Chegou a Portugal há 20 anos mas ainda conserva o sotaque inglês da América, que deixou para se casar com um espanhol que conheceu em Madrid. Verdadeira cidadã do mundo, Constance Ruiz abriu em Portugal os ginásios Viva Fit exclusivamente às mulheres. Agora o seu objetivo é expandir o negócio para outros países e até nisso está a ter sucesso.

Há quantos anos está em Portugal?
Há 20 anos e antes vivi dois anos em Madrid. Instalei-me lá depois de acabar a universidade e foi lá que conheci o meu marido que é espanhol, mas que, curiosamente, vivia em Portugal desde os10 anos. Quando acabou a Universidade Técnica em Lisboa, foi trabalhar durante algum tempo para Madrid.

Aí decidiram vir para Portugal...
Exatamente. Ainda voltei para América, mas recebia cartas tão apaixonadas que decidi voltar a Madrid para ficar com ele. Ficámos por lá dois anos e casámo-nos na América. Como o meu país estava numa recessão em 93, o meu marido teve melhores hipóteses de trabalho em Portugal. E foi assim que nos instalámos em Cascais.

Qual é a sua formação académica?
Comunicação e gerontologia. O meu primeiro sonho foi lutar pelos direitos dos idosos em Washington DC. Quando cheguei aqui comecei a trabalhar como voluntária numa cada de idosos em São Pedro do Estoril. Simultaneamente sempre fiz muito desporto pelo que decidi fazer uma certificação para dar aulas de grupo.

Nessa altura começou a trabalhar no Holmes Place?
Fui coordenadora das aulas de grupo no primeiro ginásio na Quinta da Fonte. Com o desenvolvimento da marca também tive oportunidade de crescer e fui fitness & programming manager do Holmes Place durante alguns anos.

Até que surge a sua própria marca.
Vi esta novidade de ginásios só para mulheres na América e achei que fazia tanto sentido em Portugal que trouxe o conceito para cá e criei a marca de raiz. Nós somos a origem do Viva Fit em Portugal, com capitais 100 por cento portugueses. E agora estamos a fazer masters noutros países.

Abriram o primeiro ginásio há quantos anos?
Vamos fazer 10 anos em Janeiro e já temos cerca de 50 ginásios em todo o país. Os ginásios das Laranjeiras, em Lisboa, e da Amadora são nossos, os restantes são franchising.

Qual é a vantagem dos ginásios só para mulheres?
Há muitas mulheres que se sentem menos intimidadas se começarem a fazer exercício num ambiente exclusivamente feminino. Para as portuguesas o nosso conceito representou algo novo por ser exclusivamente dedicado às mulheres e por ter treinos rápidos de 30 minutos.

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Este treino de 30 minutos é um treino completo?
Absolutamente. Tem treino cardiovascular sem esquecer a tonificação. A ideia é adaptar o treino ao estilo de vida das pessoas. Claro que o ideal seria treinar todos os dias, mas duas ou três vezes por semana já é muito bom.

As mulheres são tão ocupadas que a ideia dos 30 minutos deve agradar-lhes muito...
É verdade. Muitas mulheres começaram a vir ao Viva Fit motivadas pelos treinos de 30 minutos. Algumas já tinham feito ginástica noutros ginásios e agradou-lhes o facto de estarem num ginásio só com mulheres, enquanto as outras nunca tinham feito ginástica, o facto de estarem num ambiente feminino deixa-as mais à vontade.

Quais são as idades das utentes do Viva Fit?
Temos adolescentes a partir dos 16 anos, até aos 86. O treino dá para todas as idades. É um treino em circuito com máquinas hidráulicas, que têm pouca contraindicação.

O seu marido ajuda-a neste negócio?
Sim, muito. Gerimos a empresa os dois.

Tem filhos?
Tenho uma menina com 16 anos, que está a pensar estudar gestão ou nutrição, e faz muito desporto. É giro ver que ela está a escolher, por sua própria iniciativa, esta área.

Adaptou-se bem a Portugal?
Acho que sim. Portugal é um país lindo e os portugueses falam tão bem inglês que a minha integração foi muito fácil. Por isso foi muito mais difícil aprender português do que espanhol.

Há quem defenda que é nos momentos de crise que nascem boas oportunidades de negócio?
É verdade. Foi a necessidade que me fez puxar pela imaginação para criar uma nova empresa.

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Gosta da nossa comida?
Gosto muito. A dieta mediterrânica é famosa e saudável.

Qual é o seu objetivo?
Neste momento estamos com muitas dificuldades em Portugal como todos os empresários e estamos a tentar expandir o negócio para fora do país. Já estamos na Índia e em Singapura, onde estão cinco portugueses, e também estamos no Uruguai e em Chipre.

Durante o mês de outubro está em curso uma iniciativa de perda de peso exclusiva do Viva Fit?
Já estamos a mudar o conceito inicial que era incutir nas mulheres portuguesas o hábito do exercício. Mas, de facto, as pessoas não perdem peso se não comerem bem. Agora a nossa missão é motivar as mulheres a emagrecer com exercício e alimentação saudável. Para isso estamos a trabalhar com nutricionistas e uma plataforma online que pode ajudar as mulheres a mudarem os hábitos alimentares.

Já fizeram uma iniciativa semelhante em abril?
As 400 mulheres que finalizaram este desafio perderam mais de uma tonelada e meio de peso em seis semanas, um resultado muito bom. Agora voltamos a convencer as nossas clientes a repetir o desafio: “Perca peso em 6 semanas”.

Quem perder mais peso tem direito a um prémio?
Oferecemos um dia de sonho às seis finalistas: cabelo, maquilhagem e um stylist para as ajudar a escolher a roupa que lhes fica melhor. Finalmente são avaliadas pelo júri constituído por Pedro Crispim, o fashion adviser, Teresa Branco a nutricionista e André Manz, na área do Fitness

Quantas mulheres frequentam o Viva Fit?
Cerca de 20 mil. Os preços começam a partir de 34.90€ até 39.90€, e quem gosta muito de fazer aulas em grupo paga mais 10€. No valor da inscrição inicial de 30€ esta já está incluída a consulta com a nutricionista que elabora um questionário de saúde muito completo.

Como ocupa os seus tempos livres?
Estou sempre a pensar no negócio e à procura das melhores soluções. Aos fins de semana distraio-me com a família que é enorme (o meu marido tem sete irmãos) e moramos todos em Cascais. Os almoços em casa da minha sogra, aos sábados, são uma festa.

 

Texto: Palmira Correia