Passou por um curso de arquitetura que não correspondeu às suas expetativas e, no terceiro ano, como a sua paixão sempre foi desenhar roupa, trocou as maquetes pelo curso de Moda na mesma faculdade. Esse sim encheu-lhe as medidas e hoje tem a sua própria marca, Bmounti , um sonho tornado realidade há seis anos.

Bárbara Feio, filha do saudoso ator António Feio, tem 35 anos, um filho lindo com três anos e a profissão que adora. Vê-se no brilho dos olhos verde água e no sorriso espontâneo que é uma mulher feliz.

Acabou o seu curso de moda há quanto tempo?

Há cerca de oito anos, mas antes já trabalhava em moda. Ainda na faculdade, fiz um atelier na minha casa para criar exclusivos para as amigas e inicialmente até costurava os modelos; agora já não, só desenho as peças.  A partir do quarto ano do curso comecei a fazer também figurinos para as peças de teatro do meu pai.

O seu pai era o ator António Feio.

E um dia, sem eu estar minimamente à espera, propôs-me criar figurinos para a nova peça de teatro e eu aceitei com todo o entusiasmo.

Daí a vossa veia artística. A sua irmã também tem um talento...

A minha irmã (também filha da primeira mulher do ator, a jornalista e escritora Lurdes Feio) é cantora.

Ainda fez muitos figurinos?

Fiz e faço sempre que posso, e com isso apaixonei-me ainda mais pelo mundo do teatro. É interessante criar de uma forma menos comercial. Adoro novas experiências, sempre tive espírito empreendedor: quando aparece uma oportunidade eu gosto de a agarrar....

Quando acabou o curso começou logo a trabalhar na moda?

No final do curso fui orientada por professores como Manuel Alves para a roupa de festa, por ser onde me destacava. Tudo isto vinha na sequência dos exclusivos que eu ia fazendo, e pelo meu gosto por tecidos delicados e pelos detalhes.

Nunca desenhou roupa para homem?
Já fiz algumas peças para homem mas não é o que mais gosto...

A sua marca nasceu há quanto tempo?

Lancei a Bmounti quase há seis anos, depois de analisar o que fazia falta no mercado. Percebi que dentro do que gosto de fazer, e que é o vestuário de festa, ainda havia um nicho onde eu me podia encaixar, que não fosse nem a roupa da Zara mas que também não fosse excessivamente cara. E encaixei-me naquele valor intermédio.

Depois foi só criar a equipa?

Exatamente. Criei uma equipa pequeníssima e comecei a vender para lojas multimarcas e a experiência correu muito bem. Na altura em que o meu pai adoeceu e eu fiquei grávida, reestruturei a minha marca porque naquela altura precisava, sobretudo, de tempo. Já vendia para lojas no Porto, por exemplo, o que me obrigava a grandes deslocações.

Foi uma opção pela família...

É verdade, precisava de tempo para o meu pai e para o meu bebé, e decidi criar a loja online que ainda tenho, por permitir outra liberdade.

A divulgação do seu trabalho é feita exclusivamente online?

E também através das minhas clientes que me visitam no meu atelier no Lumiar, onde recebo as pessoas que querem sobretudo modelos exclusivos, enquanto a venda online é para as peças prontas.

Um fato exclusivo é muito caro?

Se for um vestido comprido para uma gala ronda os 500, 600 euros, um vestido curto para um casamento anda à volta dos 250, 300 euros. Um vestido de noiva  varia muito. Se for um vestido que esteja na loja online, pode custar menos de metade desses valores. Tenho uma seleção de vestidos a partir de 65 euros.

Tem vestidos para todas as idades?

Tenho. Tanto visto uma jovem de 15 anos, como visto uma senhora com mais de 60. A minha mãe, por exemplo, é uma grande fã Bmounti.

Qual é especificamente o seu trabalho no atelier?

Faço um bocadinho de tudo: desenho, planeio a colecção, contacto fornecedores, respondo a dúvidas de styling, faço consultoria de imagem e, com a ajuda da minha assistente, tratamos quase diariamente dos envios das compras online. Também sou eu que faço as provas dos exclusivos, que normalmente são três. Faço questão de seguir todo o processo do início ao fim.

As encomendas online chegam rapidamente pelo correio?

Em Portugal, em cerca de 3 dias. Tenho a loja online há dois anos e meio e não falha. Eu própria sou uma adepta das compras online, e é essencial sermos breves e eficientes a tratar cada encomenda.

Também recebe encomendas do estrangeiro?

Recebo de todo o lado, e ainda mais desde que coloquei a loja bilingue. Mesmo a roupa da loja online tem acabamento de atelier o que valoriza as peças. É tudo confeccionado em atelier ou em pequenas fábricas portuguesas com muita qualidade.

Nas vendas online, também damos toda a atenção a quem nos coloca dúvidas quanto ao modelo ou tamanho mais indicado, é essencial porque a cliente não está a ver a peça ao vivo.

Os tecidos também são portugueses?

Importo muitos tecidos de Itália, mas, sempre que posso, trabalho com matéria prima portuguesa e faço questão que seja tudo feito em Portugal. No início não foi fácil porque ninguém queria perder tempo com uma marca pequenina...

Faz coleções de verão e inverno?

Faço as duas principais e também mini coleções ou coleções cápsula subordinadas a um tema. Estamos a terminar a “Secret Garden” e que tem a ver com o romantismo e as flores do verão, e estou a preparar outra sobre África com tecidos que trouxe de uma viagem e está a ser um super desafio...

As pessoas ligadas à moda têm um blogue. Também tem o seu?

Tenho o Style Issue Blog e criei-o porque é tanta a informação que me passa diariamente pelas mãos que quis partilhá-la com toda a gente como se fosse o meu diário gráfico.

Pelo meio teve um bebé que acaba de fazer três anos...

Que está em casa comigo. Apesar de ter ajudas para tomar conta dele, o Dinis está a maior parte do tempo no atelier.

Está feliz com o seu trabalho?

Estou felicíssima e completamente realizada.

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