Entre janeiro e abril, a Associação Portuguesa para Defesa do Consumidor (Deco) recebeu mais de 10.600 pedidos de ajuda de famílias com dificuldades em regularizar as dívidas ao banco, um número que representa uma subida de 55% em relação ao mesmo período de 2011.

Dificuldades em pagar o crédito à habitação é dos maiores problemas a afetar as famílias portuguesas.

Só nos primeiros três meses foram entregues aos bancos um total de 2.300 de casas, o que significa 25 casas por dia, de acordo com dados da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).

Os motivos por trás deste valor prendem-se principalmente com o agravamento da situação económica em Portugal e no mundo. Há cada vez mais agregados familiares afetados pelo desemprego ou com rendimentos mais reduzidos pois deixaram de receber as horas extraordinárias, comissões, sofreram cortes salariais ou viram os subsídios desaparecer.

Seja qual for o motivo, a melhor solução para o problema é a prevenção. Antes de fazer um crédito deverá ter uma poupança que permita dar de entrada e sempre que tiver uma folga no orçamento familiar, opte por abater a dívida. No entanto, a melhor forma de prevenir o sobre-endividamento é evitá-lo, pelo que antes de fazer um crédito deverá avaliar a sua situação financeira e nunca deverá fazê-lo caso os encargos ultrapassem os 30% dos rendimentos mensais líquidos.

Onde há fumo, há fogo

Faz demasiado esforço para pagar as suas despesas? Já tem algumas prestações em atraso? Se está em alguma destas situações não demore muito a reagir, pois estes são os dois principais sintomas de que tem demasiados créditos para o rendimento disponível.

O primeiro passo é contactar as entidades com as quais está em falta (banco, fisco ou empresas prestadoras de serviços), explique a situação e procure encontrar uma solução. Não será fácil, mas todas as instituições estão abertas à negociação.

Antes do sobre-endividamento

O banco não tem interesse em deter crédito malparado e estará aberto à negociação. Algumas das vias possíveis passam por alargar o prazo do empréstimo, definir um plano de pagamentos alternativo compatível com o seu vencimento ou a consolidação de créditos.

Consolidação de créditos - Caso exista um imóvel para dar como garantia, deverá equacionar a consolidação dos créditos. O objetivo é juntar todos os empréstimos num só e, com isso, alargar o prazo de pagamento, obtendo uma prestação inferior à soma das mensalidades dos vários créditos. No final, o crédito irá sair-lhe mais caro do que inicialmente estava estabelecido, mas irá pagar menos por mês.

Alargamento do prazo - Aumenta-se o tempo de pagamento do empréstimo, reduzindo os encargos mensais. Mais uma vez, isto irá fazer com que pague menos a curto prazo, mas mais a longo prazo, porque aumentará a parcela de juros a pagar.

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Depois do sobre-endividamento

Na maior parte dos casos, a dívida que levou ao sobre-endividamento prende-se com a habitação. Se não conseguiu prevenir a situação a tempo, já deixou de pagar algumas mensalidades e não sabe o que fazer, há três saídas: penhora, dação em cumprimento e insolvência.

Dação em incumprimento - Se a sua dívida é apenas relacionada com crédito à habitação, considere entregar a casa ao banco e, com isso, extinguir a dívida. Tenha em atenção que os bancos nem sempre aceitam e se o valor da casa não for o suficiente para cobrir o montante em dívida, ainda terá de pagar o remanescente.

Penhora - Se tem dívidas a várias entidades, mas dispõe de alguns bens (carro, casa, terreno), poderá ser alvo de uma penhora. Só deve avançar para esta opção quando falha a negociação (dação por incumprimento). Os bens são depois leiloados para cobrir os montantes em falta. Se tiver essa hipótese, poderá pedir para ser penhorado o terreno em vez da casa.

Insolvência - Se as dívidas já se acumulam, não tem bens para penhorar e não há negociação possível com o banco, resta-lhe pedir falência e o perdão da dívida. É negociado um plano de pagamentos com os credores, tendo em conta as suas possibilidades. Pagará as prestações durante cinco anos e depois poderá recomeçar.

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