É uma espécie de tu não brincas mais... Não fazes parte do meu grupo, não entras no meu espaço, não me roubas os brinquedos.
O impor-se, através de uma cultura de medo, é algo já muito comum na nossa sociedade e com grandes ditadores ao longo da nossa História, que talvez não passem de personalidades extremamente egocêntricas e mimadas.
Rebaixar os outros, antes de se ser rebaixado, gozar com os outros, antes de se ser gozado, muitos são os lemas fenomenais que servem de desculpa à falta de valores. Todos nós já fomos vítimas, agressores ou espetadores, quer consciente ou inconscientemente, quer em casa ou no trabalho, ou na vida em geral, quiçá...
Aquele colega que não gosta de nós por muito que o tentemos agradar, aquele chefe que cisma em não dar um sorriso para manter uma postura autoritária. Na vida, tanto como no ensino, como na política, por vezes, a autoridade excessiva demonstra uma tremenda insegurança nas suas próprias competências.
O know how que a pessoa tem e os seus valores devem valer por si próprios, ou não? Ou não... na maioria das vezes não acontece. Levo um fatinho cinco estrelas para esconder a minha nabice acerca do assunto que vai ser abordado, atiro umas palavras pseudo-sábias de vez em quando e tento acertar no contexto.
No outro dia apercebi-me que os bullys não desaparecem, antes ganham outros contornos, assumem outras formas de outras pessoas ao longo da nossa vida. E torna-se difícil sermos assertivos o tempo todo sem sermos assertivo-agressivos.
O mais engraçado são mesmo as pessoas que nos fazem sentir mal, sem sequer nos conhecerem de lado nenhum, como se uma ascendência e paternalidade adquirissem sobre nós.
No outro dia tive que desmarcar uma consulta médica por motivos de força maior, (primeira consulta e primeira vez que desmarquei, que fique claro). E, qual não é o meu espanto, quando a senhora me disse "Vai desmarcar? Bem, a Bárbara é que sabe as suas prioridades. Ai estas pessoas, ai estas pessoas!!!" - pausa para respirar fundo... Hã? A Bárbara o quê? As pessoas o quê? Mas a senhora conhece-me de algum lado? Juro que me arrependi de ter tido o cuidado de avisar que não ia, mais valia não avisar, mas enfim... Mas esperem...perguntei à senhora por que estava a falar com essa agressividade e se tinha feito mal em avisar que não ia, ou se preferia que simplesmente não aparecesse e não desse lugar a outra marcação.
A resposta foi: "Bem, desculpe, desculpe estar a falar assim consigo, estou com muito trabalho (e tal, mil, justificações do injustificável). Não! Claro que fez bem, desculpe! Quer remarcar?" - Este então foi o ponto alto...remarcar uma consulta com essa simpatia toda? Claro que sim, minha senhora, marque-me já um pacote de consultas, mas tem que ser consigo a atender-me, para quando me sentir com tendências masoquistas e me apetecer ter alguém mal educado a falar de qualquer maneira a toda a hora! Isto para não falar da forma como já ouvi falar no mesmo sítio com pessoas idosas, com uma condescendência tão grande, como se fossem crianças que nada percebem da vida. Mais respeito por favor!
Exagerado ou não, infelizmente o atendimento ao público, e este até era um privado...deixa muito a desejar... pagar nem sempre é sinónimo de ser bem atendido e vice-versa! Tenho dito.
Faço um apelo aos Trumps que por aí andam que participem num grupo de mediação de conflitos, façam yoga, vão gritar para um descampado, façam voluntariado, qualquer coisa que os faça deixar a revolta com o mundo e "deixar os outros brincar".
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