A felicidade de uma pessoa não é só uma escolha ou experiência individual, mas está também ligada à felicidade dos indivíduos com os quais tem ligações directas ou indirectas.

Esta é a conclusão de um estudo publicado na revista científica “British Medical Journal” e divulgada pela edição online da BBC.

Com recurso a análises estatísticas, os pesquisadores Nicholas Christakis, da Escola de Medicina de Harvard, e James Fowler, da Universidade da Califórnia, mediram a felicidade das pessoas associada às redes sociais às quais estão ligadas.

Segundo os dados do estudo, a felicidade de uma pessoa pode “contagiar” aqueles com quem ela se relaciona. «Mudanças na felicidade individual podem propagar-se em ondas de felicidade pela rede social e gerar grupos de felicidade e infelicidade», diz o estudo.

E não só. Conclui o estudo que não são apenas os laços sociais mais imediatos que têm impacto nestes níveis de felicidade. O sentimento consegue atingir até três graus de separação (amigos de amigos de amigos).

«As pessoas que estão cercadas de pessoas felizes e as que são centrais nessas redes de relações têm mais tendência a serem felizes no futuro», diz o estudo divulgado.

A pesquisa aponta que estes grupos de “felicidade” resultam da disseminação desse sentimento, e não são apenas o resultado de uma tendência dos indivíduos se associarem a pessoas com características similares.

Assim, um amigo que viva a uma distância de cerca de um km e que experiencie momentos de felicidade, aumenta em 25% a probabilidade de a outra pessoa ser feliz. Efeitos similares foram observados entre casais que moram na mesma casa (8%), irmãos que vivam a cerca de um km de distância (14%) e vizinhos (34%).

Surpreendentemente, essa relação não foi observada entre colegas de trabalho, o que sugere que o contexto social pode afectar na disseminação do sentimento de felicidade, diz o estudo.

A análise conclui ainda que a proximidade geográfica é essencial para a disseminação da felicidade. Neste sentido, uma pessoa tem 42% mais hipótese de ser feliz se um amigo que viva a menos de 800 metros de distância se tornar feliz.. O efeito é de apenas 22% se o amigo morar a mais de 2,2 km.

Para chegar a essas conclusões, os autores analisaram dados, recolhidos para um outro estudo, de 5.124 adultos entre os 21 e os 70 anos na cidade de Framinggham, EUA, , entre 1971 e 2003.

De acordo com Andrew Steptoe, especialista em psicologia do Colégio Universitário de Londres, «faz sentido intuitivamente que a felicidade das pessoas à nossa volta tenham impacto na nossa própria felicidade». «O que é surpreendente é que essa felicidade parta não apenas daqueles muito próximos, mas também de pessoas um pouco mais distantes», disse à BBC.

10 de Dezembro de 2008