Proprietária da Glam, uma das mais bem sucedidas agências de gestão de carreiras de atores, apresentadores, músicos, modelos, desportistas e bailarinos em Portugal. As solicitações são tantas que a obrigam a dividir a semana entre o Porto, cidade onde nasceu e reside, e Lisboa, mas não trocaria a sua cidade por nenhuma outra. Aos 37 anos, Beatriz Lemos continua workaholic, mas já começa a pensar que o tempo vai ficando curto para ser mãe.

A Glam existe há quantos anos?
Há dez. Eu venho da publicidade e o meu irmão, dez anos depois, regressou à faculdade para fazer gestão, e está entusiasmadíssimo.

O que fez antes da Glam?
Trabalhei como relações públicas em dois ou três espaços conhecidos do Porto, à noite, onde conheci o meu primeiro agenciado, o Jorge Gabriel e outras pessoas do meio artístico. Percebi nessa altura que havia uma lacuna no acompanhamento e gestão de carreira de atores e apresentadores.

E havia agências de modelos....
Algumas agências de modelos  apresentavam no seu portfolio alguns atores e apresentadores,  mas sem nenhum acompanhamento de carreira. Pelos contactos que tinha, na altura, e um pouco incentivada pelo Jorge Gabriel e pela Rita Mendes, que abriu a agência connosco, decidimos arriscar.

E correu bem!
Muito bem mesmo. Já cumprimos a primeira década e já temos escritório em Lisboa há mais de cinco anos. Em 10 anos, a agência cresceu para diferentes áreas; a Glam Celebrity, de atores e apresentadores, juntou-se a Glam Models, a Sports, a Music e, mais recentemente, a Dance. Agenciamos agora profissionais das diferentes áreas.

O crescimento da sua empresa superou as suas expectativas?
Tenho um defeito, que também pode ser considerado uma virtude, que é achar que posso sempre fazer melhor. Em termos qualitativos, sabia que tinha de começar as coisas devagar, já que era uma área relativamente nova, e até eu tinha de perceber como é que as coisas funcionavam, nomeadamente, ir buscar exemplos lá fora que não existiam aqui, mas acho que se pode fazer sempre mais e melhor.

Sempre achou que ia chegar longe?
Acho que sim. Talvez não pensasse que ia ter os diferentes departamentos ou que iriamos evoluir para outras áreas.

Quantos são?
Nunca contei, são alguns, mas nunca deixei que se tornassem um número, conhecemos as personalidades e as expectativas de cada um.

Quantas pessoas emprega?
No escritório somos 16 ou 17, para além de meia dúzia de freelances de áreas como produção de moda, designers, etc.

Estava a dizer que tinha ido buscar exemplos lá fora para aplicar aqui. Viajou muito?
Não tanto como gostaria. Mas tinha a vantagem, por ter exercido a profissão de relações públicas, de já conhecer alguns atores e agentes brasileiros. Por isso, a minha primeira escola foi o Brasil que está muitíssimo mais avançado do que nós nesta área. Também fui perceber o que se passava em Inglaterra e em Espanha, mas foi com o mercado brasileiro que mais me identifiquei.

O que gosta mais no seu trabalho?
Gosto sobretudo quando um projeto corre bem e sempre que conseguimos bons projetos para os nossos agenciados das diferentes áreas, quando conseguimos em conjunto atingir os resultados pretendidos. Sempre que isso acontece, sinto que estamos a fazer as coisas certas!

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Trabalha imenso?
Só trabalho. Para ter uma ideia, este ano só consegui fazer uma semana de férias em Fevereiro e já nem conto de que ano é que eram essas férias. E dei-me ao luxo de ir a Barcelona no último fim-de-semana de quatro dias e senti-me culpada.

O trabalho também a ocupa no fim-de-semana?
Sim, claro. Já não é o acompanhamento de estrada, mas o computador e o telemóvel estão sempre ligados. Aliás, nunca desligo o telefone, nem à noite.

A vida não é só trabalho. O que a distrai?
Gostava de ter mais tempo para viajar, mas quando estou fora a cabeça está sempre aqui. E tenho pena de este ano ter lido menos.

O que a ocupou tanto este ano?
A criação de novos departamentos, a mudança de escritório, e os dez anos da agência. Decidimos fazer, pela primeira vez, um calendário comemorativo e, por isso, não consegui ocupar as noites com a leitura. Mas há uma coisa que eu não abro mão: conviver com os meus amigos de sempre!

É uma líder?
Quem sou eu para dizer isso...

Trata bem a sua equipa?
Sinto que sim. No jantar de aniversário da Glam, em Novembro, eu, que não gosto de discursos nem de palcos, fiz questão de subir ao palco para agradecer à minha equipa. A Glam não existia sem a equipa que tenho. Mais do que as pessoas, acredito, profundamente, em equipas.

Vai ao ginásio?
Não tenho tempo.

É uma trabalhadora compulsiva?
Sou. Tinha o problema de delegar, mas neste momento acredito tanto nas pessoas que trabalham comigo, que já consigo relaxar um pouco mais. No entanto, continuo a ter conhecimento de todos os assuntos que são tratados no escritório, quer seja a aprovação de uma fotografia ou a marcação de um trabalho. Quero saber tudo o que se passa.

É vaidosa?
Nem por isso.

O dinheiro que ganha na sua empresa é aplicado em quê?
Em novas empresas. Nestes dez anos foi aplicado na criação de novos departamentos, e agora em novas instalações. Já estamos apertados em Alcântara e vamos mudar para outro local

Um momento que tenha sido particularmente gratificante?
Todos os momentos são importantes mas há três pessoas especiais neste percurso: o Jorge Gabriel, para além de ser o meu primeiro agenciado, é o meu melhor amigo, permitiu-me errar, tentar, e esteve sempre ao meu lado nestes dez anos; Rui Unas, o nosso segundo agenciado, tem um percurso maravilhoso; e Diana Chaves que iniciou o seu percurso connosco e é um doce de pessoa.

E o seu projeto de vida, não gostava de ser mãe?
Adorava. Mas tenho noção de que preciso de despender algum tempo para isso, porque quero ser uma mãe presente, embora tenha consciência que mais vale a qualidade do que a quantidade. Eu sou filha de workaholics, o meu avô tem mais de 80 anos e ainda trabalha. Nesta família ninguém pára de trabalhar.

Não tem medo que o tempo fuja?
Tenho. Por isso é que já comecei a pensar nisso.

O que não suporta?
Falta de palavra e pancadinhas nas costas.

O que aprecia mais no ser humano?
A sinceridade e a amizade. Os  meus amigos estão sempre presentes na minha vida.

 

Texto: Palmira Correia