As medidas inscritas no Orçamento do Estado para 2014 – como o aumento da idade da reforma para os 66 anos a partir do próximo ano– mostram como o velho sonho de associar a reforma a uma fase tranquila da vida está a tornar-se cada vez mais uma miragem. Por isso mesmo comece a poupar já para a sua velhice.

Porque é que as reformas pagas pelo Estado têm vindo a diminuir?

- A esperança média de vida está a aumentar. Em 1970, por exemplo, a esperança média de vida aos 65 anos era de 13,5 anos. Em 2010, o número atingia os 18,6 anos. Ou seja, o Estado tem vindo a assegurar por cada vez mais anos o pagamento de pensões à população, o que tem fortes implicações na despesa do Estado.

- A população está a envelhecer: O aumento da esperança média de vida associado à diminuição da taxa de natalidade está a levar a um desequilíbrio entre beneficiários e contribuintes do sistema da segurança social. Em 2011, por exemplo, por cada seis pensionistas havia 10 trabalhadores.

- Perante esta situação, e com a sustentabilidade da Segurança Social em risco, os últimos Executivos tiveram de re-estruturar as fórmulas de cálculo das pensões e impor tetos máximos nas pensões. Uma tarefa que foi intensificada devido aos compromissos assumidos com a Troika de diminuir a despesa do Estado.

Quanto vai perder na reforma?

- Algumas simulações permitem ter uma ideia da perda de rendimentos que as pessoas vão registar quando se reformarem. Por exemplo, uma pessoa que neste momento tenha 42 anos e cerca de 18 anos de descontos, quando chegar aos 65 terá uma pensão equivalente a 63% o valor do seu último salário.

Quando deve começar a poupar?

- Não existe uma idade ideal para começar a poupar. Os especialistas aconselham os consumidores a reservarem entre 10% e 15% do seu salário mensal para uma poupança com vista à reforma. E quanto mais cedo começar melhor. Isto porque quanto mais tempo tiver até à sua reforma mais possibilidades terá de ver o seu dinheiro crescer, por via da capitalização dos seus investimentos.

- Exemplo: Imagine que tem 50 anos e poupa 75 euros mensais para um pé-de-meia com vista à reforma. Se aplicar este montante num produto que lhe rende em média 4% ao ano chegará à idade da reforma, com uma poupança de 18,3 mil euros. No entanto, se começar a poupar 15 anos mais cedo, o seu pé-de-meia atingirá os 51 mil euros.

Quatro formas de investir para a reforma:

1. Seguros PPR:

São o produto financeiro mais conhecido entre os portugueses com vista à reforma. Têm capital garantido e muitos garantem ainda uma taxa mínima de remuneração anual. Em 2012, e de acordo com dados divulgados pelo Instituto de Seguros de Portugal, os PPR sob a forma de seguro renderam em média 2,41%. Estes produtos podem ser subscritos nos bancos e seguradoras. Têm ainda vantagens fiscais associadas: Não só as mais-valias são sujeitas a uma taxa de imposto inferior à cobrada na generalidade dos produtos de poupança, como também os investidores poderão deduzir parte das entregas realizadas num PPR na declaração de IRS, já que estas aplicações têm benefícios fiscais associados. Assim, no limite, os investidores poderão deduzir no máximo até 100 euros as entregas feitas num PPR.

Nota ainda para o facto dos PPR terem restrições na sua mobilização. Os investidores só poderão resgatar o dinheiro investido nestes produtos em determinadas condições (ex: a partir dos 60 anos, ou em caso de desemprego de longa duração, entre outras circunstâncias), caso contrário estão sujeitos a penalizações.

2. Fundos PPR:

Estão sujeitos às mesmas vantagens e regras dos seguros PPR. A grande diferença é que os fundos PPR não têm capital, nem remuneração garantida. Ou seja, a remuneração dos fundos PPR está sujeita às oscilações do mercado. Por exemplo, em épocas em que as acções e obrigações têm um bom desempenho, estes PPR apresentam valorizações atrativas. Mas em épocas de crise, este produtos financeiros podem ter desempenhos negativos. No ano passado, e segundo dados da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Património (APFIPP), os fundos PPR registaram em média ganhos entre 7,6% e os 10,6%, consoante a categoria de risco do fundo. Isto porque nem todos os fundos PPR apresentam o mesmo nível de risco. Por exemplo, os fundos PPR da categoria A são considerados conservadores já que têm uma exposição da sua carteira a ações no máximo de 15%. Já os fundos PPR mais arriscados (categoria D), têm uma exposição a ações superior a 35%. Estes produtos podem ser subscritos em bancos e sociedades gestoras de ativos.

3. Certificados de Reforma:

São conhecidos também como o PPR do Estado. Os certificados de reforma foram lançados em Março de 2008 pelo Estado e permitem que os trabalhadores descontem todos dos meses entre 2% e 6% do seu salário para um fundo de capitalização que é gerido pelo Estado, que servirá de complemento de poupança para a reforma. Estes produtos partilham das mesmas vantagens que os PPR privados, no entanto, apresentam condições de resgate ainda mais restritivas do que os comuns PPR.

Isto porque os certificados de reforma só podem ser resgatados apenas quando chegar à reforma ou em caso de invalidez total. Em 2012, e segundo a informação do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social (IGFCSS), estes produtos obtiveram uma rendibilidade de 8,17%. A adesão a estes produtos é feita na Segurança Social (ao balcão ou pela Internet).

4. Fundos de investimento:

Uma outra solução poderá passar por fazer investir as suas poupanças numa carteira de fundos de investimento diversificada, composta por fundos mais conservadores (Ex. que investem no mercado monetário) e outros mais arriscados (Ex: que investem em ações). Ditam as regras que o portfólio dos investidores deve ser mais conservador à medida que a idade da reforma se vai aproximando. Existem, aliás, alguns fundos de investimento que são especifícios para acompanhar o ciclo de vida dos investidores. Chamam-se “target funds” e investem com base numa data de resgate pré-definida, sendo que a política de investimento acompanha o ciclo de vida do fundo. A alocação de ativos é mais agressiva no início e, à medida que se aproxima a data de maturidade, torna-se mais conservadora de forma a preservar o capital e rendimentos. Os fundos podem ser subscritos em bancos e sociedades gestoras de ativos. Mas atenção: são produtos que não têm capital, nem remuneração garantida.

Leia também os seguintes artigos relacionados com o mesmo tema:

- OE 2014: Conheça as mudanças que vão afetar a vida dos reformados

http://saldopositivo.cgd.pt/oe-2014-conheca-as-mudancas-que-vao-afetar-os-reformados

-Seis dicas de investimento para principiantes

http://saldopositivo.cgd.pt/seis-dicas-de-investimento-para-principiantes

-Cinco erros que arruinam a sua reforma

http://saldopositivo.cgd.pt/5-erros-que-arruinam-a-sua-reforma

Saldo positivo