Na última reunião anual da Sociedade Portuguesa de Ginecologia foram revistos os consensos nesta área: “As regras ditam que os consensos sejam revistos de 3 em 3 anos, no fundo pretende-se que as linhas gerais de orientação da matéria sejam revistas com periodicidade e à luz da evidência científica que entretanto se vai publicando”, afirma Daniel Pereira da Silva, director do Serviço de Ginecologia do IPO de Coimbra.

Não houve mudanças consideráveis em quaisquer das temáticas, mas, segundo o especialista, é sempre de bom-tom que as normas sejam revistas para além de seu o objectivo deste documento é que se estabeleçam protocolos para que as mulheres sejam tratadas de igual forma. A novidade é em relação aos tratamentos adjuvantes do cancro do ovário e em relação aos medicamentos usados.

“Quando a doente tem uma recorrência ou é resistente aos tratamentos de primeira linha (onde não houve novidades), nomeadamente, aquelas doentes que responderam mas que mais tarde voltam a ter uma recorrência, então aqui apareceu a trabectidina com uma toxicidade muito mais baixa e com resultados muito bons, no contexto em que é usada”, explica o especialista.

Por outro lado, consolidou-se que a cirurgia é indiscutivelmente a grande arma terapêutica. Na primeira abordagem cirúrgica deve ser feito o máximo esforço para que a mulher fique sem tumor, ou com residual mínimo, pois a sua sobrevivência vai depender deste facto, independentemente do que ela faça em termos de terapêuticas adjuvantes.

Apesar de os dados estatísticos apontarem um aumento nos casos de cancro em geral, no cancro do ovário os dados, seja na prevalência seja na incidência, mantêm-se iguais aos de 2005. “A taxa de incidência é de 6.6 por 100 mil mulheres. Este é o último registo nacional que temos apesar de existirem dados mais recentes são a nível regional”, refere o responsável, acrescentando que inclusive a mortalidade por cancro do ovário deve-se a duas circunstâncias: “o diagnóstico tem sido mais precoce, essa tem sido a grande arma que pode alterar a mortalidade, porque o ovário é um órgão que se manifesta com sinais tardios. A sobrevivência também decorre do facto de os tratamentos adjuvantes serem mais eficazes. Está perfeitamente assente o tipo de esquemas e de medicamentos que se usam e revelam-se não só melhor aceites pela mulher em termos de efeitos colaterais bem como um benefício na sua sobrevivência”.

10 de Janeiro de 2011