Na semana passada, numa formação sobre comunicar com os outros, usei a expressão 'pôr-me nos pés' dos outros. Entenda-se 'os outros' como aqueles que estão à nossa frente. Com quem queremos comunicar, estabelecer uma linha recíproca. Em que fazemos circular os nossos argumentos e os outros os deles.

Um dos trainees trouxe à mesa um exemplo da sua vivência. profissional. Dizia-me: "eles (os que estariam na outra ponta da linha de comunicação) são burros!"

Quantas vezes nos referimos ao outros numa generalização destas? Quantas vezes pensamos para nós que vamos estar a pregar aos peixinhos?

Pareceu-me o momento ideal para partilhar alguns passos para nos colocarmos nos 'pés dos outros' e com isso identificar outros argumentos. Outras palavras. E com isso adequar recursos para chegar onde queremos. Sem filtros:
1. Sente-se ou coloque-se na posição que habitualmente o outro ocupa. Exatamente. 'Arrume-se' como se fosse a outra pessoa. Mexa as mãos como ela. Olhe como ela. Respire como ela. Ouça como ela. Sinta como ela.

2. Ouça o que seria o seu discurso, ou argumento, mas como se estivesse a ver uma peça de teatro, ou um filme.

3. Anote as diferenças. Atenção ao que consegue extrair destas diferenças (conseguimos, normalmente, perceber onde perdemos a atenção do outro, qual o argumento que o outro não compreende. Se olharmos com atenção, até percebemos por que razão não compreende.)

4. Com base nas diferenças, construa um novo argumentário. Pondere bem. Compare com os insights que teve no ponto anterior.

5. Repita. Até estar satisfeito.

Ajuda?

Se continuarmos a insistir em fazer o mesmo, teremos sempre os mesmos resultados, se não piores.

Ao passo que, sabendo quem temos pela frente, conseguimos provavelmente fazer diferente. Arriscamos outro caminho. E com frequência temos resultados diferentes.

No caso do trainee que via o cliente como 'burro', olhando bem para ele (mesmo que virtualmente) percebeu o que não estava a entrar. E que abordagem poderia testar para conseguir aceder à atenção e vontade de arriscar do outro.

Vamos a isto?

Cláudia Nogueira

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