Em comunicado, a ZERO refere que, em Lisboa, a concentração média de dióxido de azoto nos dias úteis da última semana, já em estado de calamidade (4 a 8 de maio), “foi mais reduzida em todas as estações comparativamente com a média das concentrações nos dias úteis desde o estado de alerta até ao final do estado de emergência” (16 de março a 30 de abril), valores que já estavam “muito abaixo da média” do verificado desde o início do ano até ao estado de alerta.
No Porto, a ZERO avaliou a única das duas estações de monitorização de qualidade do ar que apenas tem dados disponíveis desde o início de abril – a estação localizada na Praça Francisco Sá Carneiro, próximo de Campanhã.
“É uma estação de tráfego que reflete a proximidade de semáforo, o que pode interferir nos dados. Neste caso, a média de concentrações nos dias úteis entre a última semana de estado de emergência e a passada semana aumentou. Os valores são, no entanto, mais reduzidos do que as concentrações verificadas nas semanas de 13 a 17 de abril e de 20 a 24 de abril”, sustenta.
As condições meteorológicas são sempre determinantes para as concentrações verificadas, mas recorrendo à variação do poluente noutras estações próximas às analisadas, a sua influência não foi considerável, segundo a associação.
A ZERO esclarece que tem vindo a acompanhar em detalhe a evolução da qualidade do ar nas cidades de Lisboa e Porto, recorrendo às concentrações de dióxido de azoto (NO2) medidas nas estações de monitorização da qualidade do ar geridas pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional e cujos dados provisórios são disponibilizados pela Agência Portuguesa do Ambiente.
Refere, ainda, que o dióxido de azoto é um excelente indicador da poluição associada à atividade humana e tem sido usado por diversas entidades e universidades, à escala mundial, para avaliar o impacte da quebra da atividade económica e da mobilidade na qualidade do ar, associadas às medidas restritivas impostas pelo controlo da pandemia de covid-19.
Nas cidades, o dióxido de azoto medido é principalmente consequência direta dos processos de combustão que têm lugar nos veículos, com maior responsabilidade dos que utilizam o gasóleo como combustível, que apresentam maiores emissões comparativamente com os veículos movidos a gasolina.
O dióxido de azoto em concentrações elevadas causa efeitos que vão desde a irritação dos olhos e garganta, até à afetação das vias respiratórias, provocando diminuição da capacidade respiratória, dores no peito, edema pulmonar e danos no sistema nervoso central e nos tecidos.
A ZERO apela para a capacidade de implementarmos “de forma justa e progressiva” um conjunto de medidas que consigam no futuro garantir o cumprimento da legislação e melhorem a qualidade de vida numa das áreas mais nobres da cidade.
“A nova Zona de Emissões Reduzidas prevista pela Câmara Municipal de Lisboa é um elemento essencial num futuro próximo e logo que possível, a par de outras medidas que permitam assegurar uma boa qualidade do ar. No Porto é necessário resolver também estruturalmente os problemas de monitorização e qualidade do ar existentes”, defende a associação.
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