Adelaide Nunes, 47 anos, Géraldine Ribeiro, 42 anos, e Sandrina Francisco, 36 anos, têm em comum o gosto pela moda que as levou a juntar-se num projeto acabado de nascer, que oferece, entre outros, serviços na área da consultoria de imagem, produção de moda ou workshops ao longo de todo o ano.

Menos de um mês depois da inauguração da Glove, já estavam na RTP1 a assinar uma rubrica de moda na Praça da Alegria. Apaixonadas pelo rumo que a vida lhes trilhou, fazem tudo com o entusiasmo da primeira vez. Fomos ouvir Adelaide e Géraldine.

A Glove começou a dar os primeiros passos há quanto tempo?

No ano passado mas só tomou forma este ano. Foi a moda que nos uniu. Encontrámo-nos em vários eventos de moda e fomos percebendo que tínhamos muitas coisas em comum. A Sandrina apresenta o programa Moda Portugal na RTP Internacional.

E como foi que tudo começou?

Fiz uma proposta à FashionStudio, que é agência de modelos e de produção de eventos da Sandrina, para fazer um workshop de fotografia e foi assim que começámos a partilhar o escritório.

E qual é o percurso da Adelaide?

Venho da área dos cabelos onde fui formadora da Kerastase e L’Oréal, e acabei a gerir a Kiehl’s no Chiado que também está dentro da FashionClinic Lisboa e Porto. Durante estes 15 anos achei que o meu lugar não era só nos cabelos porque também gosto muito de roupa e acessórios. Acabei por sair da empresa e fui fazer a minha formação de consultoria de imagem e ilustração de moda e foi aí que conheci a Sandrina.

A Géraldine dá aulas no IADE?

Sim, dou aulas na licenciatura de Fotografia e Cultura Visual e tenho a Agence G37 que faz produção internacional de fotografia e filme para publicidade e moda com estrangeiros que vêm fotografar a Portugal,e eu organizo toda a logística, desde a marcação dos aviões, aos hotéis, às refeições da equipa até ao casting a encontrar os locais. E também sou agente de fotógrafo, uma coisa única em Portugal.

O que faz um agente de fotógrafo?

Dou a conhecer os fotógrafos estrangeiros em Portugal, para que não sejam sempre os mesmos a trabalhar cá, assim como também divulgo os portugueses no estrangeiro.

Este seu gosto pela fotografia tem a ver com quê?

Com a minha formação, porque eu tenho um mestrado em Ciências da Comunicação e assim que terminei o curso entrei numa agência de publicidade onde trabalhei durante 15 anos em Paris com clientes da área da moda e do luxo, nomeadamente, Louis Vuiton, Dior, Celine, Lacoste. O meu trabalho era aconselhar o fotógrafo que melhor se adequava à campanha mundial do cliente e tratar da produção.

Conheceu os melhores fotógrafos do mundo?

Todos os dias durante anos e anos eu tinha reuniões com fotógrafos que vinham do mundo inteiro para me apresentar o portfólio. Graças a isso tenho uma cultura fotográfica fora do comum e fiquei completamente apaixonada pela fotografia.

Até que decidiram unir as vossas capacidades numa empresa?

A Glove é a nossa sigla comum, embora cada uma de nós continue a ter os seus trabalhos individuais. Mas sempre que uma empresa nos pede um trabalho tipo chave na mão, com maquilhagem, cabelos, styling e fotografias, aí é Glove.

Como na rubrica da RTP de mudança de visual?

Exatamente. Embora o denominador comum entre as três seja a roupa, a Sandrina é especialista em maquilhagem, a Géraldine em fotografia e a Adelaide em cabelos. As nossas especificidades são a nossa mais-valia.

Como é que surgiu a oportunidade de ter esta rubrica na televisão?

Foi na inauguração da Glove, no dia 21 de fevereiro deste ano. Uma pessoa da RTP que a Sandrina conhece do programa Moda Portugal esteve na nossa inauguração e gostou tanto do conceito que propôs o programa na RTP. Uma semana depois estávamos a ter uma reunião, e, cerca de duas semanas depois, estreámos a rubrica na Praça da Alegria.

Está a ser um sucesso?

Sim, está a ser um sucesso....

Que tipo de pessoas se inscrevem para mudar de visual?

Todo o tipo de pessoas. Mulheres sozinhas, com filhos, com netos, casadas, solteiras, com situações financeiras complicadas, outras nem tanto, umas tristes outras felizes... mulheres como nós!

O que lhes dizem estas mulheres?

Que apesar da situação do país estar muito difícil, nós mostramos que é possível andar arranjadas e com a autoestima lá sem cima sem gastar muito dinheiro. E pedem-nos encarecidamente para não perdermos o contacto com elas.

Como se definem as três?

Somos mulheres positivas, alegres, relativizamos os problemas, e, sempre que surge algum contratempo, ninguém entra em pânico e tentamos resolver tudo com calma. Temos todas entre 15 e 20 anos de experiência nas suas áreas e isso dá-nos uma enorme segurança. Também estamos muito equilibradas na nossa vida pessoal e isso reflete-se na qualidade do nosso trabalho.

E dão o exemplo: estão sempre bonitas...

A qualquer hora do dia ou da noite temos a preocupação de estar bem arranjadas. De uma forma inconsciente passamos essa imagem a todos os que estão perto de nós e por isso pedem-nos a nossa opinião para tudo.

Há quanto tempo a Géraldine está em Portugal?

Faz sete anos em maio. Vim porque queria aprender português, e, embora o meu pai seja português, falámos sempre francês em casa porque a minha mãe é francesa.

Adaptou-se bem a Lisboa?

Muito bem. Quando acabei o curso em Paris há 20 anos ninguém tinha trabalho e eu arranjei logo um. Para mim foi pior em Paris nessa altura do que agora. No entanto, acredito que não é o acaso mas a minha atitude positiva que me tem ajudado.

Deixou uma carreira sólida em Paris para começar tudo de novo em Lisboa.

Vim atrás de um sonho e consegui. Aqui senti-me imediatamente portuguesa.

A Adelaide também deixou a L’Oréal para realizar um sonho?

E também consegui. Toda a gente me chamou louca por deixar a segurança de uma multinacional, mas ganhei uma liberdade que não tinha e que eu valorizo muito.

 Texto: Palmira Correia