Mais de metade dos portugueses inquiridos no estudo (63 por cento) dizem não doar nada. Destes, 49 por cento apontam como razão não ter meios e 13 não estarem interessados em ações de beneficência, adianta o estudo, que visou saber se as pessoas contribuem anualmente para estas causas, quanto doam, as razões por que o fazem e quais as organizações ou projetos que beneficiam dos seus donativos.
O estudo “Beneficiência”, realizado pela GfK em parceria com o Wall Street Journal Europe, decorreu em março e abril de 2011 em 19 países, num total de 13.950 entrevistas a cidadãos com mais de 15 anos. Em Portugal a amostra foi de 1.257 entrevistas.
Dos portugueses que contribuem para causas de beneficência, 71 por cento por cento afirmam que o fazem por razões de religião ou filosofia. Além disso, 6,4 por cento apoiam organizações de luta pelos direitos humanos e 2,8 ações relacionadas com animais e educação.
“Isto significa que Portugal está na cauda da lista das doações monetárias, assim como Espanha (27 por cento). Dos restantes países inquiridos, só a Turquia e a Colômbia apresentam piores percentagens”, descreve o estudo.
Ao nível da Europa, entre os que doam dinheiro para boas causas, 70 por cento dão entre um e 200 euros por ano, sendo esta percentagem ainda mais expressiva no caso dos portugueses (84).
Apenas 13 por cento dos europeus doam entre 200 e 500 euros, sendo esta percentagem quase o dobro no Reino Unido (22) e na Suécia (21). Nos EUA, 19 por cento dos inquiridos afirmam que investem esta verba em causas de beneficência anualmente.
Os holandeses são os mais generosos da Europa, com dois terços a contribuírem com dinheiro para associações. Os norte-americanos apresentam igualmente uma percentagem elevada de caridosos (67).
Onze por cento dos portugueses inquiridos dizem não doar dinheiro mas, em vez disso, oferecem algum do seu tempo para contribuírem para boas causas. Este número é particularmente elevado junto dos franceses (20 por cento), belgas (18) e brasileiros (20), sendo que a média dos europeus é de 12 e dos norte-americanos nove.
Segundo o estudo, 10,2 por cento dos portugueses dizem não dar dinheiro, mas doam bens como roupa e comida, enquanto um por cento faz trabalho de voluntariado.
Entre os portugueses, os programas humanitários anti-pobreza e as crianças necessitadas são as causas que recebem mais donativos - 67 e 54 por cento, respetivamente.
Em geral, as associações de beneficência relacionadas com crianças são as que mais apoios recebem dos europeus. Quase 40 por cento dos inquiridos afirmam financiar projetos para crianças necessitadas, seguidos de programas de ajuda humanitária (34) e de investigação na área da saúde (26).
Em Portugal, apenas seis por cento dos inquiridos dizem apoiar projetos de incentivo à investigação na área da saúde.
As organizações religiosas são especialmente alvo de donativos por parte dos alemães (27 por cento), espanhóis (23) e romenos (30). Em Portugal, são 6,5 por cento os que contribuem para esta causa.
Na Europa, na Alemanha e nos EUA, metade daqueles que estão envolvidos em causas de beneficência ou doam dinheiro para essas causas são motivados por crenças religiosas ou valores pessoais. Cerca de um terço apoia projetos com os quais têm uma ligação pessoal.
Apenas uma diminuta percentagem (dois por cento) cita motivos fiscais como uma razão para apoiarem organizações de beneficência.
Lusa
05 de julho de 2011
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