Em declarações à agência Lusa a propósito da iniciativa Lisboa Capital Verde Europeia 2020, que arrancou oficialmente na semana passada, Nuro Carvalho, vogal da associação, observou que o uso de bicicletas partilhadas é uma das tendências mundiais mais marcantes para 2020.

“Estamos a falar de algo em que Lisboa não é pioneira”, referiu, reconhecendo que a cidade “está atrasada uns anos, mas agora está a fazer uma aposta”.

Para Nuro Carvalho, é importante que o uso da bicicleta partilhada seja uma “aposta que não caia em saco roto e continue a ser uma aposta de futuro”.

No seu entender, o fluxo de entrada de automóveis da capital portuguesa deve ser alterado em conjunto com os concelhos vizinhos.

“Trezentos e setenta mil carros a entrar em Lisboa, todos os dias, começa a ser asfixiante. O fluxo de entrada de veículos automóveis também tem de ser alterado e tem de ser feito em parceria com os concelhos limítrofes”, atestou.

O porta-voz da MUBI assegurou que Lisboa está diferente, mas referiu que há coisas que demoram a ser concretizadas no terreno.

“A MUBI acredita que a Câmara Municipal de Lisboa está a fazer um trabalho paulatinamente no sentido de tornar a cidade mais amiga das bicicletas e dos peões”, afirmou.

Ainda assim, Nuro Carvalho atentou que as soluções encontradas nem sempre são as melhores, mas reconheceu que o discurso da autarquia tem estado alinhado com a MUBI.

Da Capital Verde Europeia a associação espera que sirva para mudar mentalidades.

“Lisboa tem o legado de Oslo. Oslo foi a Capital Verde 2019 e recentemente publicou os números relativos à sinistralidade rodoviária. Oslo conseguiu não ter nenhuma fatalidade de peões, nem de ciclistas. É um desejo que em breve possamos ter na nossa capital estes números”, frisou.

Lisboa recebeu no sábado o ‘testemunho’ da capital norueguesa para ser a Capital Verde Europeia 2020, assumindo um conjunto de “compromissos credíveis” para os próximos anos que passarão pela ação do município, mas também por “pequenos gestos e pequenas coisas”, disse à agência Lusa o vereador da Câmara de Lisboa responsável pelos pelouros do Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia, José Sá Fernandes.

O município pretende, entre outras metas, ser “uma cidade europeia de referência em 2030” ao nível da mobilidade e ambiciona atingir a neutralidade carbónica até 2050, tendo anunciado para esta década metas como a redução das viagens em automóvel de 57% para 33%, a diminuição de 60% das emissões de dióxido de carbono e a obtenção de uma potência fotovoltaica instalada de 100 megawatts.