A julgar pela última campanha da Perlan, pôr a roupa a lavar é uma tarefa doméstica exclusivamente da mulher. O anúncio, publicado no site oficial da marca de detergente espanhola, está a dar que falar nas redes sociais devido ao seu cariz machista e por reforçar estereótipos sociais negativos em torno da figura feminina e que, neste caso, é representada como dona de casa.
No anúncio é possível ver cinco mulheres, todas elas vestidas com cores diferentes, e o tipo de detergente que mais se adequa ao seu estilo e personalidade. De acordo com o site BuzzFeed, parece tratar-se de um anúncio direcionado para as Spice Girls em que a marca “oferece um detergente para a mulher desportista (Mel C), a que usa roupa colorida (Geri), a que lava lã e peças delicadas (Emma), a que se veste sempre de preto (Victoria) e, por último, a que usa qualquer tipo de peça (Mel B).”
Nas redes sociais as reações não tardaram, com as mulheres a expressarem a sua indignação.
“Cada detergente associado a um tipo de mulher? Estou a dormir ou isto é real? Bravo pela publicidade sexista, Perlan”, “Claro… é só para as mulheres… os homens não lavam a roupa…” ou “Isto não é normal. É violência de género. A publicidade sexista é violência” são alguns dos comentários deixados no Twitter e que deram origem à hashtag #publicidadsexista.
Este tem gerado algumas polémicas ao longo do tempo. Recorde-se, por exemplo, que em julho passado o Reino Unido decidiu banir todas as campanhas publicitárias que perpetuassem estereótipos sexistas. Segundo a The Advertising Standards Authority (ASA), mecanismo responsável por regular as campanhas publicitarias no país, o objetivo é combater a forma sexista como as mulheres são representadas.
Tal como noticiou o jornal The Guardian, as regras vão apertar no que diz respeito a “anúncios que se acreditem estar a representar actividades apropriadas apenas para um género ou que façam troça daqueles que não se conformem aos estereótipos dos papéis de género”, contemplando ainda questões de “humilhação corporal”.
Tal como refere um relatório elaborado juntamente com o grupo GfK, uma das razões que levaram a ASA a avançar com estas sanções prendem-se com o impacto negativo que este tipo de anúncios podem vir a ter no futuro de milhares de pessoas.
“A nossa análise mostra que determinados estereótipos de género nos anúncios podem ser prejudiciais para os adultos e para as crianças”, refere Ella Smillie, autora do relatório ao jornal inglês. “Esta representação limita a forma como as pessoas olham para si, como os outros olham para elas e limitam as suas decisões diárias. Elevar os padrões nestas áreas que identificámos vai obrigar a abordar determinados problemas e assegurar que a sociedade moderna está melhor representada.”
Até ao momento a Perlan não se pronunciou sobre o assunto.
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