Há algo no domingo que me perturba, me deixa inquieta, impaciente. Domingo é por excelência o dia da inércia, aquele em que é suposto descansar dos excessos de sexta e sábado; aquele em que é preciso retemperar forças para a semana que se aproxima.

Não gosto de marasmos. Nem de fins. Nem de domingos. Porque estes, se lhes permitirmos, tendem mesmo a reunir toda quietude do fim de um ciclo.

Os domingos são quase tão deprimentes como terminar um livro ou estar muito tempo sem sol. São aquele espaço de tempo que antecede o recomeço. E o recomeço é demasiado bom para ter que se esperar tanto por ele.

Ana Amorim Dias

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