Ficção
A Nora e os Alcatruzes
Estamos em 1483, reinado de D. João II. No centro da trama deste romance histórico de estreia de João Corrêa Nunes, intitulado A Nora e os Alcatruzes, está a mais importante peça da história da pintura portuguesa: os Painéis de São Vicente, também conhecidos como Painéis de Nuno Gonçalves. Tem-se, até hoje, discutido o que significam ou quem retratam. Cinco séculos e muita polémica depois – desapareceram durante 400 anos -, como saber se a sua verdadeira história não será a que está neste livro, contada por um frade de Alcobaça? O autor acrescenta, em nota prévia: “Afirmaram já alguns que a este conjunto de seis pinturas, que hoje se encontram no Museu Nacional de Artiga, faltariam algumas outras, entretanto desaparecidas. A crer, todavia, no que aqui é contado, estas tábuas não teriam sido, no início, mais. Parece é que começaram por ser menos”.
A Nora e os Alcatruzes (Clube do Autor), de João Corrêa Nunes, tem o preço de 18 euros.
A Floresta de Birnam
A Floresta de Birnam. É este o nome do coletivo de cultivo de guerrilha que Mira Bunting fundou há cinco anos. Organização ilegal, cujas ações se concretizam na fronteira do crime com o altruísmo na Nova Zelândia, é um grupo ativista que, na clandestinidade, cultiva terrenos nos quais ninguém repara. Há já algum tempo que o grupo se esforça por ser autossuficiente, e, por fim, Mira parece descobrir uma possibilidade com forte potencial. Aquilo que lhes permitirá resistir a longo prazo resulta de um deslizamento de terras junto ao desfiladeiro de Korowai, que cortou a passagem para a cidade de Thorndike. A Natureza cria assim uma oportunidade na forma de uma grande quinta aparentemente abandonada.
Contudo, Mira não é a única com os olhos postos em Thorndike, pois Robert Lemoine chegou primeiro. Um enigmático multimilionário norte-americano, que construiu a sua fortuna em cima das novas tecnologias, quer ali construir um bunker para fazer frente ao apocalipse. Seduzido pela audácia desta, Lemoine sugere-lhe que se sirva daquelas terras. Mas será que podem confiar nele? E, quando a ideologia enfrentar o teste derradeiro, podem os elementos do grupo confiar uns nos outros?
A Floresta de Birnam (Bertrand Editora), de Eleanor Catton, tem o preço de 20,9 euros.
Conto de Fadas
Charlie Reade tem tudo para parecer um estudante normal do liceu, mas a verdade é que carrega um fardo pesado nos ombros. A sua mãe morreu num acidente de viação quando Charlie tinha apenas sete anos e a dor levou o seu pai à bebida. Charlie teve, por isso, de aprender a tomar conta de si desde cedo e também a tomar conta do pai.
Agora com 17 anos, Charlie faz dois amigos inesperados, e de forma igualmente inesperada: Radar, uma cadela pastora-alemã, e Howard Bowditch, o seu dono. O velho Bowditch vive recluso no topo de uma colina enorme, numa casa vitoriana em ruínas com um barracão fechado a cadeado nas traseiras. Por vezes, ouvem-se sons estranhos vindos de lá. E o nome por que é conhecida a residência? Casa Psico. Sim, tal como o filme.
Quando morre, o velho deixa ao rapaz uma gravação com uma história extraordinária, a do grande segredo que guardou durante toda a vida: a resposta está dentro do barracão, e levará Charlie e os leitores a um outro mundo. E será também aí que tem início esta aventura.
Conto de Fadas (Bertrand Editora), de Stephen King, tem o preço de 22,2 euros.
Velhos Adversários
Velhos Adversários, de John Grisham, é uma coleção de três novelas com cenários, personagens e temas distintos,
“Regresso a Casa” leva-nos a Ford County, cenário da melhor ficção de Grisham. Reencontramos Jake Brigance, desta feita longe da sala de audiências – o herói responde ao apelo de um velho amigo, advogado em Clanton, tal qual Jake, mas que três anos antes saiu em grande e à francesa quando pediu o divórcio à mulher, declarou insolvência e abandonou a cidade com o dinheiro de uns clientes.
Em “Lua de Morango” conhecemos Cody Wallace, um jovem recluso no corredor da morte e com apenas três horas de vida à sua frente. Os advogados esgotaram todos os recursos, o tribunal ditou a sentença e o governador do estado nega a derradeira hipótese de clemência. Encarcerado há quinze anos, Cody tem um último desejo: poder ver a Lua.
Os “Velhos Adversários” são os irmãos Kirk e Rusty Malloy, jovens advogados que herdaram o próspero escritório quando o seu fundador, e pai de ambos, foi posto atrás das grades. Há entre Kirk e Rusty um grande rancor, e o fiasco em que agora se tornou a sociedade de advogados acabará no colo de Diantha Bradshaw – a única sócia em que ambos confiam. Poderá ela salvar os Malloy, ou, pela primeira vez na sua carreira, colocar-se-á a si em primeiro lugar?
Velhos Adversários (Bertrand Editora), de John Grisham, tem o preço de 18.8 euros.
Os Náufragos do Autocarro
Num cruzamento de estradas secundárias do interior da Califórnia, Juan Chicoy e a mulher, Alice, exploram um restaurante-garagem, de onde parte o autocarro que Juan conduz rumo a sul. Quando uma avaria obriga os passageiros a pernoitar nas instalações de Chicoy, uma multiplicidade de anseios, medos e tensões despontam e entrelaçam-se. Um ex-combatente que procura refazer a sua vida como caixeiro-viajante de artigos inusitados, uma família que viaja sem ânimo de férias até ao México, uma mulher de beleza extraordinária que sonha com uma vida banal, jovens e velhos em contenda com os seus impulsos, as suas angústias, o desejo de fugir das suas vidas – são estes Os Náufragos do Autocarro a que John Steinbeck deu vida nesta obra de 1947. Através das suas histórias, é a história de um país que se vislumbra: construído sobre a ideia de um sonho, que, apesar de toda a violência e ganância, talvez se possa alcançar no fim da viagem.
Os Náufragos do Autocarro (Livros do Brasil), de John Steinbeck, tem o preço de 17,75 euros.
Perder-se
O ritual de telefonar, informando que apareceria em tal dia. O amor, a entrega física, que poderia demorar uma manhã, talvez uma tarde inteira, mas nunca uma noite. Ele era “o amante das sombras”. Escrever este diário foi a maneira de Annie Ernaux, Prémio Nobel da Literatura, suportar a espera, mas também de redobrar o prazer de tais encontros, registando as palavras e os gestos eróticos. Essa precaridade contínua constitui a beleza de toda esta história, confessa a própria em Perder-se. No final dos anos 80, a Europa e o mundo sofreram mudanças profundas. Porém, a autora sentia-se estagnada e impotente, figurante da sua própria vida.
Perder-se (Livros do Brasil), de Annie Ernaux, tem o preço de 17,75 euros.
Recomeços
Na Sicília, todas as histórias começam com um casamento ou com uma morte. No caso de Tembi Locke, foram ambos. Quando Tembi conheceu Saro, um chef de cozinha, numa rua de Florença, foi amor à primeira vista. Havia apenas um problema: a tradicional família siciliana não aceitava o seu casamento com uma mulher negra, norte-americana e ainda por cima atriz. Embora dececionados, não desistem do seu amor e constroem uma vida feliz em Los Angeles. Quando finalmente se reconciliam com a família italiana, ele enfrenta a maior prova da sua vida: um cancro, que arruína todos os sonhos do casal.
Ao longo de três verões no interior da Sicília, Tembi tenta reconstruir a sua vida. Lá, encontra apoio na sogra e descobre os poderes da comida simples, de uma comunidade unida e de tradições ancestrais. Ao longo dessa jornada, reflete sobre o romance que mudou a sua vida — uma história de amor que vai muito além do tempo que passaram juntos.
Recomeços (Clube do Autor), de Tembi Locke, tem o preço de 19,9 euros.
A Maldição das Rosas
Em 1288, a fome e a peste estão a devastar o reino de Portugal. Com apenas 17 anos, a princesa Isabel de Aragão quer salvar o seu povo, mas também ela está à beira da morte: vítima de uma terrível maldição, tudo o que a futura rainha tenta comer transforma-se em flores.
Às escondidas do seu noivo controlador, o rei D. Dinis, Isabel descobre a existência de uma Moura Encantada que concede desejos. Aprisionada há mais de cem anos numa pedra, ela pode ser a salvação de Isabel - e talvez até do próprio reino. Em troca, tudo o que Fatyan, a Moura, lhe pede é um beijo que coloque de uma vez fim à sua penitência.
Com apenas um beijo, Fatyan é libertada. E com apenas um beijo, o amor acontece.
A Maldição das Rosas (Manuscrito), de Diana Pinguicha, tem o preço de 18,9 euros.
Perto de Casa
Na ausência de perspetivas de estabilidade no emprego, na habitação, na vida, Sean, de 22 anos, e as personagens que fazem o seu mundo, batalham na procura de um propósito e de um projeto de futuro. Não era suposto ser assim. A sua geração não seria a das «portas fechadas» e da «falta de oportunidades». Uma noite, ele perde o controlo e tudo se transforma num caos.
O romance abre com a sua agressão a um desconhecido e explora depois os motivos que o levaram àquele ponto e as consequências deste ato: porquê, o que significa e o que desencadeará na sua vida. O medo de se ver de regresso a casa após concluir a faculdade, com formação superior mas desempregado numa cidade onde os empregos escasseiam. A precariedade de Belfast quando a recessão bate à porta — lá como cá —, cidade de onde os jovens sonham sair ou são obrigados a partir. As pessoas que tem a seu lado, num momento em que Sean procura mudar quem é. E também o sofrimento que o irmão mais velho suportou quando era criança, e do qual o protegeu, em segredo — culpa que a mãe de ambos carrega por não ter sido capaz de o prevenir.
Um romance de formação notável, que parte da experiência do seu autor, Perto de Casa é o retrato da geração que enfrenta um futuro incerto. Conta-nos tudo o que aconteceu no rescaldo daquela noite sem fugir à realidade do futuro adiado que muitos de nós conhecem, enquanto nos mostra o tipo de homem que Sean decide ser, numa celebração da amizade e do amor que nos abrem a porta à esperança.
Perto de Casa (Bertrand Editora), de Michael Magee, tem o preço de 17.7 euros.
Não Ficção
Uma Pequena Cidade na Ucrânia
Como é que as grandes forças que determinaram a história afetaram as pessoas comuns? Esta é apenas uma das questões a que Bernard Wasserstein, professor emérito de História da Universidade de Chicago, tenta dar resposta em Uma Pequena Cidade da Ucrânia, investigação em que o autor parte da própria experiência familiar para contar a crónica do povo e da pequena cidade de Krakowiec – cuja localização, na fronteira entre a Polónia e a Ucrânia, determinaria tantas vezes o seu amargo destino ao longo dos tempos.
Já ouviu falar de Krakowiec? Talvez o nome não lhe diga nada. Talvez até nem a encontre no mapa. Mas se lhe dissermos que este «pequeno lugarejo» de que nunca ouviu falar – como o próprio pai do autor, oriundo desta cidade, se lhe referia – esteve no epicentro dos conflitos que moldaram o destino da Europa moderna, talvez já consigamos a sua atenção.
Uma Pequena Cidade na Ucrânia (Temas e Debates), de Bernard Wasserstein, tem o preço de 20,2 euros.
A Física e as Grandes Questões da Vida
Existem cópias de nós mesmos? O Universo pensa? A consciência é computável? Afinal, qual é o propósito do que quer que seja? Partindo do pressuposto de que “os físicos são muito bons a responder a perguntas, mas muito maus a explicar porque alguém se deveria importar com as respostas a essas mesmas perguntas”, Sabine Hossenfelder – autora do bestseller do New York Times, A Física e as Grandes Questões da Vida, e de um canal de Youtube com quase um milhão de subscritores sobre evidência científica – acredita que é imperativo estabelecer a ligação entre especialistas e leigos, até para denunciar a pseudociência: “A menos que se tenha um doutoramento em Física, é difícil distinguir o nosso jargão incompreensível de palavreado sem sentido”. Baseando-se nas mais recentes pesquisas em mecânica quântica, buracos negros, teoria das cordas e física de partículas, Sabine Hossenfelder explica o que a física moderna nos pode dizer acerca das grandes questões da humanidade: De onde viemos? Para onde vamos? O que está ao nosso alcance conhecermos?
A Física e as Grandes Questões da Vida (Bertrand Editora), de Sabine Hossenfelder, tem o preço de 17,7 euros.
A Guerra dos Chips
Os chips dos computadores são considerados o novo petróleo, já que virtualmente tudo – desde os mísseis aos micro-ondas, dos smartphones à bolsa de valores – funciona com semicondutores. Até recentemente, os Estados Unidos desenhavam e produziam os chips mais avançados e eram a superpotência nesta área. Mas progressivamente foram perdendo vantagem para a China, que gasta mais dinheiro a importar chips do que a importar petróleo, e está a investir dezenas de milhares de milhões de dólares num plano para destronar os norte-americanos – naquele que é visto como uma luta pelo poder mundial, um esforço ilimitado para adquirir a tecnologia mais importante do mundo. Porque, em causa, não está apenas a prosperidade económica dos Estados Unidos, mas também a superioridade militar.
Este livro explica como os minúsculos chips de silício estão a redefinir o mundo, desde os investigadores geniais que os inventaram e os titãs da tecnologia que construíram Silicon Valley, e os lucros que geraram, até aos oficiais do Pentágono que os usaram para revolucionar o poder militar.
A Guerra dos Chips (Dom Quixote), de Chris Miller, tem o preço de 25,5 euros. Lançamento a 11 de julho.
Portugueses na Segunda Guerra Mundial
Os anos entre 1939 e 1945 marcaram a sociedade e a população portuguesas das mais variadas formas. Se a Segunda Guerra Mundial persiste um tema inspirador de grande fascínio e interesse mundiais, o público português merece ser esclarecido e informado a respeito desse subestimado, mas importante e fascinante, capítulo da nossa História. Devido à neutralidade oficial do país, a participação portuguesa no mais devastador de todos os conflitos da Humanidade permanece pouco falada. O público português conhece apenas os heróis e os mártires afetados pela ditadura salazarista, desconhecendo os que vivenciaram a brutalidade do Eixo. E há exceções - Sousa Mendes, Branquinho e Garrido salvaram inúmeros refugiados das garras nazis. Desde outros diplomatas mais “anónimos” a cidadãos comuns, muitos contribuíram para atenuar o oceano de sangue derramado pelo Eixo.
Portugueses na Segunda Guerra Mundial (Marcador), de Pedro Rabaçal, tem o preço de 19,9 euros.
Cinco Discussões que Todos os Casais Deviam Ter
Se sente que está sempre a ter as mesmas discussões com o seu parceiro, vezes e vezes seguidas… se calhar tem razão. E não é só consigo que isso se passa. A terapeuta Joanna Harrison acredita que todas as discussões de casais são variações de uma (ou mais) destas cinco questões: Como comunicamos um com o outro? Como lidamos com as famílias de cada um? Como lidamos com a partilha das tarefas? Como gerimos a distância entre nós? O que sentimos em relação ao corpo um do outro?
Estes temas terão de ser abordados com uma comunicação aberta e franca, para se poder ter uma relação amorosa saudável e funcional. Aquilo de que não se fala, acaba-se a discutir – e de forma bem menos agradável. Com base na sua experiência de terapia de casais, e recorrendo a casos de estudo e exemplos práticos, a autora convida-nos a pensar quais os fundamentos das dificuldades que temos nas relações de casal, oferecendo ferramentas úteis e criativas para nos vermos com um novo olhar, mais empático e inclusivo.
Cinco Discussões que Todos os Casais Deviam Ter (Pergaminho), de Joanna Harrison, tem o preço de 17,7 euros.
O Mordomo do Mundo
A Crise do Suez de 1956 foi o ponto mais baixo da Grã-Bretanha no século XX, o momento em que a outrora superpotência foi forçada a abdicar do seu império. Tendo perdido as glórias e a riqueza do passado, que papel iria este histórico país desempenhar a partir de então de modo a prosperar? A verdade é que a Grã-Bretanha não levou muito tempo a encontrar outro papel a nível global. Até arranjou uma indumentária própria. Os líderes mundiais é que demoraram a aperceber-se disso.
“Este livro revela a escandalosa realidade de como a Grã-Bretanha se colocou no centro da economia offshore global e ao serviço das piores pessoas do mundo, sendo agora uma nação de mordomos, facilitando crimes financeiros e comportamentos ilícitos, e bajulando sem quaisquer escrúpulos quem lhe dê um retorno financeiro. Se os grandes líderes mundiais estão determinados a colocar o combate à corrupção no centro das suas políticas externas, então, terão de enfrentar a Grã-Bretanha”, lemos na sinopse ao livro.
O Mordomo do Mundo (Vogais), de Oliver Bullough, tem o preço de 19,45 euros.
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