A consciência e a energia que colocamos na vida sob a forma de acção e intenção, criam, quotidianamente, a natureza da realidade que é a de cada um de nós. O materialismo científico dos últimos trezentos anos – e a física clássica de Isaac Newton – contribuiu para que as pessoas, globalmente, se desresponsabilizassem pelas suas vidas.
Divulgou-se nesses séculos a ideia de que tudo está predeterminado por um conjunto de leis rígidas e imutáveis que regem um universo mecanizado, previsível, independente de nós – os sujeitos – e fechado.
Essa visão do mundo deu origem, segundo o cientista contemporâneo Lothar Shafer, "ao realismo ingénuo do materialismo mecanicista que proclama que todos os aspectos dos seres humanos, os nossos amores e esperanças, a nossa criatividade e espiritualidade, mais não são do que meros subprodutos acidentais da matéria".
Actualmente, e desde o século XX, esta doutrina científica antiga foi absolutamente posta em causa pelas descobertas da física quântica. Assim, surgiu uma nova compreensão cientifica que defende novos aspectos – aspectos transcendentes da realidade física e da natureza humana, trazendo uma nova esperança.
Essa esperança prende-se com a existência de valores humanos mais perenes e transcendentes que não estão em conflito com a ciência, e que abrem um campo infinito de possibilidades que nos permitem expandir extraordinariamente a nossa consciência sobre nós, sobre a realidade e o nosso papel activo.
Compreender a informação
Poderá parecer difícil de entender pois, se somos nós que contribuímos, fundamentalmente, com a nossa forma de ver e de reagir à vida, para criar as condições que nos cercam, porque repetiríamos os mesmos padrões que criam circunstâncias infelizes e negativas?
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Porque é que continuamos, uma e outra vez ainda, a recriar a mesma realidade, a ter os mesmos tipos de relacionamentos e os mesmos problemas financeiros ou laborais? A ciência diz que estamos sujeitos a cerca de 400 biliões de bits de informação por segundo, mas desse imenso manancial de informação, o cérebro só consegue processar 2.000 bits!
E ainda pensamos que conhecemos a realidade, com um "filtro" tal que nos permite apenas tomar consciência de uma percentagem ínfima daquilo a que chamamos realidade! Como é que são seleccionados esses 2.000 bits de informação, que são os que ficam retidos na consciência? E como é que são escolhidos esses 2.000?
A partir das nossas crenças que são apreendidas desde o útero materno, através da nossa interacção com o meio que nos rodeia, fica retida a informação que escolhemos, de acordo com o nosso estado de espírito do momento e, sobretudo, a que mais serve a cada um de nós, de acordo com o filtro das nossas crenças.
Se fomos educados a pensar que não somos merecedores de ter um emprego que nos gratifique e que, ao mesmo tempo, nos dê um bom rendimento, porque "não se poder ter tudo" então é isso que vamos ter e viver.
Os nossos olhos são lentes que, na realidade, por si só não "vêem". O cérebro – o córtex visual, é a parte do cérebro responsável por processar o que vemos com os olhos físicos. Vamos criando a nossa realidade fazendo associações entre o que nos acontece e as memórias armazenadas no cérebro.
O que vemos "lá fora", é a nossa interpretação pessoal, de acordo com os nossos próprios critérios, de acontecimentos que identificamos por associação ao que já conhecemos e que estão armazenados no nosso banco de memória. Então, literalmente escolhemos ver o que vemos, de acordo com as verdades, crenças, ideias que já existem na nossa "base de dados de informação, que vai sendo carregada de informação desde o ventre materno.
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Escolha condicionada
Os 2.000 bits de informação que vemos, daquilo a que chamamos a realidade, correspondem apenas ao que acreditamos que é possível, de acordo com toda a informação previamente integrada nos nossos bancos de memória.
Criamos a realidade a todo o instante, a partir do que escolhemos fazer com os 2.000 bits de informação que escolhemos do imenso manancial de informação que existe "lá fora", associando essa informação com as memórias que já temos.
Interpretamos o que vemos, fazendo uma associação com ideias, conceitos e preconceitos já existentes na nossa memória. É como se estivéssemos sempre a reeditar um velho filme; é por isto que costumamos ter sempre as mesmas reacções a circunstâncias idênticas; porque continuamos repetidamente a fazer a mesma leitura dos outros e da vida.
Mesmo que tenhamos outras informações disponíveis, novas e frescas, enquanto não tornarmos mais positivas as crenças que pintam a nossa paisagem interna, teremos sempre o mesmo cenário à nossa espera "cá fora". Um cenário, afinal, construído por nós, pois se acredito que sou eficiente, criativo e bem sucedido, vou escolher, dos 400 biliões de bits de informação, os 2.000 bits que encaixam nessas crenças e que afinal, só as vão reforçar.
É como se a nossa realidade fosse um grande menu com infinitas possibilidades e nós fossemos escolher os pratos de acordo com os gostos pessoais: se eu gosto e me identifico com uma vida tranquila, de relações gratificantes, nunca irei escolher no menu da vida, relacionamentos abusivos ou agressivos.
Mas se eu estiver habituado, desde a infância, a não ter grande escolha, a ser preterido por não ser suficientemente bom, eu vou sentir-me impotente e medíocre. E assim vamos construindo a nossa vida de acordo com os valores e as crenças que vão sendo cada vez mais reforçados com os nossos comportamentos.
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O poder do pensamento
A Física Quântica afirma hoje que não existe isso de "lá fora", pois aquilo que é observado, a "realidade", depende das crenças e preconceitos de quem observa. As expectativas do cientista quando no seu trabalho observa a realidade subatómica, influenciam essa mesma realidade que ele estuda.
De acordo com Wheeler: "Experiências revelam que as "coisas" observadas alteram os seus comportamentos quando o que sabemos acerca delas se altera. Assim, os sistemas quânticos podem reagir à informação, como se aquilo que alguém pensa acerca deles pudesse afectá-los. A informação pode não ser apenas o que aprendemos acerca do mundo. A informação pode ser o que faz o mundo!
O Dr. John Demartini aplica estes postulados e teorias da física quântica à psicologia humana: se a realidade de que somos feitos, ao nível mais ínfimo, reage às nossas expectativas e pensamentos, então todos nós devemos reagir (de uma forma quântica e não consciente) aos pensamentos que temos uns dos outros!
Isto pode ser uma verdadeira revolução nos relacionamentos humanos, a ideia de que os nossos pensamentos afinal, a um nível muito profundo, não são inócuos nem privados, porque os outros reagem a eles e vice-versa. Que faria se os seus pensamentos fossem todos escritos num grande ecrã, à medida em que os pensava?
Como transformaria a sua relação com o seu marido, mulher, filhos, se soubesse que eles tinham acesso ao que pensa sobre eles? É importante meditarmos sobre o poder transformador, criativo e para muitos de nós desconhecido, das ideias e dos pensamentos, para podermos recriar com consciência, uma vida mais gratificante e plena.
Ainda segundo o Professor de Física Quântica Lothar Shafer, "no fundamento da realidade física, a natureza das coisas revela-se como não material. Ao nível das partículas elementares (mais ínfimas) estados com aparência de ideias adquirem aparência material." Dito de outra maneira, as ideias transformam-se em matéria!
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Escolher a nossa realidade
O mundo tem várias realidades em potencial até nós escolhermos a que queremos, ou seja, a que melhor encaixa com aquilo em que acreditamos, que assim se transforma em "nós". Ao sabermos disto, podemos começar a mudar a forma como pensamos, agimos e vivemos; afinal, tudo o que nos cerca e pensamos que é sólido não passa de possíveis movimentos da consciência, que nós escolhemos de acordo com o que nos faz mais sentido (mesmo que essas escolhas não sejam o melhor para nós).
O mundo não existe independente da nossa experiência, mas a realidade em que vivemos é apenas uma possibilidade entre inúmeras outras, e não existe fora da nossa observação e vontade. Eisenberg, um eminente físico, afirmou que os átomos não eram objectos mas tendências!
É fundamental que integremos este conhecimento absolutamente extraordinário nas nossas vidas quotidianas e aprendamos a viver de uma outra forma, a pensar a realidade não como um conjunto de objectos, mas como um campo infindo de possibilidades onde podemos fazer, a cada instante, uma nova escolha que nos traga no futuro mais auto-realização e harmonia!
Cultivar a criatividade
Temos o poder de fazer escolhas; escolhas conscientes e dirigidas ao nosso bem-estar, prosperidade e harmonia. Fomos feitos para sermos criativos por que quando fazemos uso dos nossos dons e talentos e aprendemos a ser cada vez mais nós próprios em qualquer circunstância – na nossa profissão, a pintar um quadro, a preparar uma refeição, a apresentar uma proposta, a cuidar dos nossos filhos - é a vida em nós a desfrutar da sua essência em manifestação: a pura criação.
É por isto que, se cortarmos o fluxo criativo, cortamos esse desfrute da vida. Quando estamos aquém do nosso potencial – de amar, ser amados, de termos boas oportunidades na vida, de termos amigos interessantes, de aprendermos com pessoas inspiradas, de inspirarmos os outros com o nosso talento – limitamos simultaneamente a potência criativa em nós.
Por isso, desfrutarmos dos dons da vida é, simultaneamente, como uma recompensa por termos aceite ser agentes da criatividade inerente à natureza e ao universo. Temos o poder de nos realizarmos construindo diariamente uma realidade cada vez mais condigna com o estatuto e os dons da pessoa humana, rumo à excelência da vida!
Fotografia: © ktsdesign - Fotolia.com
Agradecimentos: Vera Faria Leal, formadora, professora do Método Louise Hay
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