Não é segredo que Neil deGrasse Tyson, conhecido como “o astrofísico mais famoso do planeta”, tem dedicado a sua vida à exploração do cosmos e dos seus mistérios, bem como à divulgação da ciência junto do grande público. Comunicador nato, herdeiro da missão de Carl Sagan, as suas observações espirituosas e apaixonantes sobre ciência e o universo valeram-lhe uma das maiores comunidades online de seguidores de todos o mundo – seguidores que lhe escrevem em busca de conselho para as mais variadas dúvidas e aflições.

Dos milhares de cartas que recebe anualmente, selecionou as 101 missivas presentes no livro Cartas de um Astrofísico (edição Objectiva), convidando os leitores a participarem em diálogos sobre ciência, fé, filosofia e vida.

Do livro, publicamos o excerto abaixo:

Negacionismo científico

Algumas pessoas não gostam de cientistas. Umas pensam que a ciência é uma força política nefasta na sociedade. Outras, que a ciência é sobrevalorizada e que alastram nela os investigadores presunçosos. Algumas pessoas apenas procuram o que é verdade. Neste capítulo, lido com todas.

Ceticismo do ensino básico

Domingo, 1 de abril de 2007

Caro Dr. Tyson,

Sou aluno do ensino básico e assisti a um vídeo que mostrava cientistas que não acreditavam no aquecimento global. A minha principal pergunta para si é: acha que o aquecimento global de origem humana é verdadeiro e vale a pena estudá-lo mais?

Muito obrigado pela sua atenção,

Ray Batra

Prezado Ray,

Haverá sempre cientistas que discordam de quaisquer novos resultados de investigação. O que é mais relevante são os dados revistos por pares e publicados, e as tendências de investigação para que apontam. Conheço o vídeo que referes. Nele são entrevistados cerca de meia dúzia dos principais cientistas que contestam as causas antropogénicas do aquecimento global e um punhado de não-cientistas, como políticos.

Em princípio, nada há de errado nas opiniões discordantes. Porém, como o aquecimento global tem ramificações políticas e económicas, o dinheiro flui facilmente para criar vídeos protagonizados por essa fração de cientistas. Fiz a revisão da literatura publicada por um deles. Ele é, sem dúvida, cientista do clima, mas não da área das alterações climáticas. As publicações que faz contra as alterações climáticas são sobretudo artigos de opinião para jornais e outras publicações não revistas por pares.

Compare-se isso com o registo de publicações de James Hansen, da NASA, e não há dúvida sobre quem está mais próximo do problema. Junte-se então o vasto corpo de literatura revista por pares, da autoria de cientistas das alterações climáticas — e não apenas investigadores do clima —, e não há um caso significativo a apurar. Encontram-se alguns dissidentes, mas não têm dados ou são seletivos naqueles que citam.

Todos os cientistas são humanos, sujeitos às fragilidades, enviesamentos e sensibilidades humanas. É por isso que as tendências nos dados continuam a ser o principal indicador do que é verdadeiro em ciência, e não os testemunhos apaixonados dos próprios cientistas.

Atenciosamente,

Neil deGrasse Tyson

Neil deGrasse Tyson
Neil deGrasse Tyson. créditos: Wikimédia Commons

Mais mal do que bem?

Quinta-feira, 19 de março de 2009

Sr. Tyson,

Terá a busca do conhecimento científico conduzido a mais mal do que bem para a vida neste planeta?

Quero esclarecer, e deixar bem claro, que não tenciono hostilizá-lo, nem à busca de conhecimento científico. Sou apoiante da ciência e acredito, de facto, que hoje faz mais para nos ajudar do que para prejudicar.

A minha interrogação tem mais que ver com a questão de saber se nós, enquanto humanos, em última análise causámos danos possivelmente fatais ao nosso planeta através das nossas atividades que, temos de reconhecê-lo, caem no âmbito de empreendimento científico. Pólvora, energia a carvão, o motor de combustão interna, armas nucleares — estes são contributos científicos para a vida na Terra.

Acredito que estas podem ter sido, de alguma maneira, inovações inevitáveis a partir do momento em que deixámos a savana e iniciámos o desenvolvimento de tecnologia que nos permitiu sobreviver fora do nosso nicho ecológico.

Porém, sendo o senhor um humano profundamente ponderado e brilhante, mais até do que apenas cientista, queria perguntar-lhe se alguma vez refletiu nesta questão: se pudéssemos voltar atrás nessas coisas, não seria melhor para este planeta? Não só para nós, humanos, mas para toda a vida?

De qualquer modo, obrigado pelo seu excelente trabalho na difusão da palavra da ciência no mundo moderno. O que quer que possamos ter feito antes, decerto precisamos de ciência agora.

Cumprimentos,

Dakkan Abbe

Caro Sr. Abbe,

Obrigado pela sua carta.

Penso que uma lista do que há de bom na ciência ultrapassa de longe a lista do que nela há de mau. Porém, o que na realidade importa é que a ciência não é boa ou má por inerência. É apenas uma base de conhecimento sobre o modo como o mundo natural funciona. São as aplicações de engenharia da ciência a adquirir a aura do bem ou do mal. E como nenhum país com qualquer poder efetivo alguma vez elegeu um cientista ou engenheiro para líder, as pessoas que detêm os recursos para financiar esse bem e esse mal são políticos. Portanto, a sua pergunta poderia ter sido facilmente reformulada com a palavra política no lugar de ciência.

O controlo da natureza não é exclusivo nos humanos. Os castores devastam o meio que habitam. Temos comentários revisionistas em relação ao que eles fazem: «Os seus diques criam um habitat para todo o tipo de vida selvagem», quando, na verdade, alteram por completo a ecologia local. Os enxames de gafanhotos e cigarras também provocam desequilíbrios nos seus habitats. Qual o pior de todos? Há quatro mil milhões de anos, as cianobactérias transformaram a atmosfera da Terra ao produzirem O2, a maior convulsão ecológica da história da vida na Terra, matando todas as bactérias anaeróbicas que viviam à superfície.

De olhos postos no céu: V1 - A estrela mais importante do Universo
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As alterações climáticas com origem antropogénica não são (de momento) imparáveis. E, como é óbvio, a solução virá da ciência e da tecnologia, por intermédio de uma liderança esclarecida. Tal como o problema surgiu da ciência e da tecnologia — por causa de liderança de vistas curtas. No entanto, nada há de novo neste ciclo.

Resolvemos o problema da escassez alimentar no mundo* — que era um temor tão grande no final do século XIX quanto tem sido o aquecimento global no século XXI. Também temos feito (nos Estados Unidos) um enorme progresso quanto ao problema da poluição, depois de ter sido identificado e articulado na década de 1970. A Agência de Proteção do Ambiente (APA) foi constituída para supervisionar este esforço, e agora os rios, as terras e o ar na América estão mais limpos do que em qualquer outra altura desde o início da Revolução Industrial.

Muitos afligiram-se por a ciência aplicada à agricultura e à criação de animais poder despojar os alimentos dos respetivos nutrientes ou sabor. Isto aconteceu em parte, de facto. Daí que hoje (nos Estados Unidos, mas sobretudo na Europa) haja um vasto movimento bem-sucedido para a produção agrícola local e orgânica.

É por isso que conservo a confiança que a si lhe falta: porque a ciência tem capacidade para resolver os problemas que cria ocasionalmente, desde que exista a vontade política e cultural de o fazer.

E insisto que, sem o progresso da ciência, hoje seria o escravo de alguém e metade das pessoas no mundo não teriam sobrevivido para lá dos cinco anos. Não só isso, como 70% dos que sobrevivessem estariam a trabalhar duramente em quintas, quase não produzindo alimento suficiente para a população crescente.

Não obstante, agradeço-lhe a sua questão, o seu interesse e os seus amáveis comentários sobre o meu trabalho.

Atenciosamente,

Neil deGrasse Tyson

Evolução versus criacionismo

Domingo, 3 de agosto de 2008

Caro Dr. deGrasse Tyson,

Tenho assistido a um certo nível de conflito em relação ao ensino da evolução em oposição ao criacionismo. Se li corretamente, acredita na evolução (como também eu), mas isso significa que não acredita em «Deus» ou num poder mais elevado?

Sobre o autor

Neil deGrasse Tyson nasceu em Nova Iorque em 1958. Formou-se em Física em Harvard e doutorou-se em Astrofísica na Universidade de Columbia. As suas áreas de investigação são vastas e incluem a formação das estrelas, as galáxias anãs e a estrutura da Via Láctea. Escreve regularmente para várias publicações científicas. É um renomado divulgador científico, autor de livros como Astrofísica Para Pessoas com Pressa, Morte por Buraco Negro e Origens. É diretor do Planetário Hayden no Museu Americano de História Natural e foi o apresentador da série Cosmos, uma Odisseia no Espaço-Tempo, em 2014. Foi eleito pela Time como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo.

Acabei por ficar muito confusa acerca daquilo em que acredito. Fui criada como católica durante toda a vida (frequentei um liceu franciscano só para raparigas e a Universidade Marquette, um estabelecimento jesuíta), mas tenho dúvidas de peso a respeito de um poder mais elevado. Somos como uma partícula no grande esquema das coisas… na verdade, menos do que uma partícula. Pergunto-me quais são as suas impressões. Espero não ter colocado uma pergunta tabu. Se assim foi, lamento muito. Caso contrário, aguardo a sua resposta.

Obrigado, Dr. deGrasse Tyson.

Atenciosamente,

Jackie Schwab

Prezada Sr.ª Schwab,

Obrigado por partilhar com franqueza a sua angústia em relação a um poder mais elevado.

Alguns pontos…

A teoria da evolução não é algo em que «acreditar». A ciência orienta-se pelas evidências. E quando a forte evidência sustenta uma ideia, o conceito de crença, se usado no sentido que as pessoas religiosas atribuem à palavra, é desnecessário. Por outras palavras, a ciência estabelecida não é um conjunto de crenças, é um sistema de ideias apoiadas em evidência verificável.

Não me perguntou se acredito no nascer do Sol. Ou se acredito que o céu é azul. Ou se acredito que a Terra tem uma Lua. Estas são verdades não controversas relativas ao mundo físico, nas quais a palavra «crença» não tem lugar. A evolução pela seleção natural é um pilar não controverso da biologia moderna. Ou seja, não é controverso entre os biólogos. Entre os fundamentalistas religiosos, a evolução biológica não se coaduna com o seu sistema de crenças baseado na fé, em que invocam a Bíblia como conhecimento infalível do mundo físico.

Isto conduz, por exemplo, a afirmações de que a Terra não tem mais de dez mil anos. E que houve literalmente um dilúvio em que toda a Terra ficou coberta por água. Nenhuma evidência o sustenta. Não só isso, como toda a evidência se lhe opõe. E, portanto, fica-se a «acreditar» em histórias que são comprovadamente falsas.

Mais uma vez, obrigado pelo seu interesse e pelas suas perguntas.

Neil deGrasse Tyson

Cartas de um Astrofísico
créditos: Objectiva

Versos corânicos

A 3 de junho de 2009, quarta-feira, Tahmid Rahim,** muçulmano, questionou-me respeitosamente por que razão, nas minhas diversas participações em documentários científicos e noutros eventos, nunca referia a ciência no Corão. Ele declarou que o Corão contém muitos versos que referem descobertas concretas da astrofísica moderna, da relatividade ao universo em expansão. Para um livro escrito por Maomé há mil e quatrocentos anos, isto seria extraordinário se fosse verdade.

Olá, Tahmid Rahim,

Obrigado pela sua nota.

Um grande problema das verdades reveladas por profetas divinos é que nunca ninguém fez uma previsão bem-sucedida de objetos ou fenómenos desconhecidos com base no conteúdo de quaisquer textos religiosos. O que costuma acontecer é que as pessoas devotas aprendem o que cientistas descobriram sobre o mundo natural e regressam depois aos seus textos religiosos em busca de passagens que indiciem o que já se sabe. Porém, como a informação é colhida depois do facto, não é útil para o progresso da ciência. Aquilo que tem de fazer, se está convicto da presciência e infalibilidade corânicas, é apresentar previsões sobre o mundo natural derivadas dos versos corânicos que promovam a investigação. Se algumas delas se revelarem verdadeiras (já agora, seria a primeira vez que isso acontecia), então os cientistas esquadrinhariam diariamente o Corão pelo seu saber.

Isto nunca aconteceu com quaisquer textos religiosos, razão pela qual não têm lugar na aula de Ciências. Por vezes, quando pessoas demasiado religiosas sentem que a ciência está em conflito com os seus textos religiosos, combatem os conceitos, declarando que há algo errado com a ciência.

Compile uma lista de predições de fenómenos desconhecidos, derivadas do Corão, e de bom grado as comentarei. Se não for assim, a ciência e religião não têm muito que dizer uma à outra.

Atenciosamente,

Neil deGrasse Tyson

Demonstrar Deus

Numa troca de ideias em 2008, Andrew McLemore deu parte do seu entusiasmo pela ciência como instrumento para perscrutar a obra cósmica de Deus. Contudo, interrogava-se sobre qual o nível de demonstração necessário para persuadir os céticos de que é mais do que provável que Deus exista.

Caro Andrew,

Penso muitas vezes no que poderia constituir uma prova da existência de Deus. E se, depois de ponderadas as diferenças de rendimento e de acesso aos cuidados de saúde, as pessoas devotas vivessem mais tempo do que as não devotas? E quando um avião se despenha, se só as pessoas devotas sobrevivessem? E se Jesus viesse quando as pessoas dizem que virá? (A segunda vinda dele tem sido prevista por cristãos para centenas de ocasiões que já passaram, cobrindo os últimos dois mil anos.)

E se todas as pessoas rezassem pela paz e depois todas as guerras no mundo terminassem? E se as coisas boas só acontecessem às pessoas boas e as más apenas às pessoas más? E se um terramoto sacudisse Lisboa, em Portugal, no Dia de Todos-os-Santos, enquanto toda a gente estava na igreja, como aconteceu em 1755, e só matasse as pessoas que não estivessem na igreja em vez das dezenas de milhares que estavam, como de facto aconteceu naquela fatídica manhã?

Estes acontecimentos desencadeariam uma conversa séria (científica) acerca da existência de Deus e da maneira como trata as pessoas que lhe prestam culto em contraste com as que não o fazem.

Atenciosamente,

Neil deGrasse Tyson

De olhos postos no céu: KIC 11145123 - A estrela mais redonda do Universo

Onde está a prova?

Em junho de 2008, Roger argumentou intensamente contra as descobertas da ciência que estão em conflito com declarações bíblicas sobre a evolução e a idade do universo físico. Chegou a chamar-me mentiroso arrogante. Só com base nesse insulto, a nossa conversa podia ter ido parar à caixa de Correio de Ódio deste volume, mas, no essencial, ele pôs em causa importantes descobertas da ciência moderna, o que fez com que viesse parar aqui, ao capítulo do negacionismo científico.

Roger,

Você duvida de todos os métodos de datação que alargam as cronologias do mundo para lá da história registada. Qualquer que seja a origem do seu negacionismo, não tem como prioridade a sua elucidação intelectual.

Medições obtidas por grupos independentes e recorrendo a métodos distintos com aplicação de diferentes princípios de investigação mostraram que:

  • A idade dos meteoritos é de 4550 milhões de anos +/–0,01.
  • A idade das rochas lunares é de 4550 milhões de anos +/–0,01.
  • A idade do Sol é de 4500 milhões de anos +/–0,1.
  • A idade da crosta mais antiga na Terra, um planeta que recicla a sua crosta através dos vulcões, é de 4000 milhões de anos +/–0,01.

A datação por meio do isótopo carbono-14 não é eficaz para além de algumas dezenas de milhares de anos, e é sobretudo útil em material que outrora foi vivo. Daí que seja muito usado para datar artefactos do tempo da Idade da Pedra encontrados em cavernas. Porém, os isótopos de vários outros elementos da tabela periódica são úteis para intervalos de tempo de milhões, dezenas de milhões, centenas de milhões e até milhares de milhões de anos.

Depois de se formarem, pode medir-se a fração de elemento radioativo que decai para outro elemento. Estes são os chamados elementos-filhos. Quanto maior a fração de elementos-filhos na amostra, mais antiga esta é. É tão simples quanto isso. Alguns elementos decaem muito mais lentamente do que outros, o que os torna úteis para alcançar e datar períodos mais prolongados.

Determinamos a idade do Sol mediante cálculos baseados na sua massa e a taxa a que consome energia, duas grandezas facilmente mensuráveis. Isto requer o conhecimento de que o Sol produz energia através de fusão termonuclear do hidrogénio em hélio.

Nada nestes resultados é controverso. Estamos todos decididos a passar aos problemas seguintes. Concluí que, se estes resultados não são bem aceites por algumas pessoas, isso deriva quase sempre de conflito com a expectativa preexistente de como deve ser o universo.

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Pergunta, ainda, se os humanos evoluíram a partir de macacos por que razão estes últimos deixaram de evoluir. A seleção natural conduz a evolução. E a evolução está a decorrer a toda a nossa volta. Constantemente. É mais visível entre as espécies que têm ciclos reprodutivos rápidos, nas quais as variações podem ser selecionadas e identificadas em escalas de tempo breves quando comparadas com uma vida humana. O ramo bacteriano da árvore da vida é enorme, muito mais vasto em variação do que se encontra entre os vertebrados, por exemplo. Entre as bactérias bem como entre os vírus, vemos constantemente especialização. Alguns dos mais visíveis são a peste suína, a SIDA e a doença do legionário. Estas calamidades só passaram a existir na natureza quando formas anteriores sofreram mutações, tornando-se novas espécies, permitindo-lhes infetar formas de vida a que tinham previamente acesso.

Nem todas as espécies estão em constante evolução. Por exemplo, os celacantos são peixes demasiado bem-sucedidos que se alimentam no fundo do mar e não mudaram substancialmente nos últimos trezentos e sessenta milhões de anos. Os caranguejos-ferradura são ainda mais antigos: quatrocentos e cinquenta milhões de anos. Quando a espécie é bem-sucedida, não há um fator para influenciar a mudança. Entretanto, os mamíferos mudaram drasticamente ao longo dos últimos sessenta e cinco milhões de anos. Quando digo drasticamente, quero dizer a nível visual, não biológico. Partilhamos mais de 90% de ADN idêntico com todos os mamíferos, incluindo os ratos.

Entre os mamíferos na árvore da vida está o ramo dos primatas, como os lémures, os macacos e os grandes símios, incluindo os humanos. Costuma pensar-se que os humanos evoluíram a partir de macacos. Todavia, isso não é verdade. Todos temos um antepassado comum. O símio mais próximo de nós é o chimpanzé. Por outras palavras, os chimpanzés e os humanos têm um antepassado comum relativamente recente.

Como seria de esperar desta informação, somos de facto geneticamente mais próximos dos chimpanzés do que de qualquer outro animal no mundo. Ao contrário das suas afirmações de que os chimpanzés e os humanos são muito diferentes entre si, os chimpanzés e os humanos têm cada músculo e cada osso em comum. Os chimpanzés e os humanos têm até as mesmas expressões faciais. Mais importante, porém, é que só temos diferenças insignificantes no nosso ADN. Com efeito, em termos genéticos, nós e os chimpanzés estamos mais próximos uns dos outros do que qualquer um de nós está dos macacos do «Velho Mundo», em África.


* Claro que milhões de pessoas, sobretudo crianças, morrem de inanição todos os anos. Contudo, isso é atribuível a má política e a canais de distribuição arruinados, não a uma escassez de alimentos no mundo.

**  Nome alterado.