Dois cientistas atmosféricos identificaram uma nova ameaça global, um novo tipo de tempestade, numa região do oceano Índico ainda pouco estudada. Depois de analisarem cinco anos de imagens recolhidas por satélite, Brian Mapes e Wei-Ming Tsai descobriram poços aéreos que se vão movendo muito lentamente e que chegam a ter um milhar de quilómetros de diâmetro. Lagos atmosféricos foi o nome lhe que deram, como revelaram no AGU Fall Meeting 2021, nos EUA.
Durante a apresentação na conferência promovida pela American Geophysical Union (AGU), os investigadores explicaram que estas massas de vapor de água concentradas chegam a circular na atmosfera durante dias, chegando a comparar a movimentação à das ribeiras terrestres. Ao fim de algum tempo, com as mudanças de temperatura, as novas estruturas identificadas pela dupla libertam repentinamente o líquido acumulado, dando origem a uma tempestade.
Ao longo do período da análise, Brian Mapes e Wei-Ming Tsai identificaram 17 lagos atmosféricos que duraram mais de seis dias. Segundo os cientistas, este fenómeno ocorre em todas as estações do ano em regiões próximas da linha do Equador. Algumas transformaram-se em ciclones tropicais, revelaram ainda os investigadores no encontro. A evoluírem da mesma maneira, a costa leste de África poderá vir a ser uma das zonas mais atingidas por estas tempestades.
"Como é, por norma, uma área muito seca, quando estes [lagos atmosféricos] se formarem, isto vai seguramente ter consequências", vaticina Brian Mapes. "Estamos a tentar obter mais informação acerca deles. Muitos dos marinheiros que usam a palavra monção para descrever os ventos com que por lá se deparam também já devem ter visto estas tempestades", acredita o cientista, que vai continuar a trabalhar com Wei-Ming Tsai para aprofundar esta investigação.
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