“A indústria da felicidade é uma boa ideia, mas deve basear-se na ciência. É muito fácil oferecer às pessoas diversas receitas que vão resolver a sua vida. Isso é algo que já acontece há milhares de anos. Cada curandeiro, cada rabino, cada orador motivacional, cada empregado e cada taxista têm uma opinião sobre a felicidade. Agora quais são as opiniões certas e erradas? Só há uma maneira de saber: através da ciência”, começa por explicar Dan Gilbert ao jornal espanhol 'El País' após a conferência “Felicidade: o que a tua mãe não te contou”, que teve lugar em Madrid.

Autor de um best-seller, orador e psicólogo social, Gilbert também já fez diversos testes e pesquisas sobre a natureza da felicidade no seu laboratório em Harvard. Um dos seus objetivos é tentar desmistificar ideias pré concebidas sobre esta temática mostrando que ao contrário do que se pensa não é garantido que ganhar a lotaria nos irá trazer mais felicidade.

“O nosso cérebro dá-nos informações erradas sobre o quão felizes ou infelizes seremos no futuro,” refere o psicólogo durante a primeira conferência que deu no centro cultural CaixaForum em Madrid. “Se questionarmos o quão felizes seriamos caso ficássemos cegos, a maior parte das pessoas responderia que iremos ser infelizes durante muito tempo ou durante o resto da nossa vida. Mas se medirmos o nível de felicidade de pessoas invisuais, verificamos que elas são perfeitamente felizes.”

Durante a palestra “Felicidade: o que a tua mãe não te contou”, o especialista refere ainda que o facto de nos casarmos, termos filhos, um bom emprego e uma conta recheada nem sempre se traduz em mais felicidade. Segundo pesquisas efetuadas, as pessoas casadas são mais felizes do que as solteiras, mas existe uma contrapartida. O divórcio – que é encarado por muitas pessoas como algo negativo e que traz infelicidade – também é capaz de proporcionar momentos de alegria e uma vida mais feliz.

“Os seres humanos desvalorizam a sua própria resiliência: não se apercebem do quão fácil é mudar a sua visão do mundo quando algo mau acontece. Têm sempre tendência em exagerar o quão infelizes serão perante as adversidades da vida”, refere.

Então mas o que traz, efetivamente, mais felicidade? “Tentar ser mais feliz é como perder peso. Não há nenhum segredo para emagrecermos: basta comer menos e fazer exercício. Com a felicidade é o mesmo. Se todos os dias fizermos, de forma religiosa, determinadas coisas, o nosso nível de felicidade vai aumentar.”

Praticar sexo, fazer exercício físico, ouvir música e passar mais tempo com os amigos e familiares são algumas das atividades diárias que contribuem para que ande de sorriso nos lábios.

“Somos o animal mais social do planeta, por isso não deve ser surpreendente que a maior parte da nossa felicidade venha das relações sociais”, remata.