Passamos inevitavelmente por três fases: uma de separação, uma de espera e uma de reorganização de nossas emoções, sentimentos e pensamentos. Na primeira fase, vivemos um processo de finalização de ciclo. É como se algo dentro de nós começasse a dizer: mãos à obra, é hora de mudar!

Muitos de nós nesses momentos demora a perceber ou aceitar esse chamado. Isso acontece quando nossa personalidade insiste em deixar as coisas como estão. Fazemos de tudo para impedir essas mudanças, vacilamos e negamos essa energia. Essa atitude provoca um aumento de excitação e de sentimentos e essa estagnada e morte gera um estado de desconforto e incômodo, que muitas vezes se transforma em dor.

Na verdade, nesse momento estamos recebendo alguns sinais nos mostrando que parte de nossas vidas se tornaram obsoletas e por isso precisamos outra vez rever alguns valores e encarar o desconhecido. É preciso lembrar que os padrões que estabelecemos não são somente intelectuais, emocionais ou psíquicos. São também musculares e posturais. Negar essa fase de preparação, ignorar a excitação que o processo de crise provoca, resulta na incapacidade ou indisponibilidade para fazer as mudanças necessárias que nos levam a uma maior maturidade e satisfação emocional.

Vale lembrar que finalizar padrões ou laços emocionais não significa necessariamente eliminá-los ou cortá-los. A segunda fase, que chamaremos de espera se segue à de separação. É uma fase de pausa, de silêncio. Não somos mais o que éramos, mas também não sabemos o que seremos. É a fase da transição e a partir dessa fase podemos começar a nos transformar. É uma fase de sonhos e sensações e muitas vezes de medos e fantasias. É como o processo de pausa entre a inspiração e a expiração. Como na gestação: um estado de recepção e concepção. Nesse momento nos sentimos sem forma, um momento onde devemos aprender a fé e a entrega. Podemos desfrutar do lugar do “simples existir”, um lugar de espera, de formação de algo que não sabemos exatamente o que é. Ou podemos também nos desesperar pelo descontrole da situação. A mensagem é a seguinte: “precisamos aprender a suportar a espera” ou: “precisamos aprender a entrega”.

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Como faço para conter essa enormidade de sentimentos, medos e incertezas? Podemos aprender nessa fase a nos conscientizar e nos libertar da condição de vitimas, de nossa impulsividade e de respostas padronizadas e testar uma nova maneira de lidar com essa pausa. Faz-se necessário o silêncio interior. Preste atenção e aprenda consigo mesmo. Esta é a fase onde você pode participar ativa e conscientemente de sua própria reestruturação: uma verdadeira estrutura, formada conscientemente de dentro para fora.

De repente, quando você menos espera, algo começa a fazer sentido, algo começa a se reorganizar. Novas possibilidades, novos sentimentos, novos sonhos. Como na argila, é o momento da remodelação. Agora você pode usar a si mesmo de uma outra forma. Você descobre um novo padrão, uma nova direção. A fase de incertezas ficou para trás. Passamos para a terceira fase: a re-forma, que teve início no caos da primeira fase. Uma nova organização em direção à vida.

Algo nos impulsiona ao crescimento, à busca de satisfação, à vida. Na fase anterior descobrimos como queremos satisfazer nossas necessidades, como gostamos de estar no mundo e é na terceira fase que estabelecemos um compromisso com essas verdades que são nossas verdades. Concretizamos em nossas maneiras de pensar, de sentir e de agir, nossa nova visão. Partes adormecidas emergem de dentro de nós em novos potenciais. Nos sentimos mais fortes e determinados, muito mais em contato com o que somos de fato.

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Todos nós passamos por essas fases diversas vezes em nossas vidas. No início ha dificuldade e hesitação, até que surge um novo caminho, um novo padrão. No entanto, para alcançar o sucesso passamos por um período de aprendizado, de maturação e com o tempo a nova habilidade é incorporada e passa a ser parte integrante de nós. Essa ultima fase requer experimentação, prática e desenvolvimento de novas formas de ser, de novos modos de usarmos a nós mesmos e de conviver. Requer consciência. Existem algumas perguntas interessantes a se fazer nessas fases:

1. Como quero ser daqui para frente e viver minha vida?
2. Que necessidades tenho e como devo satisfazê-las?
3. Como quero me colocar no mundo?
4. Quais são minhas verdades e como faço para me comprometer com elas?
5. Como me apropriar deste novo modo de estar vivo?

Como disse, todas as transições precisam de separação, espera e reorganização. Mas acima de tudo precisam de nossa determinação, coragem e confiança para atingirmos maior liberdade, individualidade e a conseqüente felicidade.

Eunice Ferrari

Eunice Ferrari

Eunice Ferrari reside em São Paulo, é psicoterapeuta, astróloga, ocultista, consultora, coordenadora de cursos e praticante de ioga e meditação. Graduada em Comunicação e Artes, é especialista em Psicoterapias Corporais Neo Reichianas pelo Ágora (Núcleo de Estudos Neo Reichianos), Brasil/Alemanha, e pela Sobab (Sociedade Brasileira de Análise Bioenergética), filiada ao International Institute of Bioenergetic Analysis, Nova York, de Alexander Lowen.
É formada ainda em Terapia Sacro Craniana e em massagem e relaxamento na metodologia de Phetö Sandor. Terapeuta Somática em formação pelo Instituto Brasileiro de Biossíntese e membro do International Institute for Biosynthesis of Zurich Switzerland.
Também é colaboradora da editora Qualidade de Vida, criadora e locutora de CDS de meditação e poder mental. Para falar com Eunice Ferrari escreva para eunice.ferrari@terra.com.br.

Site: www.euniceferrari.blogspot.com/.