A diretora criativa da Maison, a requintada loja do ForumTivoli, mesmo no centro da Avenida da Liberdade, vestiu Sofia Cerveira e Bárbara Taborda, duas mulheres fabulosamente elegantes que desfilaram na passadeira vermelha dos Globos de Ouro. Eva Lima privilegia como ninguém, os detalhes e o bom gosto. “Na Maison todos os sonhos são possíveis”, afirma a criadora nesta entrevista.

Os vestidos de Sofia Cerveira e Bárbara Taborda para os Globos de Ouro fizeram um grande sucesso. Está satisfeita com o seu trabalho?

Sinto sinceramente que estamos a fazer um excelente trabalho na Maison, e quando digo “nós”, refiro-me à grande equipa que está por trás de nós, de mim e do nosso Director Geral Paulo Pamplona. Apesar do nosso trabalho se pautar por uma grande descrição, chegamos à conclusão que desta vez poderíamos divulgar mais o nosso trabalho.

Continua a privilegiar o trabalho personalizado?

Sem dúvida. O trabalho de atelier tem sido feito principalmente para clientes que não querem divulgar as suas escolhas. Há pouco tempo, por exemplo. criei um modelo para uma cliente portuguesa que vive na Suíça para ir ao casamento dos príncipes do Luxemburgo, e confiou inteiramente na nossa proposta.

Deve ser muito gratificante ver as suas criações a brilhar entre os melhores do mundo?

Claro que é. Mais recentemente outra cliente habitual fez uma festa de aniversário de arromba com convidados a chegar de várias partes do Mundo: A Vanda Stuart abriu o espetáculo e depois o Bryan Ferry veio cantar-lhe os parabéns e deu mais de meia-hora de concerto. O que mais me orgulha é que uma pessoa assim, que pode comprar o vestido mais exclusivo do mundo, ponha este serviço nas nossas mãos.

Também é um grande desafio!

E uma responsabilidade enorme! Mas correu tão bem, que no dia seguinte veio à Maison agradecer-nos pessoalmente o nosso trabalho, e esse é o melhor brinde que podemos ter!

O trabalho de atelier começou há quanto tempo?

Começou quando fui surpreendida com um pedido por parte da Fátima Carrapotoso para a sua filha Marta que iria ter um casamento. Mas claro que eu não comecei este trabalho sem uma forte preparação. Fiz o curso de Design no IADE e tive o prazer de ser aluna do engº Mello e Castro, o que me habilita a conceber criações, apesar de não querer ser chamada de estilista, prefiro continuar a referenciar o meu trabalho como criadora ou designer do Studio Maison, ou seja o atelier onde fazemos tudo por medida.

As pessoas gostam da exclusividade...

Adoram. Por isso o trabalho de atelier foi um sucesso imediato. As pessoas iam aos eventos e ficavam tão satisfeitas com as peças que logo a seguir vinham fazer mais, e aí pusemos de pé uma mecânica para as minhas criações.

Daí terem escolhido duas mulheres tão bonitas e elegantes?

Surgiu-nos um leque bastante alargado de propostas, apresentadoras e atrizes, e nós fizemos uma seleção. Como já tinha uma relação há alguns anos com a apresentadora da SIC que se intensificou com o arranque do canal SIC Caras, desde logo o vestido que nós propusemos foi um sucesso e desde então continuamos a colaborar com a Sofia Cerveira no programa Passadeira Vermelha.

Quanto à Barbara Taborda a história é outra: Gostamos da sua postura social e é uma mulher extremamente profissional, conhecedora da moda e sempre nos visitou na Maison em pontuais situações festivas, como por exemplo o Vogue Fashion’s Night Out, daí a nossa escolha e simpatia por ela. 

Foi o levantar a ponta do véu do vosso trabalho?

Até aqui temos trabalhado sobretudo com angolanas, brasileiras e russas e algumas portuguesas que exigem o máximo sigilo. Por isso esta nossa aposta em mostrar o nosso trabalho ao público não podia ter corrido melhor porque as pessoas que levaram as nossas criações foram muito elogiadas. De facto, a crítica foi muito satisfatória, o fedd back da imprensa foi muito bom, portanto, quando se conclui um trabalho assim, todos nós devemos estar contentes.

As bloggers de moda nem sempre são pacíficas...

Estamos a assistir ao boom das bloggers, o problema é que essas pessoas querem avaliar tudo sem saber. E até os estilistas nesta altura são bombardeados com críticas de pessoas que não têm nível ou idoneidade profissional para criticar. Claro que toda a gente pode dar a sua opinião, mas quando somos confrontados com críticas sem fundamento em tom de graça só para chamar a atenção dos media, quando elas nem sequer sabem preparar um look correto para si próprias, e andam por aí a dar referências diárias aos outros? Não é correto. Eu, por exemplo, não posso criticar arte, quanto muito dou a minha opinião.

Já de moda toda a gente acha que sabe...

E não sabe. Eu sou contra isso porque vejo a moda pelo lado profissional. Estou do lado da indústria da moda e quando vejo uma série de bloggers que nasceram agora sem experiência nenhuma, olhando para o que vestem, elas sim estariam sujeitas a sérias críticas e são elas que fazem a crítica dos profissionais. Como é que isso é possível?

Há quem lhes chame nouvelle vague...

Que nasceu no estrangeiro e rapidamente se instalou aqui. E como a internet está no top, essas meninas aproveitam-se disso. E sabem que ao dizer disparates, atraem as marcas.

Quanto tempo demora uma criação Eva Lima?

Um vestido de atelier demora um mês, mas já um vestido de noiva pode demorar três meses. Há todo um processo que se inicia com a encomenda dos tecidos e depois passa por toda a nossa equipa de modelista, modista, costureira, finalização de costura e acompanhamento do dia. Nos Globos tínhamos duas responsáveis de finalização de prova para acompanhar os detalhes finais depois de ter passado por todas as outras equipas.

Isso é que é Alta Costura!

É sempre assim. No último dia a cliente está em stresse, pode emagrecer ou engordar, e se há algum pormenor que desagrada, como o decote a altura ou a largura do vestido, estamos sempre disponíveis para reparar.

Com essas exigências, como é que uma cliente angolana, por exemplo, lhe encomenda uma peça?

Temos cá o toile, uma espécie de segunda pele de todas as nossas clientes que moram no estrangeiro, mas também temos muitas que preferem que eu vá pessoalmente provar-lhes os vestidos a qualquer parte do mundo para que tudo esteja a 100 por cento.

O que diferencia a Maison do Studio Maison?

Na Maison o cliente chega e pode escolher uma peça pret-a-porter na hora, onde temos sobretudo marcas francesas e italianas para mulheres mas também para homens. O Studio Maison vai ser um espaço de criação, de peças feitas à medida. Sempre fiz isso com marcações de horário privado na Maison, mas quando estamos a atender uma cliente que nos está a encomendar um vestido, muitos vezes essa cliente quer mais horas do que a Maison pode dar, ou seja, o tempo de ter a loja fechada é limitado, mas no Studio não há limites  e vamos ter também um leque de produtos em exposição, algumas malas de desfile e alguns acessórios que eu posso ajudar a escolher com mais tempo.

Conforto e requinte, é a base desta marca?

Sem dúvida. O Studio Maison vai ser também uma plataforma porque vai incluir música e um salão de fotografia onde a pessoa pode ficar com um registo do vestido para postarem. Imagine que no evento a fotografia não corre nada bem, nós oferecemos a possibilidade de a cliente ficar com uma sessão fotográfica tratada com todo o profissionalismo.

O cabelo e a maquilhagem também podem ser aconselhados por si?

Claro. Temos maquilhadoras para fazer provas de maquilhagem e cabeleireiro e até podemos chamar massagistas. O Studio é um verdadeiro backstage de tudo o que a pessoa não imagina que existe atrás da moda.

Estão disponíveis para uma oferta ao mais alto nível?

Na Maison todos os sonhos são possíveis!

Texto: Palmira Correia

Fotos: Armando Polonia