como aqueles carros, nem feios nem bonitos, que andam só por andar; há pessoas com raça e estilo inatos, que circulam pela vida como se tivessem o símbolo da Rolls a sair do meio da testa; e há outras que, como alguns tristes exemplos de carros tunning, acabam por ser uma fraude, ao fingir ser o que não são.

Alguns são como os carros familiares: espaçosos, fiáveis e confortáveis, capazes de “carregar” em segurança, quem quer que decidam transportar. E outros, como carros de corrida, apenas pretendem da vida as emoções mais fortes, mas normalmente estampam-se ao fim de umas quantas acelaradelas mais fortes.

Há ainda pessoas que lembram os veículos governamentais, que se suportam com dinheiros alheios para sustentar a forma faustosa de viver, que não têm modo de comportar. Outras são tal e qual ambulâncias ou carros de bombeiros, sempre prontas a meter-se nas vidas alheias, mas com as melhores intenções. Há os parecidos a camiões de carga e os que fazem lembrar os “mata-velhos”, sempre à frente dos outros, a atrasar-lhes a vida.

Há as pessoas que, como os mais belos carros, andam sempre no ponto, mas cuja “manutenção” costuma ser exorbitante e também há os desportivos, de linhas ergonómicas perfeitamente invejáveis. Mas os meus preferidos continuam a ser as pessoas todo o terreno, fiáveis nos caminhos mais duros. São estes que, embora sem o conforto de outros carros, são capazes de se transportar em segurança por caminhos que os outros não têm como percorrer.

  Ana Amorim Dias