Sentimos muitas vezes que não devemos hastear o estandarte da nossa beleza, inteligência, sentido de humor ou bondade. E, perante elogios inflamados, optamos por desvalorizá-los ou desmenti-los.
- Isto ficou perfeito! Tu és perfeita!
- Eu sei!- gritei lá do fundo.
- Deve dizer-se "obrigada" e não "eu sei"- comentou alguém a rir.
Fiquei a pensar...
Nesse dia, a crónica matinal ia nos noventa likes e uma fotografia minha, publicada ao fim da tarde, mas que não contava qualquer história, depressa superou a crónica. Deveria estar triste pelo facto de a beleza ser mais valorizada que a inteligência ou a arte? Ou devia ficar feliz por uma coisa complementar a outra?
Quando escolhemos calar os dons com que fomos abençoados, estamos a ofender a vida e isso conduz muitas vezes a que eles adormeçam em nós. O problema é que há muito quem se deixe levar por aquilo que os outros podem pensar. "Se eu bradar as minhas virtudes aos quatro ventos, o que vão pensar de mim?", é o receio que nos assiste. "Se eu me valorizar em voz alta pensarão que tudo o que tenho é um ego exacerbado."
Errado!
Devemos ser os primeiros a gostar de nós o mais possível. Temos a responsabilidade de conhecer os nossos pontos fortes, usá-los, melhorá-los e exclamá-los vezes sem conta até que os interiorizemos bem. Se estiver alguém a ouvir e ficar com a ideia errada, paciência! O certo é que para darmos ao mundo aquilo que de melhor temos, não o podemos esconder nem calar.
Quanto ao facto de a beleza valer mais que a inteligência ou vice-versa, isso que fique na escolha de cada um.
Ana Amorim Dias
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