
‘Eu sou assim’ é o título do álbum de estreia de Rita Gordo, que afirmou à Lusa ter vencido "inibições" e "nervosismos", salientando que ainda “há muito caminho para andar”.
O guitarrista Paulo Parreira, que produz o álbum, "teve uma papel fundamental, não só nos arranjos como em algumas ideias e muito no incentivo e em acreditar em mim", disse a intérprete.
Rita Gordo estudou piano e canto, foi aluna da Academia de Amadores de Música, toca viola como autodidata, participou no musical ‘Amália’, de Filipe La Feria, e viveu sempre rodeada de músicos, cantores e poetas, mas “nervosismo” e “insegurança” adiaram a decisão de cantar.
À Lusa, a intérprete e também compositora afirmou que “alguma vergonha de estar frente às pessoas” e “um nervosismo de secar a garganta” foram adiando a decisão, até “pelo que iam dizer”, tendo em conta os nomes dos seus pais.
Rita Gordo é filha da fadista Maria da Fé e do poeta José Luís Gordo, o que a inibia de se decidir a cantar, “até pelo receio das comparações”. No entanto, sublinhou, “esta é uma linha completamente diferente que nada tem a ver com fado”.
“Tenho uma linha completamente diferente. Levei tempo a descobri-la, sabia que não era ‘fado fado’, mas sempre gostei de cantar e o Paulo [Parreira] incentivou-me muito a gravar”, contou.
Guitarrista, compositor e o produtor do álbum, Paulo Parreira assina os arranjos e algumas composições em parceria com Rita Gordo.
A história deste álbum começou há cerca de um ano quando o pai editou o livro ‘Poemas do meu fado’ em outubro de 2010, a que juntou um CD, e a convidou a gravar um dos temas. Nessa mesma altura, apresentou-se pela primeira vez ao vivo numa homenagem a Maria da Fé pelo grupo de teatro Intervalo, em Algés, Oeiras.
“Eu cantava, mas tinha sempre receios e vergonha das pessoas. Mas o meu pai insistiu e eu escolhi ‘Sete pedaços de vento’, que a Cristina Branco canta. Era o único que sabia de cor. Depois o Paulo Parreira incentivou-me e o disco foi surgindo”, contou.
“Isto é aquilo que escolhi para cantar, sei lá se é fado, não sei, sendo filha de quem sou, quero ser eclética”, disse a intérprete.
O álbum é apresentado em Lisboa, no Jardim de Inverno do Teatro Municipal S. Luiz, no dia 28, às 23:00, e no dia 10 de fevereiro no Teatro Rivoli, no Porto.
No álbum, Rita Gordo é acompanhada por Paulo Parreira na guitarra portuguesa, Rogério Ferreira na viola e Francisco Gaspar no baixo e contrabaixo e ainda pelos músicos convidados Miguel Monteiro (saxofone) e André Pinto (percussão).
Constituído por doze temas, o CD, editado pela Ocarina, inclui a recriação de um fado de Maria da Fé, ‘Amor mais infinito’, dois temas de Paulo Bragança, ‘Farol’ e ‘Noite, janeiro, lua cheia’, um de Mafalda Arnauth, ‘Contra ventos e marés, e ainda ‘Sem carinho – Padre Nosso’, de dois autores clássicos do fado, Frederico de Brito e Armando Freire.
Dos temas que recupera, há ainda um de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, ‘Dindi’, que reflete o gosto “encontrar outras músicas, ter outros sons e construir entre tudo” a sua própria música.
Rita Gordo assina os temas ‘Segredo das coisas’ com Parreira, ‘Essência’ com Parreira e Rogério Ferreira e ainda ‘Ai meu amor, meu amor’.
O CD, explicou a intérprete, é “de confissões e afetos” e para ser escutado “com um início [o breve tema de abertura que parte de uma guitarrada de José Nunes] até ao último, ‘Encontro’, que é uma espécie de epílogo ou conclusão”, disse.
‘Encontro’ é assinado pela dupla Rita Gordo/Paulo Parreira, tendo a intérprete escrito ‘Perdidos e achados’ para a música do fadista João Maria dos Anjos.
16 de janeiro de 2012
@Lusa
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