“Os coelhos são animais que vemos cada vez em maior número nos lares portugueses. São muito inteligentes, afetuosos e curiosos, sendo um membro muito interativo da família, e é isto que os torna interessantes. Mas cuidar de um coelho como animal de companhia pode ser muito desafiante. Exigem cuidados particulares e uma vigilância apertada, pois tratando-se de espécies presa tendem a ocultar os sintomas de doença. Conhecer a natureza deste animal e os cuidados que exige ajuda a tornar esta relação mais saudável”, refere Susana Mendes, médica veterinária do AniCura Alma Hospital Veterinário.
Animais asseados e muito ativos
Garantir ao coelho um ambiente seguro e confortável é fundamental. Os coelhos são animais muito ativos e devem ter espaço para se movimentar, saltar e correr. “Não devem ser mantidos em gaiolas fechadas. Idealmente devem viver soltos numa divisão ou área da casa preparada de forma segura para eles. Em alternativa, poderão ser mantidos em cercados. As gaiolas podem ser mantidas abertas, com compartimento para a alimentação e WC. São animais asseados, e o fundo da gaiola deve ser revestido por material fofo de forma a proteger as patas, mas os pellets de madeira ou papel devem ser mantidos apenas dentro do WC. Este alojamento deve ficar numa zona tranquila da casa, bem ventilada, com temperatura amena e luz natural. É crucial ter especial atenção a fios, cabos, têxteis e outros objetos que possam roer”.
O coelho, um animal que gosta de brincar
Os coelhos são animais que carecem de tempo para interagir e brincar diariamente, o que pressupõe que os cuidadores avaliem a sua disponibilidade e condições antes de optarem por um coelho como animal de companhia.
“As consultas de aconselhamento pré-aquisição são úteis neste planeamento. Apelo também à adoção destes animais a partir de associações, ao invés da compra”, acrescenta Susana Mendes.
Quanto à alimentação, a médica veterinária lembra que “precisam de uma dieta equilibrada, composta maioritariamente por feno Timóteo, sempre disponível e essencial para o desgaste dentário e saúde intestinal, uma quantidade moderada de vegetais frescos e ração homogénea de alta qualidade em quantidade calculada para o seu peso e idade”.
Vigiar a saúde com regularidade
A saúde do coelho também deve ser vigiada com regularidade. A médica veterinária refere que “os coelhos são animais suscetíveis a problemas de saúde como o sobrecrescimento dentário, otites, neoplasias, certas doenças infeciosas e alterações gastrointestinais, por isso, é importante conhecer bem os hábitos do animal de estimação, de forma a detetar alterações subtis que poderão ser os primeiros sinais de doença. Um cuidador vigilante conseguirá agir rapidamente quando notar algo incomum”.
Check-ups semestrais são essenciais para detetar sinais de doença antes de se tornarem graves, e as vacinas são essenciais. Os coelhos devem ser vacinados contra a mixomatose e a doença viral hemorrágica (tipo 1 e tipo 2). A transmissão destas doenças é feita por vetores, por exemplo, picada do mosquito, pelo que mesmo coelhos de interior são suscetíveis de as desenvolver. Na maioria dos casos são doenças fatais e a vacinação é essencial. Outro tema importante é a esterilização de fêmeas, uma vez que a incidência de adenocarcinoma uterino chega a 79,1% em coelhas entre os 5 e 6 anos de idade. A castração dos machos pode ser útil em casos de alterações comportamentais e stress reprodutivo. É recomendável fazer estes procedimentos a partir dos 8-10 meses de idade, de forma a permitir o normal desenvolvimento do animal na fase de crescimento.
De uma forma geral, os coelhos podem ser excelentes animais de estimação para quem tem disponibilidade e tempo para dedicar-lhes. A prevenção é a melhor aliada de forma a garantir qualidade de vida e prevenir problemas. Com os cuidados de saúde e bem-estar adequados, um coelho pode ter uma esperança de vida longa, até 15 anos.
Este artigo é da autoria da AniCura, um grupo de hospitais e clínicas de animais especializado em cuidados médico-veterinários para animais de companhia.
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